Como viajamos durante o final da tarde, não demora muito para escurecer. A luz do sol se vai e para mim o sono finalmente chega. Durmo bem, e nem mesmo a enxaqueca proveniente da ressaca consegue barrar esse estado.
Antes de mergulhar no mundo dos sonhos, consigo ouvir a respiração suave ao meu lado e detecto que Brandon está dormindo.
Nem sei quando horas se passam antes de eu despertar.
Demoro um pouco para me mover e só então me dou conta de algumas coisas.
Ombro másculo e que parece tão macio.
Um cheiro de colônia masculina.
O contato da minha bochecha contra um tecido que definitivamente não é o da minha roupa.
Amplio os olhos, e então percebo que estive esse tempo todo deitada no ombro de Brandon.
Como sou ridícula!
Ele solta uma risadinha quando boceja e isso me diz que percebeu o que fiz.
— Você estava tão relaxada que eu não quis te acordar. Tão linda. — ele toca minha bochecha antes de fechar a cara e se afastar rapidamente.
É impressão minha ou Brandon está corando? É óbvio que ele não quis dizer aquilo.
— Eu... foi sem querer.
— Ok, mas não precisa se incomodar. — olha em meus olhos. — Aliás, você ronca.
— Idiota. — esmurro seu ombro e ele cai na risada.
— Estou brincando. Você até que é fofa dormindo. — seu gesto é tão meigo e contagiante, que não consigo conter meu próprio sorriso estúpido.
E então me dou conta da estranheza da situação e meu sorriso some com a mesma rapidez com que apareceu.
Brandon para de sorrir depois de mim e pigarreia.
— Isso ainda parece meio estranho, mas vai deixar de ser em breve. — sussurra seriamente, antes de se distrair com seu celular.
Como o ônibus está quase que totalmente tomado pela escuridão, observo o rosto de Brandon banhando pela luz do aparelho. Ele é tão bonito. Pena que um rosto tão belo ainda é motivo da maioria das minhas dúvidas.
***
Dois dias depois...
— Você parece ansiosa para alguma coisa. — minha mãe comenta assim que desço as escadas em direção à cozinha.
Ela coloca o suco, as torradas e o bolo feito na noite passada na mesa.
— Não é isso. Aliás, o café da manhã parece divino. — sorrio, encarando a mesa.
— Fiz especialmente pra você. Esqueci-me de perguntar antes. Alimentou-se bem em Minneapolis?
— Muito bem, mas você sabe que nada se compara a sua comida. — puxo uma cadeira para mim. — A viagem foi incrível. Aconteceu muita coisa surpreendente.
— Mesmo?
Sim, mãe. A senhora nem imagina! Fiquei bêbada e perdi a virgindade com o cara que até outro dia me odiava com todas as forças.
Esboço um sorriso tenso ao me imaginar dizendo tudo isso para minha mãe. Ela surtaria, com certeza.
— Sim, o jogo foi incrível e o resort onde ficamos... a senhora precisava ver, era surreal. daquele que só quem tem muito dinheiro pode frequentar. Foi divertido e descobri algumas coisas.
— Como o quê? — ela sorri, cortando o bolo em fatias antes de sentar de frente para mim, do outro lado da mesa.
— Que metade dos alunos da minha escola adora jogar dinheiro fora com coisas banais e se gabar disso depois. Eu acho que se tivesse dinheiro, seria meio mesquinha.
— Não diga isso. Você seria econômica, o que é bem diferente. Nunca tente se comparar a... — fica em silencio, encarando o pano de mesa.
Engulo em seco, imaginando o que ela deve está pensando. Foi muito difícil para nós o que aconteceu, principalmente para ela. Meu pai não deixou boas lembranças. De jeito nenhum.
— Hm, esse bolo está incrivelmente delicioso. — tento mudar de assunto, afastando a atmosfera sombria que quase acabou com a nossa manhã.
— Sua super mãe é a responsável por isso, então só aproveita. — e lá está o seu sorriso outra vez.
***
O corredor da escola está bem movimentado e barulhento. Os alunos se acotovelam e colidem uns contra os outros conforme seguem entusiasmados para suas respectivas turmas. É até estranho vê-los tão empolgados para a aula.
— Senti sua falta. — Nathaly me envolve em um abraço apertado.
— Também senti a sua. Tenho muita coisa pra te contar depois.
Passei um bom tempo divagando se poderia confiar em Nathaly para divulgar meus segredos mais íntimos. E a reposta foi sim. Minha melhor amiga é de confiança, até porque conhece o meu passado caótico na Greene Marshall.
— Imagino que a conversa será longa. Ligue para sua mãe e diga que irá dormir lá em casa hoje.
— E minhas roupas?
— Temos quase a mesma medida. Posso te emprestar umas peças.
— Ok.
Nunca fui à casa de Nathaly e confesso que estou curiosa. Além disso, podemos colocar o papo em dia e já até consigo enxergar a expressão chocada da minha amiga.
— Ei, mãe. Posso dormir na casa de Nathaly hoje? Depois da escola sigo direto para lá, pode ser? Amanhã cedo volto para casa. Prometo não fazer nada de errado.
Assim que envio a mensagem, meu celular não demora a vibrar de volta em minhas mãos.
— Certo. Pode dormir. Não façam nenhuma besteira e se comportem. Confio em vocês. Bons estudos, querida.
— Obrigada. Beijos.
— Vamos para a aula. O alarme acabou de disparar. — Nathaly me puxa pelo corredor.
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Mantenha Distância
Ifjúsági irodalomJéssica Hernandez não compreende o motivo de ser odiada por Brandon Scott desde que pisou no ensino médio. Brandon tem segredos e dificilmente deixa transparecer o que pensa. E desde que está na mira do valentão, Jéssica tem uma ideia formada sobre...