capítulo 25: perguntas convenientes

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Um mês depois

Muita coisa aconteceu nesse espaço de tempo. O que inclui minha relação com Brandon já não ser segredo para a escola, incluindo Nathaly, que inicialmente ficou brava comigo, mas depois acabou tentando engolir essa história. Segundo ela, Brandon só quer me usar e descartar, que ele não é bom.

Mas confesso que ele provou nos últimos dias que está tentando ser uma pessoa melhor em todos os aspectos. Na verdade, as dúvidas sempre surgem, mas de maneira menos intensa agora, afinal ele não tenta esconder o que nós temos.

Enquanto Nathaly ficou desconfiada, o que inclui Christopher, posso dizer que minha mãe o adora. Ela disse que eu tenho sorrido mais desde que estou com Brandon e nem posso discordar disso. Até mesmo Brandon sorri mais quando estamos juntos, e isso já é um fato surpreendente.

O que nós temos não é um namoro, claro, mas pelo menos percebo que não se tornou o segredinho sujo de Brandon. Eu já teria terminado nosso lance se fosse o caso. Ele inclusive me levou para almoçar com seus amigos no refeitório e agradeci por não encontrar os idiotas com quem ele andava. Nesse aspecto, o choque de Zara, Whitney e Rachel foi até maior que o de Nathaly. Elas confessaram que foram pegas de surpresa e não esperavam que Brandon mudasse tanto por uma garota, ainda mais pela garota que ele machucou no passado.

Posso dizer que Pamela está odiando a situação. Ela deixa claro seu descontentamento sempre que lança piadinhas para mim no corredor ou em cada lugar em que nos cruzamos. Ignorá-la se tornou um hábito e meus instintos apontam que ela está morrendo de ciúmes. É mais do que óbvio.

— Como ela pode aceitar isso? O cara a tratava como se trata um cachorro sarnento. Que falta de amor próprio. — ouço isso em um dia qualquer, quando entro em umas das cabines do banheiro.

Não reconheço a voz.

Outra menina ri. — Tenho pena dela, na verdade. Brandon provavelmente só quer usá-la para humilhá-la mais na frente. Anotem o que estou dizendo. Vai ser uma jogada de mestre pra ela querer se matar depois.

Engulo em seco, sentindo meus olhos arderem. Estão falando de mim, claro. E de certa forma, suas palavras podem conter certas verdades que não estou pronta pra digerir.

Não, estão enganadas! Brandon já não é o mesmo babaca de antes. Ele realmente está tentando ser melhor.

Saio do banheiro, ignorando os olhares chocados e sigo pelo corredor para a sala de aula.

Quando sento em minha carteira, apoio meu rosto entre minhas mãos e me esforço para não derramar uma lágrima sequer.

***

— Brandon? — suspiro contra o seu torso nu.

Ele acaricia meus cabelos, aparentemente exausto depois do sexo.

Estamos no meu quarto, sem sono no meio da madrugada. Na verdade, nem penso em dormir, já que meus pensamentos estão caóticos desde cedo.

— O que foi? — olho para seu rosto e ele franze o cenho em preocupação. — Falaram alguma coisa pra você na escola? Alguma ofensa? Se...

— Shhh. Não disseram nada. — suspiro. — Eu apenas estou com uma dúvida. E só você pode acabar com ela.

Na verdade são muitas dúvidas, mas uma delas tem me incomodado desde antes do acontecimento no banheiro feminino.

— Fique a vontade pra perguntar. — suspira.

— Ok. Lá vai. — respiro fundo. — Sei que você já disse que sente muito, mas...

— Mas...?

— O que te levou a me odiar no início? Assim que entrei na escola e nos vimos.

Uma expressão de surpresa passa pelo seu rosto. É nítido que ele não esperava pela pergunta.

— Não vai falar nada? — questiono diante do seu silêncio.

Ele assente levemente, respirando fundo antes de falar.

— Acontece que...

Um barulho inconveniente nos interrompe.

É o celular de Brandon e ele o leva ao ouvido depois de tocar na tela.

— Quem é? Ah, ei Henry. Sim, estou bem. Hospital? — amplio os olhos quando ele parece preocupado. — Ok, já estou indo. — desliga. — Merda!

— O que houve? — questiono, vendo-o procurar suas roupas pelo quarto.

— É meu pai. Meu irmão ligou e disse que a pressão dele abaixou repentinamente e ele está no hospital. Não parece muito grave, mas tenho que ir lá pra ver como está o velho. Desculpa por te deixar assim. — me dá um selinho.

— Entendo. Vai lá. Depois nos falamos.

— Ok. Até mais.

— Até mais.

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