52 | Eu vou matá-lo.

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B l a i r

Sinto-me mais concretizada, uma vez que visto o meu quente e macio roupão. A casa aqui, no andar de cima, estava um sossego, nem sequer dando para distinguir este dia de um comum. A minha avó e o meu avô paternos estavam cá em casa, assim como a minha tia de manias e fala esquisita. Raio da mulher que teve de aceitar o convite do meu pai, eu resmungo em pensamentos devido a já estar farta de a ouvir desde que cá chegara.

Quando era criança, o Natal era festejado com muita mais alegria, com uma alma viva de esperança. Recordo-me de ter todos os olhares dos meus familiares colocados em mim na altura do desembrulhar dos papéis coloridos e de bonitos laços de embrulho. A minha família vivia esta época com grande animação mas isto apenas até à separação dos meus pais. Depois disso, fora obrigada a optar com quem queria passar este feriado colocando-me numa posição muito pouco favorável, logo aos meus sete anos de idade; eu tinha que escolher entre o meu pai e a minha mãe.

Atualmente, os meus dezanove anos não me permitem que eu veja este dia como algo divertido e feliz não me trazendo, por isso, nada além de um grande peso e de uma grande desanimação.

Desço as escadas com alguma cautela, para quase não cair como aconteceu há pouco, e abro a porta da cozinha tendo, logo de seguida, a visão da minha família que convivia de forma entusiasmada. O meu pai sorri-me abertamente e não sou capaz de passar o gesto em falso, tendo de lhe retribuir. Era visível o contentamento que ele tinha em puder observar a sua família toda reunida, visto que já não estava com eles há muito tempo.

"Não precisamos de ficar aqui na cozinha para sempre, quer dizer, onde já se viu passar o Natal neste espaço." O meu pai comenta divertido, gesticulando com as mãos como suporte do seu bom humor. "Vá, vamos para a sala."

O meu pai ajuda o meu avô a levantar-se, visto que a idade a dificultava em certos movimentos, e encaminhamo-nos todos para a sala. Após me acomodar no sofá individual, ligo a televisão para procurar um canal que estivesse a passar um bom filme. Desligo logo do que se passava atrás de mim, mal a minha tia começa a comentar a sala de estar, colocando defeito e criticas em tudo o que era mobília. Decerto que o meu pai deve estar incomodado com a sua irmã e muito provavelmente ainda não disse nada por respeito aos meus avós.

Enfim, não se escolhe a família, infelizmente,

Debaixo da árvore enfeitada consigo reparar na prenda que Zayn me mandara por correio. Ele, ainda quando estávamos na universidade, perguntara-me onde é que eu iria passar o dia festivo e, logo após isso, perguntara-me a morada desta casa. Claro que o fizera de forma tão natural que eu nunca desconfiara que fosse para me mandar a prenda de Natal tanto que, se eu tivesse desconfiado, ter-lhe-ia logo perguntado a morada de sua casa. Como não o fizera, na altura, terei que aguardar até estar com ele para lhe dar a minha surpresa.

Quisera dar-lhe algo além de um perfume, por isso, fora a um fotógrafo longe da universidade para que ele imprimisse algumas das nossas fotografias mais estúpidas que tinha guardadas no meu telemóvel. Aproveitara o facto de lá estar e pedira ao senhor para imprimir também para mim, visto que era algo que tinha já em mente fazer há muito tempo. Hoje ainda quase não tivera a oportunidade de falar com ele pois, segundo o que me dissera, a sua família é muito grande tendo de, por isso, ajudar a sua mãe a organizar a casa para receberem as visitas. Não obstante, queria que ele tivesse um tempinho para responder à mensagem de Feliz Natal que lhe mandara.

- Oh, querida, como foi este primeiro tempo na universidade? - A minha avó paterna pergunta, deixando consequentemente a minha tia com o olhar penetrado em nós, pronta a se intrometer.

- Foi bom. Conheci muitas pessoas, dei-me bem com todos, no geral, e consegui passar a Biologia.

- Só a uma disciplina? - O previsto acontecesse, dando voz à pessoa irritante e maneirenta que já me começava a por os cabelos em pé. - Devias tirar muito melhor, quer dizer, é a universidade da tua mãe.

Toxic 》 malikTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang