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|Capítulo 31|

2011

"Estúpida, estúpida, estúpida... Estúpida!" Scarlet foi murmurando essas palavras e gritando a última enquanto corria até ao seu quarto.

Ela conseguia ouvir passos atrás de si, por isso apressou-se a abrir a porta do quarto, a fechá-la atrás de si e a trancá-la com a chave que tinha já na fechadura.

"Porquê que eu fui tão estúpida?" Ela murmurou, farta das suas próprias atitudes.

Depois, deu um pontapé da sua porta e gritou. Como é que ela podia ter deixado aquilo chegar àquele ponto, como?

"Scarlet!" A sua avó bateu à porta com muita força. "Scarlet!" Voltou a gritar a senhora. "Scarlet! Abre esta porta imediatamente! Abre a porta, Scarlet, já!"

Mas a moça não queria fazer isso, não queria mesmo.

"Vai-te embora, avó! Deixa-me ficar sozinha." A loira gritou de volta, com a sua voz a quebrar e os olhos a arderem.

"Não! Tu vais abrir esta porta e já!" A senhora permanecia a bater à porta enquanto gritava, para mostrar que não estava a brincar. "Eu estou a falar a sério, ou tu abres esta porta ou eu arranjo maneira de te tirar daí!"

"Então boa sorte!"

Assim que acabou se dizer essa frase, a moça deixou tudo sair. Os seus olhos deixaram escapar várias lágrimas pela sua face, lágrimas que apenas pararam quando chegaram ao tapete.

"Scarlet! Filha, deixa-me entrar!" Apesar de ainda estar a gritar, Adelaide dizia essa frase de uma maneira mais calma e suave, para mostrar que não ia fazer nada de mal à sua neta. "Ouve-me, vamos conversar, está bem!? Vamos falar sobre isto tudo e esclarecer as dúvidas! Deixa-me entrar no teu mundo e tentar perceber o que se passa contigo, amor, deixa-me fazer isso!"

Não, Scarlet não podia deixar que a sua avó descobrisse mais do que já descobrira. Já tinha sido suficiente para aquele dia, ela não podia contar ou mostrar mais nada.

"Avó," A loira soluçou enquanto tentava falar. "Deixa-me pensar, por favor! Deixa-me sozinha, por umas horas, por favor!"

Ao ouvir a voz cheia de dor da sua neta, Adelaide não conseguiu dizer que não. "Eu volto depois para falar contigo." E, assim, afastou-se da porta e dirigiu-se para a sala, onde ficou á espera que a sua neta decidisse falar com ela.

"Como pudeste ser tão estúpida? Tão estúpida!" Scarlet murmurou para si própria, batendo com a sua mão na sua cabeça, aumentando a dor de cabeça que já tinha de andar aos berros com a sua avó.

Naquele momento, a loira não estava nada bem. Os seus olhos estavam vermelhos e inchados, e começavam a arder. As suas bochechas estavam todas molhadas e a pele começava a ficar vermelha. O seu nariz estava igualmente vermelho e demasiado mucoso. A sua cabeça doía, assim como as suas mãos.

Como não queria piorar o seu estado, a rapariga foi até à sua mesa de cabeceira e tirou um lenço de lá dentro, assoando-se. No entanto, foi em vão, pois, como ela continuava a chorar e a soluçar, o seu nariz continuava também a produzir muco.

Ela só queria puder andar atrás no tempo, como nos filmes. Isso era tudo o que ela queria.

A razão de estar assim tinha sido um acontecimento de poucos minutos atrás. Não tinha sido há muito tempo, e a moça já estava naquele estado.

Depois das aulas, Cole tinha combinado com Scarlet levá-la ao centro comercial para irem ver um filme. E assim fizeram. O final de tarde estava a correr muito bem, até que o mulato pediu à loira para ver os seus braços. Ela não queria mostrar as suas cicatrizes e cortes novos, mas não era como se ele não soubesse do que se passava, por isso ela acabou por fazer o pedido. A moça levantou as mangas da camisa e mostrou a Cole tudo o que tinha nos braços.

Scar | a.i.Where stories live. Discover now