39 | Miss Jones ou Mr. Malik?

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B l a i r

Estudar podia ser para toda a gente menos para mim. Admito já ter feito tudo, desde vaguear pelo meu quarto até ficar a admirar a janela, do qual não era possível observar nada de especial. Já havia feito tudo menos prestar atenção e conseguir concentrar-me nos livros de Biologia. Raiva e desespero são os únicos sentimentos que consigo sentir dentro de mim. Estava desesperada devido ao reduzido prazo que tinha para decorar toda esta quantidade de estupidez e estava com raiva porque até a minha própria borracha, que aproposito já está toda rabiscada, conseguia ser mais interessante.

"Blair, tens ali os meus resumos, caso necessites." Samantha diz após sair da casa de banho. O seu corpo estava tapado por uma toalha branca enquanto o seu cabelo loiro aparentava estar mais escuro do que o habitual, devido ao banho que acabara de tomar.

"Obrigada." Eu digo deixando a cabeça cair contra a mesa. Claro que não correra como eu desejava, pois batera com ela demasiado de força. Contudo, esperei os aplausos para o meu dramatismo, ou seja, as gargalhadas para a minha estupidez.

"Também tens naquela capa verde o enunciado da frequência." Ela diz enquanto ajeitava a sua toalha na zona do peito.

Assinto com a cabeça e observo-a ir de encontro à estante para a ir buscar o enormíssimo dossier onde, supostamente, guardava a folha com as questões que lhe saíram na frequência. Após Samantha mo dar para a mão, dirige-se até ao seu guarda-fatos, onde fica por um tempo a deliberar o que havia de vestir. Desvio a minha atenção dela e começo a procurar na capa onde se encontrava a folha arquivada.

Assim que ouço a porta da casa de banho fechar-se atrás de mim, novamente, compreendo que Samantha regressara à casa de banho, deixando-me novamente entregue ao tédio. A rapariga loira parecia estar a cantar algo aleatório enquanto se vestia e se aprontava. Sorrio pois a minha colega de quarto tem uma voz bastante doce e afinada.

Reviro os olhos ao encarar as inúmeras páginas de matéria imprimida que eu tinha espalhadas em cima da mesa e acabo por as aglomerar tudo num pequeno monte. O dia estava bom e não tenho qualquer intenção de continuar a desperdiçá-lo. Já passara mais de duas horas aqui e, ainda que tenha estado a fazer nada, tenho que sair. À resma de folhas adicionei o enunciado que a Samantha me aconselhou a elaborar para uma melhor preparação da frequência.

Vou ao meu armário buscar um casaco, caso o sol fosse apenas uma ilusão, e despeço-me da minha colega de quarto sem invadir a sua privacidade. Coloco o meu olhar no telemóvel e, com as folhas seguras debaixo do meu braço direito, dirijo-me até à saída do dormitório B.

Numa confusão criado por mim, tento conciliar não espalhar as folhas por entre o corredor escuro e colocar os fones do meu telemóvel para não ficar tão sozinha durante esta breve saída. Poderia ter mandado mensagem a alguém daqui da universidade para vir sair comigo mas não queria incomodar ninguém. E, além disso, apercebera-me de que este afastamento tivera consequências, como o facto de ter perdido alguma da confiança que as pessoas que eu conhecera recentemente depositaram em mim.

Assim que saio para o exterior, reparo que o tempo estava, felizmente, como eu imaginava. O ambiente estava quente ainda que corresse uma aragem mais fresca. O casaco fora, sem dúvida, uma opção acertada.

Continuo a caminhar, desta vez na companhia da batida calma da minha banda preferida enquanto pensava num sítio para puder estar sossegada. Outros estudantes caminhavam em sentido contrário ao meu com algumas conversas interessantes e cheias de gargalhadas. Por não conhecer a maior parte deles, ou então para não ter que os cumprimentar e estragar o meu momento nostálgico, coloco o meu olhar no chão.

Toxic 》 malikDove le storie prendono vita. Scoprilo ora