HANNAH | Livro Dois | Daryl Dixon

20. O nome dela é Hannah

Pov Hannah

O lugar ficava uns trinta quilômetros longe de Hilltop. Estavam todos tensos, ainda mais a Maggie ao meu lado que não parava de mexer as pernas. Foi uma viagem de quarenta minutos sem que ninguém falasse absolutamente nada dentro do carro, até que a Lydia se pronuncia:

-Por que não quer a ajuda da Commonwealth?- a garota pergunta para a Maggie.

-Porque a gente pode sobreviver sem eles- a mais velha dá de ombros.

-E por que temos que só sobreviver?- a garota devolve a questão me fazendo pensar.

-É só temporário- Maggie responde- nem sempre o que é mais fácil é melhor.

-É só que as pessoas já estão lá há tanto tempo e nada de ruim aconteceu com elas...- Lydia fala, mas parece ser mais um pensamento verbalizado do que de fato uma resposta para o que a Maggie disse. O carro volta a ficar em silêncio até que Maggie volta a falar:

-Antes da queda, eu morava em uma fazenda com a minha família- olho para o retrovisor e vejo Lydia e Elijah atentos ao que ela está falando- um dia esses desenvolvedores de fazendas corporativas começaram a ir lá tentar comprar a nossa terra e meu pai sempre recusava- ela continua- um dia tivemos uma grande seca e eles começaram a aparecer de novo, só que dessa vez ofereceram três vezes o valor da fazenda, eles sabiam que estávamos com dívidas e desesperados, mas sabiam que a seca iria terminar e a fazenda ia começar a dar dinheiro de novo, só tinham que ser mais resilientes que a gente- ela gesticula com as mãos- foi aí que eles começaram a deixar caixas de ração para ajudar com os animais e o meu pai deixava apodrecer na varanda para que vissem quando fossem entregar caixas de novo- ela suspira- aí aconteceu, a seca terminou, a gente conseguiu se recuperar e aquele povo nunca mais incomodou a gente de novo.

-Por que o seu pai deixou a comida apodrecer?- Lydia pergunta.

-Se tivéssemos pegado, saberiam que estávamos precisando e nunca iam deixar a gente em paz- a mais velha responde olhando para a garota.

-Mas os animais morreram de fome- Elijah afirma.

-Não, não perdemos nenhum- Maggie rebate- ficamos juntos e conseguimos.

-É, vocês sobreviveram- Lydia concorda- é que eu fui forçada a sobreviver a minha vida inteira e falavam que isso me fazia mais forte, só que não, isso dói- sinto o peso na voz da garota, penso em algo para falar, mas acho melhor não dizer nada.

-O que teria feito?- Maggie pergunta para ela.

-Eu teria perguntado para eles o que queriam ao invés de decidir por eles- a garota rebate.

-É isso o que eu estou fazendo?- Maggie pergunta sem alterar o tom de voz- você acha que a Commonwealth é melhor?

-É absurdo achar isso?- a garota começa a se alterar.

-Claro! Faz dez anos que aquelas pessoas não são testadas- a mais velha olha para ela- você quer estar lá quando forem?

-Eu só... Quero que as coisas sejam iguais todos os dias- Lydia responde com a voz embargada e pelo retrovisor consigo ver as lágrimas presas em seus olhos. Ela é só uma adolescente, não deveria ter que passar por isso.

-Concordam com isso?- Maggie pergunta para mim e para Elijah tirando o silêncio do carro outra vez.

-Com a maior parte? Sim- o garoto responde.

-Acho que cada um tem que fazer a sua escolha e Lydia...- olho para a garota pelo retrovisor- você tem que ir para Alexandria se você quiser, você não tem obrigação nenhuma em Hilltop- a garota me escuta atenta enquanto me olha também pelo retrovisor- ou se você achar melhor, pode ir para Commonwealth- dou de ombros- você pode fazer o que você quis...