|50|

200 17 32
                                    

|Capítulo 50|

2016

Nas últimas horas, o telemóvel de Scarlet não parava de vibrar. Ela estava a trabalhar, por isso tinha-o colocado a vibrar, mas agora arrependia-se de não o ter colocado em silêncio. A loira sentia aquilo a vibrar no bolso do seu avental de trabalho a cada segundo, e tornava-se difícil distribuir sorrisos falsos aos clientes do café quando tinha algo a irritá-la há horas.

Por fim, a loira chegou ao seu limite. Depois de entregar os dois cafés a um casal que se sentava numa das mesas, pediu licença e foi ter com o seu patrão, que se encontrava no balcão a fazer cafés e a conversar com os clientes habituais.

"Sr. Langdon." Ela chamou-o, aproximando-se dele para não ter de falar alto. "Será que eu podia ir lá atrás ver o meu telemóvel? É que está a tremer há muito tempo e eu pretendia desligá-lo."

"Claro." O homem sorriu e indicou-lhe com a cabeça onde era a porta para o armazém, como que a dizer-lhe para lá ir.

Scarlet retribuiu o sorriso e andou a paço acelerado até as traseiras do café. A verdade é que aquele vibrar todo não só lhe começava a chegar aos cabelos como a começava a preocupar. Como alguém insistia tanto em chamar-lhe à atenção, poderia ser algo importante sobre a sua avó ou outra pessoa importante. Mas o que a preocupava mais era mesmo a sua avó, pois qualquer outra pessoa que era importante para ela conseguiria tratar de si mesmo, mas Adelaide não.

Assim, quando chegou à parte traseira do café, Scarlet tirou o telemóvel do bolso e desbloqueou-o. Começou por desligar o Wi-Fi e depois deu uma vista de olhos pelas notificações, suspirando quando viu que nenhuma delas era uma mensagem ou chamada perdida. Todas as notificações eram do Twitter, o que a intrigava, pois ela não ia à rede social há algum tempo. No entanto, não se preocupou com isso, pois tinha de trabalhar durante mais duas horas. Então, colocou o telemóvel em silêncio, guardou-o e voltou ao café, com um sorriso falso nos lábios e mil e umas questões na sua mente.

Ao fim das duas horas, a loira despediu-se do seu patrão e tirou a vestimenta de trabalho, agasalhando-se com as suas roupas logo de seguida. Quando saiu finalmente do seu local de trabalho, voltou a pegar no seu telemóvel e a tirá-lo do silêncio. Esperou até voltar a casa para ligar o Wi-Fi, pois não queria gastar dados móveis por algo que podia nem a interessar.

A moça sentou-se no seu sofá, já em pijama, e tratou de ler algumas das notificações. Eram quase todas menções. Em geral culpavam-na de algo que ela nem sabia o que era, isso até entrar na aplicação azul.

Mal o fez, arrependeu-se. Mais do que nunca, ela recebia ódio por parte das fãs de Ashton e da sua banda. Toda a gente dizia que Scarlet estava envolvida na decisão do baterista, que ela o tinha levado àquilo, que a odiavam, que a fariam pagar pelas suas ações. Mais à frente é que viu que Ashton tinha anunciado que ia sair da banda.

Ela não percebia a reação dos fãs, nem percebia porque a culpavam a ela. O que ela gostava mesmo de saber era porque o loiro não tinha falado uma única vez com ela acerca da sua decisão. Ainda no dia anterior eles tinham estado juntos e ele tinha sido especialmente amoroso.

Nos últimos dias, Ashton tinha sido sempre muito atencioso com ela. Talvez esse devesse ter sido um sinal de que nem tudo estava bem, mas como é que ela iria reparar? Desde que se começaram a aproximar e que o loiro mostrou o seu primeiro sorriso verdadeiro que ele tinha sido sempre simpático com ela. O baterista preocupava-se e, por essa razão, ser um pouco mais carinhoso do qual o normal não parecia nada de especial, apenas os efeitos depois de terem feito uma viagem juntos.

Mas agora ela via que nem tudo estava bem. E descobriu ainda mais quando recebeu uma chamada de um número desconhecido.

Enquanto ela olhava para todas publicações que falavam dela, Scarlet recebeu uma chamada que atendeu com alguma desconfiança. Mas acabou apenas por ser o produtor da banda.

Scar | a.i.Where stories live. Discover now