capítulo 17: sucumbindo

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Caramba!

Desperto do meu torpor, e me aproximo da confusão, batendo nas costas de Brandon.

O pior é que ninguém ao redor parece disposto a ajudar e ainda tenho o vislumbre de uma Pamela chocada ali perto antes de tentar chamar a atenção de certa pessoa.

— Pare com isso! Solte-o.

A música continua tocando e muitos ainda estão envolvidos em seus próprios mundinhos para se importarem se alguém está sendo covardemente machucado.

Para minha surpresa, Brandon faz o que pedi, mas segura o colarinho da camisa do garoto machucado - porém consciente. Um rápido olhar para ele me faz ver que não é integrante do time, então provavelmente é um dos convidados de fora.

— Fica longe dela, entendeu? Ou quer que eu repita? — o outro diz entre dentes.

O cara amplia os olhos, assentindo rapidamente. Coitado. — Entendi.

— Some da minha vista, seu merdinha! — cospe Brandon, ficando de pé logo depois.

O que há de errado com ele?

Ele sorri sarcasticamente quando o cara praticamente sai aos tropeços e some entre a multidão.

Eu o espero se virar para mim para poder falar.

— Que merda foi essa que você acabou de fazer, Brandon? Por que surtou e bateu no garoto, seu idiota? — disparo.

Minha consciência não está completamente tomada pelo álcool, afinal ainda tenho ideia do que acabou de acontecer. Por que Brandon agiu daquele jeito?

Só tem uma explicação: ele é louco!

— Vem cá, Hernandez. — para meu profundo espanto, ele agarra meu pulso e sai me puxando com ele.

— Me solta! — olho para trás a ponto de ver minhas amigas distraídas demais para perceberem o que está acontecendo. Zara está rindo com um cara qualquer, aparentemente bêbada, enquanto Rachel beija outro.

Droga!

Claro que elas não virão me ajudar.

Perdi a chance de escapar, afinal eu e Brandon já estamos enfiados na multidão, seguindo sei lá para onde.

Quando ficamos meio distantes do barulho, percebo que Brandon me levou para a área onde ficam os quartos.

Diferente do resort onde estamos hospedados, essa área aqui é meio sombria com neon por toda parte. Sensual demais. A decoração não é muito diferente da área onde fica a pista de dança.

— O que está fazendo? — questiono alarmada quando Brandon me imprensa contra a parede lisa.

Estremeço com nossa proximidade.

Encaro seu rosto finalmente, surpreendida com a ira presente em seus olhos.

— Qual foi sua pergunta depois que bati naquele filho da puta?

Estremeço com suas palavras, mas mantenho o olhar firme.

— Por que você o espancou? Enlouqueceu?

— Quer mesmo saber o motivo? Está preparada? — amplio os olhos quando ele fala isso bem perto do meu ouvido. Ignoro o calafrio que me percorre e fecho os olhos. Sua voz desperta algo em mim que não estou pronta pra nomear.

Talvez esse momento surreal não passe de uma ilusão causada pelo álcool em meu organismo.

Por que, de repente, tudo está ficando tão... intenso?

— Quero a resposta. — sussurro de olhos fechados.

— Bati nele porque o idiota cruzou uma linha que apenas eu posso cruzar. — abro meus olhos finalmente, impactada com a emoção contida em seus olhos. Ele parece quase torturado. Tento lembrar que esse é o mesmo Brandon babaca que não perde a chance de ser um mau exemplo de pessoa. — Você me entende, Jéssica?

— Não. — murmuro baixinho.

Ele espalma a parede acima da minha cabeça, inclinando-se um pouco.

— Não entendeu? — puxa-me pela cintura para mais perto dele. Prendo a respiração com sua pegada. — A resposta é: Porque-você-é- minha. — fala pausadamente. — E só eu posso te tocar, Jéssica.

— E se eu não quiser que você me toque? — falo em um fio de voz.

— Nesse caso, eu vou ter que recuar. — afirma com um suspiro. — Mas sei que no fundo você fica molhadinha quando estou tão perto assim de você. Estou errado?

Meu rosto esquenta.

— Você está sendo um idiota prepotente. E um... pervertido.

— Mesmo? Você não gosta quando falo sacanagem com você, Jessie?

— Eu... — encaro seus lábios quando ele os lambe, e seus olhos por sua vez encaram os meus. Eu os lambo involuntariamente, e isso é sua deixa para tocá-los com o polegar. Não é um toque rude, muito pelo contrário. É suave... e tentador. — Eu não... sei.

Eu devia ficar de boca fechada, mas por que estou assim? Por que estou desejando algo que não deveria ter.

Droga!

— Você é tão linda, Jéssica. — confessa.

Toco seu dedo que está em meus lábios, e ele entrelaça nossas mãos.

— Você não deveria fazer isso. — murmuro frustrada com a série de reações que estão me inundando.

— Você pode parar isso. Pode me dizer para ficar longe e eu vou... obedecer. — algo me diz que custou muito para ele dizer a última palavra. — Apenas diga.

Droga, não posso está cogitando ter algo a mais com ele. Merda de álcool! Merda de hormônios!

— Eu te odeio. — murmuro quase sem fôlego, sentindo meu corpo esquentar de maneira anormal. Sua outra mão aperta minha cintura e nossos rostos ficam perigosamente perto. — Eu te odeio principalmente porque estou sentindo isso... Esse calor.

E acho que minha boca fica grande demais quando bebo.

Seu olhar escure ainda mais. Por que ele tem que ser tão lindo?

— Calor? Onde? — sua mão desce pela minha cintura. — Quer me mostrar?

— Você não merece.

— Sei disso. — suspira ainda olhando para os meus lábios. — Mas quero muito. — ele se abaixa um pouco e sua boca fica a apenas um suspiro da minha. — Eu desejo isso mais do que tudo... minha Jéssica.

Minha Jéssica.

— Eu... — encaro os seus lábios e um fleche passa pela minha cabeça.

Acabo me lembrando da primeira vez que nos vimos. Quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez naquele refeitório. Quando tudo mudou. E em meio a tudo isso, eu sei que vou me arrepender das palavras seguintes:

— Quero você.

Brandon não hesita ou simplesmente decide rir da minha cara.

Ele simplesmente...

Ele apenas me puxa para mais perto violentamente e sua boca esmaga a minha como se ele estivesse faminto.

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