04. Mas e se você não voltar...?

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Pov Hannah


Deixo tudo arrumado para partir quando amanhecer. Pego todas as maçãs e tomates que me restam e enfio dentro da mochila com minhas outras coisas, ficou pesado, mas pelo menos não vou precisar parar por um tempo.

Vou até o quadro onde estava a minha foto e a do meu pai e tiro ela de lá. Nós éramos tão felizes antes do mundo todo virar essa grande merda... Afasto meus pensamentos e guardo a fotografia no menor bolso da minha mochila.

Alguns toques na porta me fazem entrar em alerta. Fico paralisada, até que os batidas se repetem. Pego a minha faca e seguro ela firmemente entre meus dedos. Vou em passos silenciosos até a porta e a abro de uma vez.

Sem pensar, coloco a faca na garganta de quem quer que seja. A pouca luz da noite não me deixa reconhecer aquela silhueta. Vejo a pessoa levantar lentamente o seu par de mãos em forma de rendição.

-Calma, sou só eu- ouço a voz rouca e reconheço Daryl.

-O-o que? Como me achou?- pergunto confusa.

-Já disse, você não é muito boa em esconder seus rastros- guardo a minha faca e uma garoa grossa começa a cair, seguida do eco de alguns trovões- posso entrar?- ele pergunta quando a chuva começa a molhar as suas costas.

-Ahm... Pode, claro- permito ainda meio desnorteada.

Ele olha para todos os cantos do lugar minimamente iluminado pela chama de algumas velas. Sustento o olhar no homem esperando por alguma reação ou palavra.

-Então...- pigarreio para chamar a sua atenção- o que veio fazer aqui?- ele traz o seu olhar perdido até o meu e depois volta ele para o chão.

-Eu...- o homem parece desconfortável- eu não queria ter agido daquele jeito com você hoje cedo, você tem todo o direito de escolher onde quer ficar.

-Obrigada, Daryl- abro um sorriso, mas junto as sobrancelhas quando vejo que algo ainda o incomodava- tem algo mais que queira falar?

-Sim- ele abaixa o olhar e se aproxima um passo de mim- você tem o direito de escolher onde quer ficar, mas eu iria gostar se ficasse comigo... E com as outras pessoas que gostam de você.

-Daryl, eu...

-Não- ele me olha nos olhos- não precisa responder agora, pensa um pouco sobre isso.

-Eu vou pensar- dou um meio sorriso e o homem corresponde.

Ele sempre me pareceu um ranzinza antes de eu conhecer ele, mas quando conheci, vi o quão gentil ele é. Eu gosto dele e sei que ele gosta de mim, mas nunca fomos além de flertes e acho que não estou pronta para ir além disso.

-Está com fome?- pergunto tentando quebrar o clima tenso que preenchia o cômodo.

O homem balança a cabeça em um sinal positivo e então eu vou até a minha mochila para pegar algo para nós comermos. Pego duas maçãs para ele e uma para mim. Percebo que os olhos curiosos do homem vão até a mochila algumas vezes enquanto ele se senta em uma cadeira velha de madeira.

-E como estão as coisas...? No Santuário e em Alexandria?- entrego as frutas e me sento na cama.

-Como sempre, talvez piores agora que eles estão tendo que trabalhar junto com a gente na ponte- ele responde sem olhar para mim.

-O que vocês estão tentando fazer lá?- pergunto curiosa enquanto dou outra mordida na maçã.

-O Rick quer reforçar a ponte porque ela quer desmoronar e lá é um dos nossos únicos caminhos- o homem diz já terminando a sua primeira maçã.

HANNAH | Livro Dois | Daryl DixonWhere stories live. Discover now