46 | É apenas um amigo com benefícios.

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B l a i r

Abro a porta do meu quarto e entro disparada no mesmo atirando-me livremente para a minha pequena, mas confortável, cama. O meu coração havia rebentado de tanto bater visto que uma professora quase me apanhara à saída do quarto de Zayn, ainda há poucos minutos atrás. As minhas pernas tremiam devido ao nervosismo a adrenalina percorria pelas minhas veias à velocidade da luz. A minha sorte é que a maior parte dos docentes desta universidade, contratados pela minha mãe, são tudo menos jovens. Concluindo, as péssimas articulações e a falta de visão da senhora de cabelos mais brancos que o meu tapete foram o que me valeram ou, caso contrário, a esta hora estava eu e o monstro às portas do inferno.

Um grande ruido, provindo da cama a meu lado, faz-se soar pela divisão, assemelhando-se a algo pesado a colidir com o chão. Rapidamente, levanto a minha cabeça da pálida e volumosa almofada, obviamente sobressaltada com o barulho inesperado. Samantha, unicamente de roupa interior, arregala os seus olhos para mim aparentando-me estupefacta por me ver. Sorrio ao, após um segundos provocados pela minha lentidão cerebral, compreender o momento que acabara de interromper. Como boa amiga que sou, tento emendar a circunstância com algumas das minhas infindas palavras sábias,

"Oh, entendi. Vocês estavam... Oh, entendi. Olá, Louis!" Eu digo, desajeitadamente, querendo levar a palma da mão contra a minha cara. Se eu estivesse quieta no meu sítio, ou se eu fosse uma rapariga calada, não estava sujeita a momentos incómodos como estes.

"Olá, Blair." Louis cumprimenta-me ainda escondido atrás da cama. Mordo o lábio para não mudar a minha postura séria e fico surpreendida ao ver a loira, habitualmente extrovertida, revelar-se tão inibida.

"Estejam à vontade..." Eu comento para Samantha, meio na brincadeira, após ver a sua faceta tímida ser, pela primeira vez, revelada.

"Blair, nós não estávamos a fazer nada..."

"Não, claro que não." Eu digo, na tentativa de não ser muito malévola nas minhas palavras. Esforçava-me ao máximo para não dar uso ao meu sarcasmo fluente mas a comédia da circunstância não permitia que isso acontecesse. Forço um pequeno sorriso para que não me desfizesse em gargalhadas e volto a colocar a minha mala negra e de couro ao ombro. "Qualquer coisa que precisem, tenho na minha bolsinha da higiene."

"Blair!" Samantha reclama o meu abuso e à-vontade demonstrando, novamente, a sua vergonha.

A rapariga de fios de ouro leva as palmas das mãos até às suas bochechas para tentar disfarçar a cor de havia ganho com a sua situação. Sei que ela não gosta muito de admitir, ou de demonstrar, os seus sentimentos publicamente e compreendi que o que estava a fazer era errado. Contudo nada podia eu fazer para que pudesse alterar o meu lapso. Talvez tenha acabado de estragar um dos momentos mais marcantes da vida de Samantha e, tudo isto, devido ao facto de eu não ter dois palmos de testa e não ter respeitado a sua privacidade.

Após ajeitar o meu cabelo negro, que já me implorava a passagem de uma escova, preparo-me para sair do meu dormitório.

"Desculpem, agora a sério. Eu não queria mesmo interromper, nem sabia que estavam aqui." Eu digo num tom sério e mordo o lábio recordando a situação anterior.

"Não tem mal, Blair." Samantha murmura desta vez com alguma preocupação na vez. "Está tudo bem?"

"Eu depois explico-te, Sam. Até logo e desculpem, uma vez mais, ter-vos interrompido."

Fecho a porta que dava acesso à divisão antes que alguma resposta, da parte deles, pudesse soar. Demoro algum tempo a ver as horas no meu relógio de pulso mas, após a concretização da ação, penso para onde é que posso ir a estas horas.

Toxic 》 malikWhere stories live. Discover now