capítulo 1: de volta à escola

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Quando Brandon Scott decidiu me odiar, eu ainda estava comemorando a chance de ter ganhado uma das bolsas de estudo mais concorridas de Williamsburg.

Eu havia estudado muito para os exames e meu primeiro passo para o ensino médio me fez sentir invencível, pelo menos até ele aparecer com um sorriso cruel dançando nos lábios e me empurrar para o anonimato social.

Teoricamente, me encontrei no topo da satisfação interna e logo depois estava caindo de um penhasco. Muitas vezes senti vontade de sumir, até que percebi que ele iria me encontrar de qualquer maneira. Brandon é um atleta. Joga no time de futebol da escola e se acha o máximo. 

Com o cabelo loiro-escuro e um maxilar irresistível, ele está no último ano do ensino médio e tem o poder de atrair olhares por onde passa. Ele é o cara que conquista as pessoas como abelha para o mel. É uma pena que não possamos cruzar o mesmo território. O motivo? Eu também queria saber.

Meu celular vibra na mesa de cabeceira e preguiçosamente estico o braço para pegá-lo.

Uma mensagem recente de Nathaly West brilha na tela.

Você vem para a escola?

– Sim. – digito rapidamente.

Que bom. Estou esperando.

– Até às oito.

Com um suspiro baixo, ponho os pés descalços no carpete frio, afastando-me do colchão fofo e dos travesseiros macios.

Sigo direto para o banheiro do outro lado do corredor; os passos compatíveis com os de uma tartaruga. E conforme a água do chuveiro cai sobre meu corpo nu e arrepiado, cogito os motivos para não querer sair de casa:

1. Provável encontro com o Scott;

2. Possível humilhação pública devido ao motivo de cima;

3. Isolamento social, porque mais da metade da escola não gosta de mim, por serem amigos de Brandon ou porque tem medo dele.

De volta ao quarto, penduro a toalha branca ao lado da cama, procurando o uniforme que havia deixado de lado, de forma decepcionante, em um canto do armário. Resume-se a uma saia xadrez abaixo dos joelhos e a típica blusa de botões com mangas compridas.

Pamela Johnson ficaria horrorizada com a forma como o uniforme se assemelha a um saco de batatas no meu corpo e não perderia tempo antes de me humilhar com sua língua afiada. Ela é ótima nisso, realmente, e o bullying não é nenhuma novidade para mim.

Espero que Pamela e Brandon esqueçam que eu existo pelo resto do ano letivo, pelo menos até que sejam despachados para a universidade no próximo ano.

Eu me aproximo automaticamente do espelho anexado à parede lisa e branca, deparando-me com o meu estado atual: cabelos escuros desalinhados e um rosto tímido sem nenhum resquício de maquiagem. Não estou tão em forma assim e nem sou do tipo que faz dietas estranhas para manter um corpo perfeito. Na verdade, adoro comer, mas tenho um tempinho para correr nas manhãs de sábado.

Cubro minhas poucas olheiras com corretivo e coloco meu polegar sobre a bochecha arredondada e corada antes de decidir amarrar meu cabelo em um rabo de cavalo desajeitado.

— Está tudo bem aqui? — questiona minha mãe de braços cruzados, apoiada no umbral da porta.

— Sim, tudo bem. Estou apenas ansiosa. Primeiro dia de aula, você sabe. — dou de ombros, colocando as meias escuras e sapatilhas da mesma cor.

Mantenha Distância Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz