36. É aqui que tem um caçador doentinho para eu cuidar?

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Pov Hannah


...Dia seguinte


Acordo com Daryl fazendo um cafuné nos meus cabelos e pedindo para eu levantar. Ele sai antes de mim para destravar a porta e ligar a moto. Arrumo as minhas coisas um tanto irritada por minhas roupas ainda estarem úmidas da chuva de ontem.

Vou até a porta, mas paro por um segundo antes de sair. Um pensamento bobo me fez parar. Suspiro incrédula com o que eu estou prestes a fazer. Dou meia volta e pego uma coisa aqui do sexshop. Nego com a cabeça algumas vezes sem acreditar que estou mesmo fazendo isso enquanto coloco o pacote na mochila.

Volto em direção a porta e caminho até Daryl como se nada tivesse acontecido. Ele está me esperando do lado de fora montado em sua moto. O dia está completamente limpo e brilhante, como se a chuva que pegamos ontem nunca tivesse existido.

-Está pront...- ele começa a perguntar, mas um espirro o interrompe.

-A chuva te deixou doente- alerto preocupada.

-Não, é só esse vento gelado irritando o meu nariz- ele diz e eu levanto uma sobrancelha observando o clima perfeitamente ensolarado e sem ventos- está pronta?- ele completa a pergunta e eu concordo com um sorriso nos lábios.

Subo na garupa e agarro Daryl. Ele arranca com a moto continuando com o caminho em direção a Meridian. A chuva não foi de tudo ruim. Nós precisávamos dessa pausa. Estávamos muito tensos com a nossa missão e agora parece que tudo ficou mais leve.

Mais uma hora de viagem e dessa vez até que passou rápido. Os muros de Meridian surgem e Daryl acelera ainda mais. Estacionamos a moto e caminhamos direto para o portão principal. Posso sentir a apreensão de Daryl mesmo sem olhar para ele.

O portão está destrancado, do jeito que deixamos quando saímos daqui a última vez. Na verdade tudo ainda está do mesmo jeito em que deixamos. Menos os corpos. Eles sumiram.

Não estou falando dos corpos dos zumbis, esses ainda estão aqui espalhando um cheiro terrível por todo o lugar. Estou falando dos corpos dos amigos da Leah. Me lembro de cada centímetro desse pátio onde meus tiros derrubaram eles e agora só estão as manchas de sangue nos lugares vazios.

-Acho que ela não está mais aqui...- comento- ela teria trancado melhor a porta se ainda estivesse- Daryl me olha de lado e solta um resmungo pensativo.

-Vamos dar uma olhada...- ele espirra outra vez entre uma frase e outra- você checa os andares de cima e eu checo os de baixo- ele fala e eu confirmo com a cabeça.

Subo o primeiro lance de escadas com a minha arma empunhada. Olho para o objeto em minhas mãos e retorço o canto da boca. Eu não posso usar isso na Leah, essa arma mataria ela e eu não quero que isso aconteça. Já ela, eu não sei se pensa o mesmo sobre a minha vida.

Guardo a arma no meu coldre e pego a minha faca para não ficar sem nenhuma proteção. Eu definitivamente fiquei sedentária nesses últimos dias em Alexandria. No segundo lance de escadas, o meu fôlego já tinha ido para o saco e eu me perguntava se aquele caipira tinha escolhido me deixar com os andares de cima para não precisar subir todas essas escadas no meu lugar.

Chego no terceiro andar com pequenas gotas de suor brotando da minha testa. Pelo menos minhas roupas não estão mais molhadas, o sol que pegamos na estrada até aqui secou todas elas. Em silêncio vou de cômodo em cômodo. Presto atenção em todos os detalhes, procurando por uma mínima pista que possa indicar que ela esteve acampada aqui.

Eu não gosto da Leah. Sabe, ela tentou me matar. A maluca me deu uma facada! Tudo bem que eu matei os amigos dela, mas eles mereceram. Quantas pessoas eles mataram antes de tudo isso? Tudo o que eles fizeram com o grupo da Maggie... Eu precisei fazer o que fiz e se não fosse eu, não demoraria muito para que outra pessoa fizesse.

HANNAH | Livro Dois | Daryl DixonWhere stories live. Discover now