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|Capítulo 8|

2015

A moça continuava sem perceber o porquê de terem um porteiro à entrada. Aquilo não era uma discoteca, mas sim um bar.

Decidiu, mais uma vez, ignorar esse tipo de pensamentos e seguiu em frente. Como todos os dias, acenou com a cabeça ao porteiro e entrou, sem nunca lhe dirigir uma palavra.

Surpreendeu-se ao ver que Ashton já lá estava. Não era normal ele chegar antes dela, na verdade, ele nunca tinha chegado antes dela.

Ela não era pessoa de chegar atrasada onde quer que fosse, até costumava chegar antes da hora. Como esse hábito já vinha desde quando era uma criança, ainda hoje o praticava. Sendo assim, costumava ser, no máximo, das primeiras dez pessoas a chagar ao bar.

Hoje não era exceção, ela tinha sido a sétima pessoa a chegar. Mas Ashton tinha sido o primeiro.

Era pouco provável ele ter decidido ser pontual e começar a querer ser o primeiro a chegar ao bar, por isso, algo se passava.

Scarlet decidiu voltar a ignorar os seus pensamentos e dirigiu-se ao balcão.

Richard estava ocupado a olhar para o telemóvel, mas logo que deu pela loira, deu-lhe toda a atenção.

"Então?"

"Quero uma cerveja." Ela pediu.

"Pedes sempre isso, já pensaste em beber outro tipo de bebida."

"Nunca sei o que me vais servir e não quero entrar em coma alcoólico."

"Até parece que o que o que eu te vou dar tem assim tanto álcool. És como uma filha, eu nuca te mataria."

"Desculpa."

Richard suspirou derrotado e deu-lhe a cerveja. Era impossível ter uma conversa com Scarlet.

Depois de receber a sua bebida fresca, a loira olhou para o rapaz de caracóis. Ele estava a cerca de dois metros dela, mas também estava sentado num dos bancos altos em frente do balcão. Tinha o seu olhar nas mãos, estas que estavam a rodear o copo com a substância alcoólica. Mais uma vez, um casaco cobria o seu tronco, mas o cabelo já não lhe cobria a cara, pois estava preso no topo da cabeça. Uma carranca ocupava toda a sua face e os seus olhos mantinham-se sem brilho, como de todas as vezes que Scarlet o observara.

Como da primeira vez, a loira teve a iniciativa de se aproximar dele. Ashton não precisou de a olhar para saber que era uma presença feminina a seu lado.

"Porque estás chateado?" Ela perguntou cautelosamente. Sabia muito bem como as pessoas podem reagir quando estão zangadas, e não queria ver o rapaz a transmitir tal ira.

"Eu não estou chateado." Ele cuspiu. Scarlet tremeu quando sentiu o veneno nas sua palavras e a brusquidão com que elas a atacaram.

"Desculpa." Sussurrou.

"Eu não estou assim por causa de ti, não peças desculpa." O loiro manteve o mesmo tom rude.

E num movimento brusco, Ashton levantou-se do banco e puxou Scarlet com ele. Richard olhou para ela preocupado, mas esta apenas lhe transmitiu um olhar de segurança.

O loiro não a largou até chegarem à rua. Era uma zona escura e sem movimentação, o que era ótimo para uma pessoa como ele.

Encostou-se à parede e deixou-se escorregar pela mesma, até chegar ao chão. Scarlet imitou os seus movimentos, mas invés de colocar as pernas ao peito, como ele tinha feito, cruzou-as.

"Sabes o que é sentir que tudo o que fazes é um desperdício de tempo? Que tu és um desperdício de espaço?" Ele sussurrou aquelas palavras e olhou diretamente nos olhos da loira.

Será que ela sabia o que era sentir-se assim? É claro que sabia, toda a sua vida se tinha sentido um peso na vida da avó. Por isso, ela assentiu.

"Eu odeio esse sentimento, tu não o odeias?"

Desta vez ela acenou com a cabeça negativamente. Ela não odiava esse sentimento, na verdade, ela não odiava uma única coisa.

Da mesma maneira que ela não conseguia amar nada, também não conseguia odiar.

Para odiares algo precisas de espaço no coração - algo que ela não tinha e não era num futuro próximo que iria ter - e precisas de te dedicar a esse ódio. Quando eu digo dedicares-te ao ódio eu quero dizer que tens de tirar um tempo da tua vida para conseguires alimentar esse ódio por algo ou alguém.

A loira não tinha tempo nem paciência para se preocupar com o ódio, por isso não odiava nada. Já lhe chegavam os sentimentos negativos que tinha a ocuparem o seu coração, não precisava de mais um sentimento que todos temem.

O loiro percebeu que a moça não o entendia assim tão bem como ele pensava, por isso, deixou de a maçar com os seus sentimentos.

Scarlet ficou satisfeita com a decisão de Ashton. Não porque não quisesse ouvir o que ele tinha para dizer, mas porque nunca sabia o que responder às confissões das pessoas.

Como mais nenhum deles falou, Ashton tirou o maço de cigarros do bolso. Pegou num e colocou-o sobre os seus lábios. Logo de seguida pegou no isqueiro e acendeu a ponta do vicio, inalando o fumo logo de seguida.

A loira olhou para o cigarro com desejo, e o rapaz de caracóis percebeu isso. Então, voltou a pegar num cigarro. Levou-o até à boca da moça, esta que segurou o cigarro entre os seus lábios carnudos. Seguidamente, voltou a pegar no isqueiro, pôs uma mão à volta do cigarro que permanecia na boca de Scarlet, e acendeu-o.

E assim passaram o resto da noite, na companhia um do outro e a fumar, até um deles se lembrar que ambos têm uma vida longe um do outro.

++

Não revi o capitulo, por isso peço desculpa por qualquer erro que encontrarem.

Eu sei que o ash não fuma (acho eu) mas isto é uma fanfiction e é ficção.

ily, nunca te esqueças de sorrir

Scar | a.i.Where stories live. Discover now