capítulo 19: palavras surpreendentes

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Interior do ônibus.

É onde estamos agora.

A viagem para casa está prestes a acontecer e meus pensamentos ainda estão confusos após os acontecimentos recentes.

Lanço um olhar para entrada do veículo quando Brandon Scott passa por ela, seguido por seus amigos. Estão rindo de algo e conversando ruidosamente. Detecto futebol em suas palavras e desvio o olhar de forma imediata, sentindo uma cambalhota no estômago.

Aperto minhas mãos uma contra a outra e solto um suspiro quase inaudível antes de relaxar contra a poltrona.

Ele provavelmente nem se lembra do que fez.

Ainda é estranho pensar no que aconteceu noite passada e todo o processo de horas atrás, quando tive que sair sorrateiramente do quarto onde transei com Brandon. Ele estava mergulhado em um sono profundo, e relutantemente me afastei de seus braços e respirei o ar lá fora.

É meio inacreditável lembrar que realmente passamos uma noite juntos, após compartilharmos um momento pra lá de íntimo. Não vou ser hipócrita e dizer que odiei. Senti tudo, menos asco do momento. E com o coração apertado tive que fugir daquele quarto, ou nem sei como agiria. Eu tive que recordar que Brandon me magoou muito no passado e que poderia muito bem me humilhar assim que me notasse ao seu lado na cama. Fugir tem suas vantagens, afinal.

Viro meu rosto assim que percebo que alguém se senta ao meu lado.

Nem tento esconder meu semblante espantado quando meus olhos encontram o porte atlético e arrogante tão conhecido.

— O q-que está fazendo? – balbucio em choque.

Por que ele não procurou um lugar próximo dos seus amigos ou de Pamela? Droga, eles nem são mais namorados, mas ele poderia sentar perto dela ao invés de se acomodar no assento próximo ao meu. Estamos tão próximos...

— Sentando aqui. Esse lugar é confortável. — diz calmamente, esboçando um breve sorriso.

Juro que tento não me distrai pela beleza e surpresa do momento, esforçando-me para lembrar que Brandon continua sendo um idiota cruel.

— Eu... — respiro fundo, encarando minhas mãos. — Pode sentar aí. Não me importo.

— Valeu. — coloca as mãos contra a nuca, ainda com o olhar em minha direção. Seu olhar é tão intenso que me causa um frio na espinha. Não um frio ruim, mas algo definitivamente próximo de algo que estou com vergonha de explorar.

Desej... não, não. Tenho que parar de pensar nisso!

— Hm, por que está me olhando assim? — gaguejo, corando muito.

Droga!

— Gosto de observar coisas bonitas. E você é uma. – murmura sério. — Curti a nossa noite. — confessa de repente, fazendo-me arregalar os olhos com a percepção de que ele não esqueceu.

— Pare com isso! Podem ouvir. — sussurro meio assustada.

Ele está louco? E veja, já sou capaz de identificar uma série de olhares espantados em nós, afinal Brandon Scott está sentado perto de mim e isso, por si só, já é motivo de apreensão. Pamela, que tem uma visão muito boa de nós por estar do outro lado do corredor, olha fixamente em nossa direção como se pudesse nos atingir com raios.

— Que ouçam! Não me importo. Aliás, eu gostei muito.

— Você já disse isso. — resmungo, constrangida.

— Só uma pergunta, você se lembra de todos os detalhes? — ele se inclina o suficiente para que sua boca fique perigosamente perto do meu ouvido.

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