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|Capítulo 6|

2015

A loira estava sentada ao lado de Jack, enquanto diluía a cocaína, que o mesmo lhe tinha vendido, no uísque servido pelo Richard.

Estava a ser uma noite tão calma como as outras, o que fazia com que Scarlet começasse a pensar nos efeitos que a droga lhe daria. No entanto, o organismo da moça estava mais que habituado à cocaína, fazendo com que a droga já quase não tivesse efeito nela. Por essa razão é que tinha pedido ao traficante para, no próximo dia, lhe trazer marijuana ao invés de cocaína.

Deixou a bebida alcoólica descer pela sua garganta e, seguidamente, sentiu um ardor na mesma. Olhou para o lado, e encontrou Jack a contar o dinheiro que tinha ganho. Era incrível a quantidade de notas que ele tinha ganho, apenas numa noite. Talvez Scarlet entrasse no tráfico de droga, visto que, se o fizesse, passaria a ganhar muito mais do que ganhava a servir às mesas. Mas seria difícil entrar nesse negócio, porque a jovem nada percebia disso.

Sentiu uma presença à sua frente, e olhou para cima. Encontrou o caracolinhos a olhar intensamente para Jack. O moreno não olhava para ela, mas Scarlet sentiu a respiração prender-se na sua garganta devido à intensidade do seu olhar.

"Vai-me entregar isso ao meu lugar." O jovem disse, num tom autoritário. Depois virou costas e dirigiu-se a um dos bancos altos em frente do balcão.

Ela ficou espantada com a autoridade que ele usava na sua voz. Todos sabiam que Jack odiava que lhe dissessem o que fazer, apesar do seu trabalho ser exatamente isso. Certamente que, se fosse outra pessoa a fazer aquela ordem, Jack teria ignorado. Mas o jovem de caracóis deveria ter mais dinheiro que o resto das pessoas naquele bar, por isso, teria também mais poder.

O traficante pôs droga num pequeno saco e, quando se preparava para levantar, Scarlet impediu-o de realizar essa tarefa, agarrando no pulso dele.

"Eu vou." Ela disse e ele assentiu, entregando-lhe o saco com a substância branca.

A loira foi até ao balcão e, antes de chegar ao caracolinhos, apanhou Richard a olhar para ela com um sorriso na cara. Ela sabia muito bem porque ele sorria, e não pode evitar que uma pequena gargalhada saísse pela sua boca. O homem de quarenta anos sentia, nesse preciso momento, orgulho na rapariga com o saco na mão. Sentia orgulho porque sabia que Scarlet ia finalmente falar com o rapaz de cabelos aos cachos. Sentia orgulho dela como uma pai sentia orgulho da sua filha. Ela era como a filha que ele nunca teve, e ele como o pai que ela perdeu.

A moça deixou o saco cair à frente do caracolinhos. Talvez bruscamente demais, visto ele ter dado um pequeno salto quando o saco embateu no balcão de madeira. Mesmo assim, o rapaz não se dignou a olhar para quem lhe tinha entregado a droga, ou a agradecer.

Scarlet não se importou com a rudeza do rapaz. Observou-o a fazer exatamente o que ela tinha feito à minutos atrás: diluir a droga na bebida alcoólica e ingeri-la.

Só quando a loira se sentou no banco ao lado do dele é que ele olhou para ela. Apenas olhou de esguelha, e apercebeu-se logo de que era uma rapariga.

"Eu não dou autógrafos." O loiro disse asperamente.

Scarlet ao inicio não percebeu o porquê dele dizer isso, mas depois lembrou-se. Um dos efeitos da cocaína era ela não conseguir dormir muito bem, e isso fazia com que ela se esquece-se de algumas coisas. Misturando esse facto com o de que ela acabara de beber, é igual a ela pouco se lembrar da conversa com a sua amiga na noite anterior.

"Eu não quero nenhum autógrafo." Ela disse, no mesmo tom áspero. No entanto, o sorriso na sua cara contradizia o tom da sua voz.

"Também não tiro fotografias."

"Eu não quero nenhuma fotografia."

"Então o que é que queres?!"

"Nada." Ela encolheu os ombros.

O loiro abriu a boca para falar, mas nada saiu. Era a primeira vez não queriam nenhuma das coisas anteriores, e doía ser rejeitado quando sempre fora adorado. "Pensei que eras uma fã." Ele murmurou baixo demais.

"Fã? Porque haveria de ser tua fã? Não és o James Hetfield."

"Eu faço parte de uma banda."

"Que banda?"

"5 Seconds of Summer." Esta era, realmente, a primeira vez que isto acontecia. Ele era conhecido mundialmente, falado nas revistas e televisão, como é que ela não sabia quem ele era?

"Oh! Já ouvi uma música. A minha amiga adora-vos. Não percebo o porquê. Eu não gosto mesmo nada de vocês. Para começar não são o meu género de musica, depois são uns aproveitadores."

"Aproveitadores?"

"Sim, aproveitadores. Não sei se reparaste mas vocês cantam tudo o que uma rapariga quer ouvir e, ainda por cima, cantam como se estivessem a falar mesmo para quem está ouvir. Isso é muito inteligente, sem dúvida. É uma maneira fácil de fazer com que elas caiam aos vossos pés e de ganharem dinheiro. Aproveitam-se da vulnerabilidade das adolescentes"

Era uma boa observação. Ao início, ele ainda tocava com paixão, e era mesmo com o intuito de que todas as raparigas se sentisse felizes e como as verdadeiras princesas que elas são. Mas, agora, já não significada nada para ele. Era como se o apoio das pessoas à sua volta não fosse suficiente.

"Desculpa." A rapariga disse depois de momentos de silêncio.

"Hum? Desculpa porquê?"

"Não sei, talvez por ter falado assim de ti e dos teus colegas." Ela encolheu os ombros.

"Nome?" Ele perguntou, talvez pela primeira vez em algum tempo, verdadeiramente interessado em saber.

"Scarlet. E o teu?"

"Ashton." E ele sorriu mentalmente (sim, mentalmente, porque ele não ia deixar que um sorriso ocupasse espaço na sua cara). Há tanto tempo que ele não se podia apresentar por si próprio. Já todos o conheciam, e começava a tornar-se cansativo.

E o silêncio entre os dois voltou. Ambos adoravam silêncio, mas não este tipo de silêncio. Este tinha barulhos de fundo incomodadores: garrafas a bater nos copos, pessoas a falar, a televisão num canal de anúncios... O silêncio que eles gostavam era daquele tipo em que os únicos barulhos de fundo são sons naturais: as cigarras a cantar, o chalrear dos pássaros, as ondas a embater com as rochas...

"Porque nunca sorris?" Scarlet perguntou do nada e Ashton olhou-a diretamente nos olhos.

Pela primeira vez, a loira reparara na verdadeira cor dos olhos moço. Não eram escuros, como ela dizia, tinham cor de avelã, um tom brilhante. Realmente, era difícil conseguir perceber a verdadeira cor do olhos dele, visto às suas pupilas estarem dilatadas por causa da falta de iluminação no bar e, principalmente, devido à droga consumida. Mas, à distância que eles estavam, dava para perceber.

"Apenas não tenho motivos para sorrir." Ele pensou bem na sua resposta e sim, era a melhor e mais honesta resposta a dar. "Mas tu deves ter, estás sempre a sorrir."

"Oh, não! Eu apenas sorrio para não chorar."

"Eu sei como é. É o pior tipo de dor que alguma vez podes sentir. Sentes um enorme aperto no peito porque, simplesmente, usas o sorriso para evitar que percebam o quão mal tu estás e para evitar que água salgada te comece a escorrer pela cara."

Era verdade o que ele dizia, e Scarlet bem o sabia. Sentira esse tipo de dor durante a vida toda, e nada tinha de agradável. Talvez ele fosse a primeira pessoa a compreender o que ela passava todos os dias.

++

Eu sinto-me extremamente estranha ao escrever que o ash está triste quando ele está sempre a sorrir.

Não levem a mal o que eu disse sobre a musica deles, mas, na verdade, eu acho k e verdade o facto de muitas das bandas serem aproveitadoras. N quer dizer que eu n goste da musicas, mas e a mnh opiniao.

Para quem n sabe, o James Hetfield é o vocalista dos metallica.

ily, nunca te esqueças de sorrir :-)

Scar | a.i.Where stories live. Discover now