14. Me chame de Hannah

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Pov Hannah


   O corte foi fundo, mas não infeccionou. Pelo menos essa boa notícia eu tenho, porque de resto, eu estou completamente apavorada. Não sei como tirar Daryl de lá, não sei nem se ele está realmente lá. Eu deveria ter seguido eles, mas eu não iria longe fraca do jeito que eu estava.

  Saio da casa da Tessa depois de pegar uma arma com silenciador do seu arsenal. Nunca achei que precisaria usar isso. Ajeito melhor a mochila em minhas costas enquanto caminho até Meridian, onde eu espero que Daryl esteja. Depois de algumas horas caminhando sinto a sola dos meus pés latejarem de dor, mas não vou parar até chegar.

  Quando os grandes muros do lugar alcançam os meus olhos, eu começo a ir com mais cautela por entre as árvores. De longe avisto dois mascarados fazendo a guarda do lugar.  Subo em uma árvore e pego o meu binóculo na mochila. Consigo ter uma visão ampla dos muros da comunidade e do cemitério que está entre entre eu e ela.

  Eles não tem uma rotina muito movimentada. A maior parte do tempo eu passo entediada olhando para os dois homens parados de vigia nos muros, mas consigo anotar algumas coisas na minha mente. Contei oito homens armados com facas e rifles, mas talvez tenham mais deles lá dentro. Também notei que o muro tem uma pequena abertura desse lado onde estou, talvez eu consiga passar por ela.

  Começo a vaguear pelos meus pensamentos até que me lembro de uma coisa, Tessa me falava de um Ceifador que morava isolado do outro lado do rio nas proximidades onde eu e ela acampavamos. No dia em que eu cruzei o rio, acabei encontrando Daryl e aquela mulher. Ela era a Ceifadora. Se eu tivesse ligado os pontos eu poderia ter avisado o Daryl de quem ela era... Mas ele acreditaria em mim?

Um homem sai por um dos portões chamando a minha atenção. Mantenho meu arco pronto para qualquer movimento que ele faça. Diferente dos outros, ele não usava máscara e nem capuz, deixando seu rosto e os seus cabelos brancos a mostra.

  O homem caminha em passos lentos pelo cemitério que está a minha frente. Vejo um livro preto nas suas mãos. Aquilo é uma bíblia? Ele balbucia algumas palavras para o ar me deixando confusa. Ele está rezando. Analiso o homem dos pés a cabeça e vejo um colar com um grande crucifixo pendurado em seu pescoço. Talvez ele seja algum tipo de líder religioso daqueles idiotas... Solto uma risada nasal com os meus próprios pensamentos.

Ele caminha de volta em direção a comunidade, mas antes de entrar, o homem dá uma última olhada a sua volta e eu me escondo melhor entre os galhos de folhas verdes para que ele não me veja aqui. Quando ele finalmente entra, meus músculos relaxam e eu me permito abaixar o arco.

  O tempo passa, nada interessante acontece. Fiquei horas aqui em cima dessa árvore e não descobri nada. Não consegui pensar em nenhum maldito plano. Dou um suspiro longo e me ajeito melhor no galho. Tiro a mochila dos meus ombros e abro os bolsos em busca de alguma coisa para comer ou beber.

  Meus olhos se iluminam quando eu vejo uma coisa que pertencia a Tessa. Uma máscara de pele de zumbi. Me lembro de toda a história sobre os sussurradores e de como eles usavam os zumbis para se esconder e atacar outras comunidades. Dou mais uma olhada para a comunidade a minha frente enquanto seguro aquela coisa nojenta em minhas mãos. É isso. Esse até que parece ser um bom plano.

  Desço com cuidado da árvore e escondo a minha mochila e o meu arco entre alguns arbustos. Me afasto dali carregando apenas a minha faca e a pistola na cintura. Visto aquela coisa fedida no meu rosto e ouço a floresta para tentar encontrar algum zumbi. Depois de algum tempo, eu encontro um bando de três deles. Caminho lentamente copiando os seus movimentos e me aproximo deles. Seguro firme a faca em minhas mãos para caso algo dê errado.

HANNAH | Livro Dois | Daryl DixonWhere stories live. Discover now