Toxic 》 malik

32 | Estás tão molhada...

　▕　 B l a i r▕

　Mudo uma vez mais de posição e deixo um suspiro escapar por entre os meus lábios rosados. Já estou cansada de interromper a minha leitura por causa do desconforto e da inquietação. Ajeito melhor a almofada que me acomodava no fundo das costas e resmungo baixinho por o meu rabo já me começar a doer. É mais o tempo que perco a tentar ficar confortável do que o tempo que leio.

　Acabo por resolver deitar-me de barriga para baixo, já cansada de procurar a melhor posição para estar. As frequências estão prestes a começar e eu não faço a mínima ideia do que estou a dar nas diferentes cadeiras da universidade. Biologia é sem dúvida a pior de todas visto que andei a entrar e a sair da disciplina e, infelizmente é já no final desta semana. Posso afirmar que as explicações que eu sugeri a Zayn para me dar nem sequer chegaram a começar visto que ele é um pervertido. Eu ainda tentei negar e dizer que queria estudar mas ele não me deixou.

　Quem é que eu quero enganar? Fui eu que causei o distúrbio.

　O meu olhar quer-se fechar e pareço não estar atenta ao que o livro me tenta transmitir. Samantha, que estudava sossegada na sua secretária, vira-se para trás tentando entender o motivo de tanta inquietação provinda de mim.

　"O que se passa?" Ela questiona.

　"Nada, estou apenas a tentar encontrar uma posição agradável para ler."

　"De certeza que está tudo bem? Tens estado muito calada para o que é normal..."

　O jantar com Zayn mexera realmente com os meus sentimentos e fez-me sentir mais segura relativamente ao nosso relacionamento. Eu ainda insistira em pagar o jantar mas este recusou a minha atenciosa e, devo salientar, única oferta argumentando que havia sido ele a convidar. Não podia fazer nada para além de assentir, visto que contrariar o moreno teimoso está fora de questão. É totalmente proibido.

　Zayn levara-me, depois da refeição, a passear pelas ruas geladas da cidade. Fora mais uma vez estranho passear com ele de mãos dadas mas a sensação de mostrar às pessoas que ele é meu é gratificante, satisfatória. A forma como ele acariciava a minha pele e me deixava tão à vontade fazia-me esquecer da posição que nós dois tínhamos perante a sociedade: a de aluna e a de professor.

　Contudo, nem sempre este desenho que eu tento esboçar é tão bom quanto dá a entender que é. Ontem, quando fora comprar um chocolate ao bar, ouvira três raparigas comentarem Zayn. A referência do seu nome fora o que me chamara a atenção na altura e o que me deixara intrigada na conversa. As três raparigas, segundo me recordo gabavam-se com um sorriso deslumbrante e orgulhoso do quão bom fora a sua aula que ambas tiveram com ele e das inúmeras vezes que ele as olhara diretamente nos olhos. Honestamente, no meio de todas as revelações que eu ouvi, dispensava ter conhecimento do facto de ele já ter dado prazer a uma delas, ainda que não tivesse assumido diretamente.

　Quando ouvira tal desvendamento, o meu coração parecia ter deixado de bater e, ainda que não esteja completamente dotada de certeza, posso afirmar que o meu rosto ganhara um pouco mais de cor na altura devido à raiva estava a sentir. Nesse exato momento questionei-me a mim mesma há quanto tempo é que ele parara de ser íntimo com as alunas e questionei-me ainda se desde sempre eu fora a única, se desde sempre eu fora a que ele realmente quis, como já antes Zayn me constatara.

　"Eu estou bem." Digo à loira e levanto-me da cama, que se encontrava completamente desfeita devido às inúmeras vezes que eu me mexera. Samantha, que nunca chegara a tirar os olhos de mim, sorri esperando que eu lhe retribuísse o gesto. Eu não o faço. Simplesmente pouso o livro na mesinha de cabeceira e dirijo-me à estante posicionada a um canto do dormitório ainda deliberando que disciplina iria estudar.