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Era por volta das quatro e meia, quando terminei uma reunião com investidores chineses, e fui para a minha sala. Estava exausta, nunca pensei que uma conversa em mandarim me daria tanta dor de cabeça como hoje. Mas antes que pudesse ao menos pensar em ficar um pouco sozinha, vi minha advogada falando com a minha secretaria. 

— Boa tarde, Sra. Lim. - Ela diz.

— Boa tarde, Sra. Kang. - Respondi. — Nós temos hora marcada hoje?

— Não, mas gostaria de dar as boas novas agora mesmo. - Respondeu e sorriu.

— Se são ótimas notícias, então não deve esperar. Vamos para a minha sala. - Falei enquanto abria a porta. — Por favor, se alguém vier, peça para esperar uns instantes. - Falei para a secretária, antes de fechar a porta.

— Desculpe chegar assim de surpresa, mas eu também fui pega de surpresa. - Ela diz animada.

— Por favor, sente-se e me conte. - falei enquanto ia para a minha cadeira. 

—Hoje mais cedo, seu marido, ou melhor dizendo, ex-marido, assinou os papeis do divorcio, e aceitou o acordo que propus. - Ela diz e me entrega uma pasta com os papeis. 

— Não, isso não é possível. - falei desacreditada, enquanto abria a pasta. — Conversei com Jaebeom, e ele falou que ia assinar quando voltasse de viagem. - Olhei os papeis ainda desacreditada. 

— É possível, e ai está a prova. Ele não aparentava estar muito feliz, como a maioria das pessoas que está se divorciando fica, mas disse que não sabia quando ia voltar de viagem e queria fazer isso antes de ir. - Ela me encara. — Então, agora a senhora não é mais uma mulher casada. Está livre. 

— Eu estou surpresa, feliz e triste ao mesmo tempo. - comentei enquanto terminava de ler. — Eu não sei o que dizer. 

— É normal, algumas mulheres ficam assim, porque querendo ou não, sempre imaginaram estar casadas com seus ex parceiros até o fim, então é um mix de emoções quando se separam. - Ela falou e nos encaramos. — A senhora o amava muito, dá para notar.

— Sim, o amei tanto, que deixei muita coisa no passado, quis mudar, mas quando as coisas começaram a sair do controle, acabei voltando a fazer algumas coisas de antes. - comentei e sorri sentindo meus olhos arderem. — E só de lembrar o que ele fez para chegar a esse ponto, eu sinto que não fui boa o suficiente. - pego um lenço na minha gaveta e enxugo as lagrimas. — Mas então me lembro que não foi minha culpa, pois sempre tentei fazer nosso casamento dar certo, e quando ele começou a correr atrás, já era tarde demais. Agora é um recomeço.

[...]

Já era por volta das dez da noite, quando cheguei em casa com Max, porque o pneu do meu carro furou e tive que trocar sozinha. Não é um bicho de sete cabeças e não precisaria de um PhD para fazer isso. Coloquei meu filho no berço e depois fui tomar banho e comer alguma coisa. Enquanto a carne cozinhava, resolvi comer um pêssego e tomar um iogurte de morango, para saciar um pouco a fome. Fui em direção a sala, e algumas lembranças de quando vim com Jaebeom nas férias se fizeram presentes.

 Foi uma semana divertida, e querendo ou não, sempre que quiser me esquecer do que vivemos, Max sempre vai acabar trazendo a tona as memórias, já que ele é praticamente a cópia do pai. Me sentei na poltrona e também pensei em Jongin. Lembrei das vezes que veio aqui, e da noite que saímos. Suas palavras, seu toque seus lábios... 

 — Por que esse conflito? - pensei alto. — Nunca pensei que estaria nessa situação. 

Senti um aperto no peito, e depois escutei Max chorando. Fui rápido para o quarto, e o peguei nos braços na tentativa de acalma-lo mas não deu muito certo, tentei amamentar mas ele também não quis. Deve ter sonhado com alguma coisa que o assustou, mas ainda fui conferir mais uma vez o seu berço e não havia nada de estranho. Fomos para o outro andar, e ficamos por lá até meia-noite. Comi, e fiquei brincando com ele quando se acalmou e dormiu mais uma vez. 

O levei para o quarto com cuidado e o coloquei em seu berço e fiquei ao lado por alguns minutos, antes de me deitar e tentar dormir. Fechei os olhos e tentei pegar no sono mas ele não vinha, e pensei que ainda era "cedo" mas já era por volta das duas e vinte da manhã. Fiquei surpresa que às horas passaram tão rápido, e ainda não conseguia dormir. Dessa vez, iria tomar um remédio para dormir, mas antes tentar encher ao menos uma ou duas mamadeiras com leite, para que Max, não tivesse contato  com o remédio.

Quando terminei de encher as mamadeiras, já estava amanhecendo e eu estava começando a ficar com sono. Peguei o celular e iria mandar uma mensagem para Mingmei, avisando que não iria hoje para o trabalho, mas vi algumas chamadas perdidas do Youngjae. Olhei as configurações e deixei o celular no silencioso e não notei antes, mas pelas horas em que ele havia me ligado, deveria ser urgente. Depois de guardar as mamadeiras e limpar a bomba extratora de leite, liguei para ele.

Jaebeom pov

Era por volta das dez horas da noite, quando estávamos de tocaia em volta da fazenda. Lucas ficou em uma parte com um pequeno grupo, os outros agentes que estavam vigiando dias antes, estavam em outra parte, e meu grupo estava na parte dos fundos. Não tinha como eles fugirem e se tentarem reagir, estaremos prontos. Alguns minutos se passaram e assim que confirmaram que ele estava na na estufas, foi dado sinal verde para iniciar a missão.

 Os primeiros grupos avançaram e escutamos o som de tiros e vi uma porta ser aberta em uma das estufas, e três pessoas saíram correndo em direção aos fundos, e meu grupo começou a agir. Conseguimos pegar dois deles, e o terceiro continuou correndo, mas consegui deixa-lo ferido, e corri em sua direção com mais quatro policiais, em direção a uma área de mata, onde nos separamos para acha-lo. 

Era um risco grande estar andando sozinho, por não saber se ele estava desarmado ou não. Andei devagar e com minha lanterna na mão, mas fui atingido nas costas e gritei antes de tentar me apoiar firme para não cair, me virando rápido e dando um tiro de advertência mas ainda sim recebi outra pancada na mão, com um pedaço de madeira. Deixei minha arma cair e tive que partir para luta corporal.

 Depois de uma troca de socos, o derrubei no chão, e assim que escutei vozes dos outros agentes se aproximando, dei voz de prisão. Peguei as algemas e me abaixei para prender nele, mas com um movimento rápido, senti algo perfurar a região da minha costela, onde não estava protegida com o colete. 

— Eu posso ser preso, mas você não vai ficar vivo para ver. - ele falou.

Tudo começou a ficar em câmera lenta, os agentes o empurrando, e o prendendo. Depois vi Lucas falando comigo enquanto escutava sua voz longe, então cenas de momentos da minha vida começaram a aparecer e depois tudo escureceu. 

[...]

Vida DuplaWhere stories live. Discover now