capítulo 32: provocações

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Brandon

Para com isso, garoto! — Jéssica empurra minhas mãos assim que tento pegar sua bunda após o café da manhã.

Mesmo tentando simular certa raiva pela minha desobediência, ela nem se preocupa em disfarçar seu pequeno sorriso.

— Estou vendo. Não tenta esconder sua diversão. — termino de comer uma maçã antes de ajeitar meu uniforme.

O bom é que eu trouxe tudo de casa. Vim preparado com o uniforme escolar, além de algumas roupas. Espero passar algumas noites com minha namorada e aproveitar esse tempo longe da "sogrona". Sorrio do pensamento.

— Não estou me divertindo. Você é um pervertido. — finge-se de ofendida.

— Sei que você adora. — eu a abraço por trás, esperando-a lavar sua xícara. — Aliás, tenho certeza disso. Não se lembra dos gemidos de horas atrás?

— Como assim? — sei que está vermelha nesse instante.

— Quer mesmo que eu recorde? Tá bom! Oh, Brandon. Enfia mais... vai... oh...

— Brandon! Meu Deus! — grita, totalmente vermelha e caio na gargalhada. — Idiota. — Jéssica não resiste por muito tempo e ri antes de voltar para as louças.

Já estamos prontos, prestes a irmos para a escola. Juntos pela primeira vez.

Sem muita coisa para fazer, organizo a mesa que bagunçamos, enquanto Jéssica termina sua tarefa. Logo depois estamos seguindo para o meu carro, para mais um dia na Greene Marshall.

***

Horas depois...

— Olhe para a cesta, Williams. Parece tão difícil assim? — o professor de educação física lança uma bola nos braços do Matthew, aparentemente irritado.

Sua raiva tem fundamento, afinal o cara é péssimo nesse lance de basquete. Ele, assim como eu, prefere futebol, mas a temporada já terminou, então só nos resta tirar boas notas em educação física, mesmo que sejamos uma droga em alguns aspectos.

— Mesmo não curtindo muito basquete, não sou tão ruim quanto você. Que humilhação, hein, Williams? — murmuro sarcasticamente, vendo-o revirar os olhos enquanto se aproxima e senta ao meu lado na arquibancada.

Estou apenas relaxando, vendo os outros caras sofrendo um pouquinho nas mãos do professor ranzinza. Rider lança um olhar de sofrimento para nós, e apenas consigo me divertir.

— Não precisa se gabar, cara. Aliás, você é um sortudo de merda, porque o velho nunca pega pesado com você nas aulas.

— Culpa do peso do meu nome. — não digo isso com a intenção de me gabar. É apenas a realidade nua e crua, afinal ninguém aqui ousaria confrontar um Scott. Nem mesmo um dos professores. De toda forma, não tenho me orgulhado muito disso ultimamente.

— Tem razão. — Matthew suspira. — Tem notícias do Martin?

— Não o tenho visto com tanta frequência, mas creio que o cara me odeia.

— Isso é nítido. Ele foi inegavelmente riscado da sua lista de amizades.

Certo remorso me atinge quando me lembro da discussão no vestiário um tempo atrás. Não me arrependo pela briga em si, afinal foi bom ter dado um susto no idiota do Martin, mas pelo que a motivou – o bullying contra Jéssica. Eu realmente agia como um maldito escroto.

— Tenho o visto por aí, ocasionalmente. Ele está namorando.

— Quem é a azarada da vez? — pergunto sem interesse, observando os caras correndo na quadra.

— A Johnson?

Viro o meu olhar incrédulo para ele. — O quê? A Pamela?

— Isso mesmo. Ficou com ciúmes?

Tenho vontade de rir da sua suposição estúpida.

— Ficou louco, Williams? Quero distância daquela megera. Aliás, fico feliz por eles, porque só assim ela poderá sair do meu pé.

— Ela ainda está te incomodando?

— Algumas vezes. Ela tem me mandado umas mensagens estranhas.

— Por que não a bloqueia?

— E você acha que não fiz isso? O problema é que Pamela não desiste fácil de uma coisa quando fica obcecada por ela, então pode me dar problema de outras formas. Vou observar até onde ela é capaz de ir.

Pamela pensa que não posso entender seus jogos, mas é aí que ela se engana. Tenho uma ideia do que ela está tramando, e quero ver até onde ela deseja chegar com essa história.

— Falando nela...

Ergo o meu olhar, encontrando Pamela ao lado de Dylan Martin, seguindo casualmente em nossa direção. Só me faltava essa!

Eles param em nossa frente.

— Ei, Brandon. – Pamela claramente ignora o Williams e seus olhos passeiam preguiçosamente pelos meus braços nus. Droga de regata. — Como você está?

— Muito bem. — seu sorriso falha quando digo isso com tranquilidade. O que ela esperava? Que eu estivesse frustrado ou algo assim?

— Oh... — fica pensativa por um instante, então agarra o braço do Martin. — Eu e o Dylan estamos namorando. Ainda é recente, mas está sendo ótimo. Consegui te superar. — ela sorri forçado.

Realmente dá pra ver a animação estampada na cara dela. — penso de forma maldosa.

— Hm, que bom pra vocês. Ah, e crianças... — minha voz sai irônica, enquanto fico de pé. — Aproveitem o namoro com segurança e responsabilidade. — Pamela me olha de forma cética e Martin força um semblante ameaçador, o que não funciona. Patético. — Espero que possam ser tão felizes quanto estou sendo com a minha Jéssica. Vamos, Matthew.

Ele fica de pé, meio sem jeito e damos as costas para o novo casal.

— Brandon? — paro de caminhar ao ouvir a voz de Pamela. Nem perco meu tempo em me virar. — Não se esqueça daquela nossa conversa, tá? Estou prestes a descobrir o que você está tentando esconder, e quando eu finalmente fizer, sentirei um prazer imenso em ver a cara de decepção da sua namoradinha.

— Você foi incrível. — o idiota do Martin entra na brincadeira e dá uma leve risada.

Ignorando-os, decido sair dali antes que entre no joguinho infantil deles.

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