13 - James Rodriguez

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S/N tinha acabado de ser demitida do escritório onde trabalhava. Ela atuava na área de gestão hospitalar e por causa de uma fraude administrativa de alguns funcionários - que estavam corrompendo o sistema para desvio de dinheiro -, a equipe inteira havia sido dispensada.

A médica chegara em casa totalmente desolada. Dentre os 17 funcionários do setor, somente ela e mais 4 eram inocentes que acabaram perdendo não só o emprego, mas também a credibilidade que tinham em suas carreiras profissionais.

Cansada daquele dia que parecia não acabar nunca, a loira largou o molho de chaves junto com sua bolsa em cima do aparador lateral do corredor e pendurou o blazer que usava num cabideiro que ficava próximo ao lavabo, antes de chegar até a sala de estar.

S/N chegou até o quarto em passos lentos e tomou um banho quente em total silêncio, se deitando na cama com seu moletom mais confortável logo em seguida.

Por fora, ela estava apática, totalmente inexpressiva. Por dentro, um turbilhão de pensamentos tomavam conta da cirurgiã-ortopedista enquanto ela digeria o fato de que tudo o que havia construído se desfez em segundos diante de sua impotência.

Da vida que levava estando na Colômbia, a mulher amava principalmente a parte de trabalhar no renomado Hospital Central, onde se esforçou o máximo que podia para subir degrau por degrau e construir uma carreira tão notável quanto a instituição.

Agora a consagrada doutora S/N (Sobrenome) sentia-se como se todos os seus sonhos tivessem sido brutalmente destruídos. Afinal, ela estava destruída.

Sua reputação estava completamente dilacerada e o pior: ela era inocente.

Mas, ainda era cedo demais para começar os trâmites judiciais e provar sua inculpabilidade. Contudo, a integridade de sua carreira já havia sido posta em prejuízo devido a desconfiança instaurada. Disso não havia como voltar atrás.

Sem conseguir se conter, a frágil mulher se permitiu derramar as lágrimas e soluços que estavam presos desde o momento da demissão.

Todavia, desamparada, a brasileira acabou adormecendo pelo desgaste do choro.

....

O noivo de S/N havia acabado de retornar à residência do casal após mais um dia de pouquíssimo trabalho em seu departamento no setor público de atividade jurídica. Além de folgado naturalmente, o cargo que (N/Noivo) ocupava em seu escritório permitia com que ele delegasse a maioria de suas atividades à terceiros.

Assim que chegou na sala do apartamento, o homem começou a bagunça de sempre: retirou os sapatos e as meias que calçava e a jaqueta que vestia, deixando tudo jogado em qualquer lugar.

A noção nunca passa por perto desse homem. É impressionante!

(N/Noivo) não sabia que S/N já estava de volta. Normalmente, a noiva até chegava antes dele de vez em quando, mas pelo silêncio da casa em relação a personalidade naturalmente barulhenta que a nordestina tinha, o analista judiciário deduziu que ainda estava sozinho.

Com fome, o homem andou até a cozinha e bufou irritado ao não ver nenhum vestígio de comida pronta esperando por ele.

Tampouco cozinhou.

Subiu para tomar banho e acabou se deparando com a mulher deitada na cama toda encolhida.

Bufou mais uma vez e passou direto, indo de uma vez para o banheiro.

Por causa da demora do colombiano no banho, foi tempo suficiente para S/N acordar e perceber que o noivo já havia chegado. A brasileira levantou presunçosamente e decidiu lavar o rosto em outro cômodo para não incomodar a privacidade de (N/Noivo), que estava relaxando após um dia "cansativo" de trabalho.

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