HANNAH | Livro Dois | Daryl Dixon

10. Finalmente alguém que tenha algo além de whisky e cerveja

Pov Hannah

Abro meus olhos, minha cabeça parece que vai explodir. Toco o pano macio embaixo de mim e percebo que estou em uma cama. Olho ao redor e vejo que tem um soro preso ao meu braço. Sento na cama sentindo a minha barriga doer. Levanto a blusa e vejo o curativo que a Tessa fez em mim. Fecho a minha mão machucada e sinto os pontos puxarem a minha pele e faço uma careta.

Minhas lembranças vão até Rick. Espero que ele esteja bem. Apesar de ter visto com os meus próprios olhos o quão ruim ele estava, o meu coração diz que ele está bem, ele é um homem forte. Espero que Daryl também esteja bem. Ele parecia bem, bom, pelo menos melhor do que o Rick ele parecia.

Tiro o soro do meu braço e sinto uma tontura me atingir. Respiro fundo e começo a olhar ao redor. O lugar tem o teto, as paredes e o chão todos feitos em uma madeira escura e a minha direita tem uma grande janela de vidro por onde o sol entra. A cama é branca, mas a tinta está lascada em alguns lugares, mostrando o ferro cinza por baixo dela. O lugar todo é bem simples, mas bem arrumado.

Vou até a porta e giro a maçaneta. Espio para ver o que tem do lado de fora e vejo um pequeno corredor com mais uma porta e uma escada no fim dele. Ando em passos cuidadosos até a próxima porta e a abro. É um banheiro feito com louças brancas na pia, no vaso e na banheira, mas não tem nada demais aqui dentro então fecho a porta e caminho até as escadas.

Desço os degraus até chegar em uma sala. Olho em volta e vejo um sofá cinza em frente a uma lareira de tijolos e uma estante com algumas bebidas e livros em cima. Um barulho vindo de uma porta no fim do cômodo me chama a atenção.

Caminho em passos cuidados até lá e coloco o ouvido na madeira marrom da porta, mas o barulho para e eu não consigo mais ouvir o que está acontecendo do outro lado. De repente a porta se abre e eu tropeço alguns passos para dentro do cômodo tentando não cair de cara no chão.

-Bom dia, Hannah- Tessa diz com uma sobrancelha levantada- não precisa fuxicar, você pode ver o que estou fazendo.

-B-bom dia- digo sem jeito.

A mulher se senta na bancada ao lado da pia da cozinha e eu me sento no banco ao seu lado. Ela está com um rádio em mãos e o mapa aberto em sua frente. Observo ela passar estação por estação, até encontrar algum ruído e então ela começa a ouvir.

-Estamos levando as coisas do Santuário. Vamos distribuir elas entre Alexandria e Hilltop. Câmbio.

Uma voz feminina familiar soa no rádio. Acho que é Michonne o nome dela, já a vi algumas vezes.

-Sinto muito pelo Rick, Mich. Câmbio.

Outra voz responde. Então ele... Morreu? Sinto um gosto amargo invadir a minha boca e a minha garganta começa a apertar. Eu queria ter feito mais... Talvez se eu tivesse ficado aqui na Virgínia ao invés de fugir, eu poderia ter ajudado de alguma forma.

-Obrigada. Vamos ficar bem, Daryl está procurando por ele... Pelo corpo dele. Câmbio.

Sinto meu corpo balançar e o meu estômago flutuar ao ouvir o seu nome. Abro um mínimo sorriso de alívio por saber que ele está bem. Não imagino como ele está, sei como Rick era importante para ele. Seco rapidamente as lágrimas que embaçavam meus olhos.

-E... Riscado- Tessa desliga o rádio e faz um traço grosso em cima do nome do Santuário me fazendo ficar um tanto desorientada.

-Riscado?- pergunto ainda confusa.

-Alexandria desfez o Santuário- ela leva seu olhar concentrado do mapa até mim- eu sinto muito pelo Rick, ele era seu amigo, não era? Ele era o cara que estava na ponte, certo?