38. Mas nossa casa não é casa sem você

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Pov Hannah


...Mês seguinte


O primeiro dia ajudando o Daryl a procurar pela Leah foi ótimo, o segundo foi incrível apesar do caçador ter ficado doente e assim foram seguindo os dias da primeira semana. Mas quanto mais nós demoramos para achar a Leah, mais irritado e distante Dixon parece ficar de mim.

Agora já faz mais ou menos um mês que estamos nisso e não encontramos nada. Como isso é possível? Não tem nenhum rastro dela em lugar algum. Fomos em todas as lojas de coisas de bebês e maternidades que encontramos nessa cidade e nos arredores dela e não achamos nada.

Já faz quase uma semana que eu não consigo me limpar nem com um paninho, mas Daryl diz que não podemos parar. Mal paramos para comer e quando paramos é só o tempo- que também foi reduzido por ele- que temos para dormir.

-O combustível que está na moto dá para ir até a próxima cidade, mas depois vamos ter que voltar para Alexandria para reabastecer- explico para o caçador enquanto cheiro minhas próprias roupas- e é bom que pelo menos assim eu consigo tomar um banho.

-Não temos tempo para voltar agora- ele gesticula sem me dar muita bola- vamos racionar o combustível e usar a moto só para chegar nas cidades, lá dentro vamos rodar tudo a pé- "o quê!?", penso, mas acho melhor não verbalizar a minha indignação. Apenas respiro fundo e continuo:

-Se seguirmos por essa estrada, nós vamos chegar na próxima cidade amanhã- aponto no mapa e Daryl resolve prestar atenção em mim- mas vamos ter que dormir na floresta.

-Não vamos parar- ele diz- eu consigo dirigir até lá sem dormir, são só algumas horas.

-Não acho uma boa idéia- finalmente me oponho a essa maluquice- se acontecer algum acidente com a gente, vai ser pior.

-Não vai acontecer- ele diz curto subindo na moto.

Fico uns segundos parada olhando para ele enquanto ele se ajeita no banco. Como pode alguém ser tão cabeça dura? Guardo minhas coisas na bolsa e subo atrás dele. Em poucos segundos ele arranca com a moto dali.

O dia já está quase terminando quando deixamos a cidade abandonada para trás. Depois de uma hora e mais alguns minutos, a noite chega e tudo é consumido pela escuridão.

A floresta nos cerca dos dois lados da estrada e o farol da moto é a única luz que ilumina insuficientemente o nosso caminho, como uma pequena pincelada cintilante em um gigantesco quadro negro.

O som retumbante de um trovão ecoa nas nuvens a cima das nossas cabeças. Era tudo o que a gente precisava, uma tempestade no meio desse deserto escuro. Não demora nem um minuto e os pingos pesados começam a colidir com o topo de nossas cabeças.

-Daryl, vamos parar...- peço em um tom alto para ele ouvir- não dá para continuar assim nessa chuva, não dá para ver nada na estrada.

-É passageira, logo ela acaba- o caçador insiste.

Um minuto. Dois minutos. Três minutos. Mais de dez minutos se passaram e a chuva só piorou. Estamos completamente encharcados e eu já estou ficando irritada com tudo isso.

-Daryl...- peço mais uma vez.

-Merda! O que foi!?- o caçador grita rudemente enquanto freia a moto com força.

Quase subo em cima dos ombros dele por conta dessa freiada brusca. Por estar chovendo, a moto demora para parar e se arrasta por uns bons metros na estrada antes de ficar completamente imóvel.

HANNAH | Livro Dois | Daryl DixonWhere stories live. Discover now