capítulo 22: ruídos suspeitos

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No dia seguinte, passo em casa bem cedo antes de voltar para a escola. É claro que agora Nathaly já está a par de tudo e, sem surpresa, espantada com a situação. Mesmo assim ela não me julgou ou explodiu quando contei. Ela apenas me aconselhou a não fazer novamente porque isso talvez me machuque além do esperado. Concordei com ela, afinal estamos falando de Brandon Scott e não tem nenhuma maneira de eu confiar cegamente nele.

Meus passos são rápidos em direção ao banheiro e me enfio em uma das cabines enormes com chuveiro e toalha. Coloco meu uniforme sobre um estande e deixo a calcinha limpa por perto.

O local tem apenas mais algumas garotas e não demora muito para eu ouvir apenas os meus próprios ruídos no banho. Estranho o fato de está, aparentemente, sozinha aqui.

Passos arrastados e lentos.

É isso que ouço quando coloco o sabonete no lugar.

Um frio sobe por minha espinha e um alarme soa na minha cabeça para eu sair daqui o mais rápido possível.

Droga, que péssima ideia não ter esperado Nathaly! Ela também viria tomar banho nesse mesmo banheiro e estaríamos juntas, mas seu namorado a atrasou e tive que vir na frente.

Com pressa, me enrolo rapidamente em uma toalha e estremeço conforme os passos chegam mais perto.

— Quem está aí? — ganho coragem para dizer.

Sem resposta.

Respiro lentamente e tento fazer o mínimo de barulho possível. Espero que não seja um dos garotos ou qualquer outro estranho com intenções pervertidas.

Que azar!

Quando os passos já não são mais ouvidos, fico atenta e com alívio percebo que finalmente posso sair. Quando giro a trava da porta e saio, meus olhos se voltam para cima ao ver a presença de alguém.

Meu coração acelera no peito e aperto ainda mais a toalha.

— Brandon? – sussurro, chocada.

— Eu mesmo. — ele está com as mãos nos bolsos, casualmente parado.

— Você quase me matou de susto, sabia? — resmungo e ele apenas dá de ombros.

— Minha intenção não era te assustar. Sinto muito.

— Mas assustou. — franzo o cenho, ainda incomodada. — Pode sair do banheiro feminino? O seu fica do outro lado do corredor.

— Eu sei onde fica o banheiro masculino, Jéssica. É que eu te vi vindo para cá e decidi segui-la.

Esfrio por dentro.

E por que ele parece tão calmo?

— Outra vez? Essa é uma atitude bem psicopata. Está acostumado a fazer isso com garotas?

Ele ri baixinho.

— Nunca na minha vida. Você é a primeira que sigo.

— E eu deveria ficar tranquila com esse fato?

— Claro. Não vim com a intenção de te fazer mal. — diz sério, e eu o encaro mais atentamente.

— Não acredito nisso.

— Eu só quero conversar. Sabia que se não te pegasse de surpresa você fugiria como tem feito ultimamente.

— Mas posso fugir agora mesmo se eu quiser. Não sabia que você não superava um não. — mudo de assunto.

— Você não pode fugir. — ignora meu último comentário. — Estamos trancados. Travei a porta principal por dentro depois de me certificar de que não entraria ou sairia mais alguém além de você. E é claro que não vou te deixar chegar na porta sem antes conversarmos.

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