Vida Dupla

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Jaebeom pov

Faz dias que estou preso e a última notícia que tive da minha esposa, é que ela deu início ao pedido de divórcio. Eu estou sem chão, estávamos muito bem, nos recuperamos de uma antiga crise no casamento e agora temos um filho juntos. Não acredito que ela esteja me deixando por causa do que aconteceu. Não consigo dormir ou comer direito.

--- Hyung, me falaram que você está dois dias sem se alimentar direito. O que está acontecendo? Não se sente bem? - Youngjae, perguntou. Ele sempre vem me visitar durante o horário de almoço ou no final da tarde, quando liberam a entrada.

--- Eu aparento estar em uma situação agradável, Youngjae? - Perguntei sem olhar para a sua direção. --- Eu estou sendo acusado de algo que não cometi, meu casamento acabou, não estou perto do meu filho, e tem chances de que eu vá parar na cadeia por longos anos. Minha vida está de cabeça para baixo.

--- Não perca a esperança, hyung. Você vai sair dessa. - Respondeu de forma calma. --- Tudo isso vai passar.

--- Já está passando. - respondi baixo. --- Mas é por cima de mim.

--- Eu conversei com a Mary, a alguns dias atrás. - ele falou chamando minha atenção. --- Ela estava tão abalada com essa situação, que ia passar uns dias em outro lugar, já que não conseguia mais ficar na casa de vocês.

--- Ela foi embora? Para onde ela foi com o meu filho? - Perguntei nervoso.

--- Eu não sei, ela não me falou. Mas acho que era para um apartamento em outro bairro. - respondeu calmo. --- Eu vou tentar falar com ela hoje à noite, porque o celular dela estava fora da área de cobertura, agora pouco quando liguei. Queria saber notícias sobre o Max.

--- Por que, meu filho está doente? - Me aproximei das grades. --- Max está doente, Youngjae?

--- Não, ele está ótimo, mas ela comentou que o filho de vocês, andava meio chatinho, e estava sentindo dor de cólica. Só queria confirmar se ele já estava bem. --- Ele falou pondo as mãos nos bolsos. --- Mary, pediu para não contar, já que não queria deixar você mais preocupado.

--- Youngjae, você precisa me ajudar a sair daqui.

--- Já estamos fazendo o possível, Lucas e eu, não podemos nos envolver muito com o seu caso, porque trabalhamos juntos. - Ele segurou minha mão. --- Não se preocupe, nós vamos fazer o possível para te tirar daqui e provar sua inocência.

--- Se eu não conseguir me livrar disso, prometa que vai cuidar do Max e da Mary, por favor. - pedi.

--- Eu não vou precisar fazer isso, porque você mesmo vai cuidar do seu filho, e vai tentar salvar seu casamento. - Ele falou convicto. --- Sei que sua esposa é decidida no que faz, e mesmo não concordando com o que fez, ainda acho que deva lutar.

--- Ela sabe da Maya? - Perguntei e ele afirmou com a cabeça. --- Então é por isso que ela está se separando. Eu definitivamente a perdi, Youngjae. Não tem mais volta. Não há motivos para lutar.

--- Eu sinto muito por você, hyung. - ele se afastou. --- Agora eu tenho que ir, e eu vou me informar sobre a situação do Max.

Eu apenas balancei a cabeça e voltei para a cama que era minha única companhia ali. Desde o primeiro dia que fiquei detido, essa era a primeira vez que eu me permiti chorar. Quando chegou a hora do jantar, eu não estava com fome, mas resolvi comer tudo e depois tentei dormir.

Acordei era bem cedo, escutei uma movimentação no corredor ao lado e depois o meu superior e mais um agente apareceram.

--- Bom dia, agente Lim. - meu superior falou.

--- Bom dia. - respondi educadamente, enquanto me sentava.

--- Está liberado. - Ele falou, e o agente que estava com ele, abriu a porta da minha cela. --- acabamos de conferir um outro dossiê, que comprova a sua inocência.

--- E eu posso voltar ao meu trabalho ou vou ficar afastado? - Perguntei já de pé.

--- Ficara afastado por algumas semanas, enquanto isso, vai poder resolver seus problemas familiares. - Ele respondeu. --- Pode passar na sala do seu antigo colega, Choi Youngjae, e pegar seus pertences.

E assim eu fiz. Encontrei com Youngjae, e conversamos um pouco. Decidi ir direto para minha casa e ter certeza que não havia nenhum sinal da minha esposa e meu filho. Ao chegar na residência, não vi o carro dela na garagem. Quando entrei, não vi a cadeirinha do Max, nem as coisas do nosso gato. Havia algumas fotos nossa pela sala, mas não era a mesma coisa.

Fui para o outro andar, entrei no quarto do max, e estava com praticamente nada no guarda-roupa e na penteadeira. Entrei no nosso quarto, todas as roupas, sapatos e bolsas, ela levou. Não deixou nada, a não ser dois vestidos. O que estava no closet, era o vestido azul, que usou no nosso aniversário de casamento. Àquele dia eu não apareci no restaurante, e quase destruí meu casamento.

Sobre a nossa cama, estava um vestido guardado em uma capa escura de proteção. Por cima dele, havia uma carta, na qual li de imediato.

Prezado, Lim Jaebeom.

Não sei quando vai ler o conteúdo dessa carta, mas quando estiver com ela em suas mãos, já saberá que seu filho e eu, fomos embora e que o nosso casamento chegou ao fim. Eu agradeço muito pelos momentos felizes que você me proporcionou, e pelo filho lindo e saudável que temos.

Estou morando em outro bairro, não contei a ninguém onde fica, preciso de um tempo sozinha e espero que você respeite esse tempo. Max, está bem e logo você podera vê-lo novamente.

Eu levei tudo o que era meu, com exceção de dois vestidos. O azul, foi usado no dia do nosso aniversário de casamento, no qual você sequer teve a coragem de me mandar uma breve mensagem, para avisar que não ia. E você sabe o por que de não ter ido? Estava se corroendo em culpa, por ter me traído. Ter traído a sua família.

Eu cega de amor, apenas ignorei e deixei para lá, por acreditar que estava ausente por causa do trabalho. Você não foi só desonesto comigo, mas com você mesmo, Jaebeom. E por ironia do destino, nosso casamento acabou no dia em que ele começou.

Feliz aniversário de casamento, querido.

Ao terminar de ler a carta, abri o zíper da capa e vi o vestido branco, que a Mary usou no dia do nosso casamento, junto com a aliança e uma foto que tiramos no dia. Não tem mais volta, eu perdi tudo o que tinha.