capítulo 42: um novo ciclo

3.8K 327 22
                                    

Jéssica

Meus olhos analisam a rua movimentada após eu deixar a loja de roupas. Mamãe pediu que eu comprasse uma saia social para que ela pudesse usar no trabalho, então fiquei satisfeita quando encontrei. Só espero que sirva.

Ouço algumas buzinas e espero o sinal fechar para que eu possa ultrapassar a faixa de pedestres até o ponto de ônibus.

Suspiro e, de alguma forma, acabo pensando em tudo o que aconteceu entre mim e Brandon. As mentiras, tudo. Com isso, chego à conclusão de que um ciclo da minha vida terminou. Agora está se iniciando outro, e eu espero que traga coisas boas ou nem sei como vou reagir.

Finalmente aproveito que o sinal fecha para atravessar a rua.

É uma pena que um idiota irresponsável escolhe aquele momento para não respeitar as regras de trânsito.

Amplio meus olhos, sem reação, enquanto vejo o carro chegar cada vez mais perto de mim.

Antes que eu possa me envolver em um acidente, mãos fortes me puxam para a calçada em que eu estava antes e braços másculos me envolvem em um abraço.

Congelo, sem saber o que fazer.

A pessoa se afasta apenas o suficiente para me sacudir um pouco, e meus olhos quase saltam do lugar quando reconheço Brandon.

Suas palavras demoram um pouco para fazerem sentido enquanto meu coração está agitado no peito e minha mente está a mil.

— Que merda você tinha na cabeça, Jéssica? Queria se matar?

Franzo o cenho, confusa.

Ele não pensou que eu ia... Será?

— Eu não ia me jogar na frente dos carros, Brandon! — bufo, irritada. — Isso nunca passou pela minha cabeça. Na verdade, o motorista estava errado. O sinal tinha acabado de fechar e ele não respeitou, apenas continuou dirigindo. — observo a rua e suspiro de alívio por ter escapado de uma colisão.

— Merda! Então desculpa. — passa a mão sobre os cabelos. — Por muito pouco aquele merda não te atropelou. Ainda bem que apareci. — suspira.

Só então a ficha cai e faço a pergunta:

— O que está fazendo nessa parte da cidade? Por acaso me seguiu? — questiono de braços cruzados.

— Não dessa vez. Eu trouxe minha mãe naquele escritório. — aponta um escritório de advocacia ali perto. — Ela tem uns assuntos burocráticos para resolver, então eu a trouxe. — aponta o carro luxuoso estacionado a poucos metros.

— Ah. — por que uma parte de mim se sente decepcionada por ele não ter me seguido? Só posso ter enlouquecido!

— E você?

— Eu o quê?

— O que veio fazer aqui?

— Comprar uma saia para a minha mãe. Ela está ocupada com o trabalho, então não pôde vir.

— Hm. — analisa meu rosto cuidadosamente, e eu engulo em seco. — Quer uma carona para casa?

— Não! — recupero minha postura e só então relembro tudo o que ele fez de ruim. Eu não deveria estar conversando casualmente com ele. Não, eu deveria estar bem longe. Eu agradeço por ele ter me livrado de um acidente, mas isso não é motivo para reaproximação.

Ele parece levemente frustrado com minha recusa.

— Por que não?

— Porque não quero ficar perto de você. — ele parece magoado com minhas palavras, e engulo e dor que sinto com o seu olhar. — Obrigada por ter me livrado de um acidente, nem tenho como agradecer por isso, mas acaba por aqui. Não haja como se não tivesse acontecido nada de ruim entre a gente. Adeus!

Mantenha Distância Where stories live. Discover now