30. Até que eu encontre os meus amigos, não há depois

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Pov Hannah

Hornsby e eu estamos longe. Os tiros ficam cada vez mais distantes, até que não escutamos mais nada. Hornsby me guia até um campo aberto, longe da comunidade. Me mantenho atenta aos seus movimentos, mas dou espaço o suficiente para ele se sentir seguro para cooperar comigo.

-Ainda falta muito?- pergunto vendo que o dia já está escurecendo e a dor volta a vibrar do machucado em minha barriga- droga...- sussurro quando vejo que os analgésicos não estão na minha mochila.

-Só mais algumas milhas, olha lá.

Ele aponta cansado para frente sem se importar com o que estou procurando na bolsa. Jogo a mochila para trás e pego o meu binóculo para olhar para onde ele está apontando. Parece ser uma estação de trem com alguns homens fazendo a guarda dela.

-Os trilhos se bifurcam algumas vezes no caminho, mas eu sei o caminho que o trem de suprimentos faz para chegar na estação de trabalho que seus amigos estão.

-Commonwealth tem um trem de trabalho?- abaixo o binóculo e o olho surpresa.

-Era parte de um plano para expandir a Commonwealth- ele fala nostálgico- conectando comunidades como a sua até o mar.

-Conectando ou conquistando?- pergunto e ele abaixa o olhar.

Voltamos a andar em direção ao trem. Odeio fazer isso. Odeio ter que confiar nesse homem. Mas é a única chance que Daryl e eu temos de encontrar os nossos amigos. Meu coração pesa pensando em Hershel. Espero que Maggie esteja com ele e que eles estejam bem.

-Nunca tinha percebido até agora o quanto parece uma prisão aqui- ele fala tomando de volta a minha atenção- você estava certa em deixar o Dixon para trás- meu sangue ferve e eu desconto apertando com força o punhal do meu rifle- ele estava atrasando você, assim como todo mundo faz- ele me olha com um sorriso- vi que você deixou a Maggie também.

-O que você quer dizer com isso?- pergunto cínica para ver até onde ele vai com isso.

-Você não é como a maioria das pessoas- ele faz movimentos com as mãos enquanto explica- você é fria, você se arrisca. Quero dizer, nem todo mundo tem coragem de fazer o que você faz- ele me olha animado- olha o que você acabou de fazer, você deixou aquele homem para trás- a raiva dentro de mim já não se sacia mais com os meus dedos apertando o metal da arma- de qualquer forma, espero que ele esteja bem.

Apoio o rifle no meu ombro e ergo o cano dele na altura do homem na minha frente. Ele ergue as mãos e olha com os olhos arregalados na minha direção. Eu já entendi onde ele quer chegar e eu estou com dor e sem nenhum pouco de paciência. Sei que ele está tentando me desestabilizar. Ou então ele é tão burro que acha que está inflando o meu ego de algum jeito. De qualquer maneira, ele está tentando me manipular.

-Eu sei o que você está tentando fazer- alerto com o rifle em mãos.

-Eu estou só conversando com você- ele rebate.

-Pode parar com esses joguinhos mentais- aviso.

-Eu não estou mentindo- ele ri nervoso.

-Sério mesmo? Então por que você estava dizendo que se importa com o que acontece com o Daryl?- pergunto com uma sobrancelha erguida.

-Acabei de ser trancado em uma cela e ser forçado a dar pedaço por pedaço do meu colega para o filho podre da Pamela- a sua voz começa a se alterar- eu posso não estar funcionando direito aqui dentro- ajeito o rifle entre meus dedos quando ele faz um movimento inesperado e aponta com os dedos para a própria cabeça- certo, atire- ele abre os braços- e boa sorte para encontrar os seus amigos.

HANNAH | Livro Dois | Daryl DixonWhere stories live. Discover now