Scar | a.i.

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|Capítulo 10|

2015

Quando era mais nova, Scarlet nunca imaginou que iria trabalhar num café, provavelmente para o resto da sua vida - ou então enquanto o seu patrão a querer a trabalhar lá. Como qualquer outra criança, a loira imaginava vir a ter um trabalho de sonho: atriz, cantora, médica, advogada... Mas a vida nem sempre está do nosso lado e a moça acabou por ir trabalhar num pequeno café.

Era de esperar que ela servisse às mesas, afinal os seus estudos só iam até ao décimo segundo ano, e mesmo assim não tinha acabado o ano com muito boas notas.

Apesar de tudo, Scarlet gostava do seu trabalho. Dava para ajudar a pagar a renda e ainda sobrava para ir ao bar. Para além do mais, os clientes eram sempre pessoas mais velhas e que respeitavam a menina e não a descriminavam pelo seu trabalho inferior. Ela tinha uma atitude que cativava todos, mesmo que o seu sorriso não fosse verdadeiro, conseguia trazer uma certa alegria, e até o seu patrão receava nunca a conseguir despedir por ter imensa compaixão pela moça.

Mais um dia de trabalho, e a hora de almoço estava quase a chegar. O sr. Langdon, o dono do café, tinha ido embora para almoçar com uns amigos e deixara o café à responsabilidade de Scarlet.

A loira estava a limpar as mesas, pois não tinha nenhum cliente, mas parou mal ouviu o barulho da porta a abrir. Olhou na direção da porta e encontrou um individuo com um casaco, um gorro que lhe tapava os cabelos e uns óculos de sol que lhe tapavam os olhos e parte da cara.  Para alguns esta figura seria dificil de identificar, mas ela já tinha visto aquela pessoa assim vestida muitas vezes. Aquele homem já tinha entrado muitas vezes assim vestido no bar, mas depois tirava sempre os óculos. Porém, desta vez deixou ficar tudo vestido, o que era estranho devido à temperatura amena. Só depois Scarlet se lembrou que ele era mundialmente conhecido e muita gente poderia ir atrás dele.

Dirigiu-se à mesa onde o jovem estava e perguntou-lhe, "Queres que eu tape as janelas? Para estares mais confortável cá dentro?" 

Ashton apenas assentiu. Scarlet dirigiu-se à porta e virou o cartaz para 'fechado'. Seguidamente fechou os estores das duas enormes janelas que estavam perto da porta.

O rapaz sentiu-se muito mais aliviado quando Scarlet acendeu as luzes do café, indicando que ele já estava seguro. Tirou o casaco, mostrando a sua camisa preta, tirou o gorro, despenteando os seus caracóis, e tirou os óculos de sol, deixando ver os seus olhos cor de avelã. Scarlet reparou que as pupilas de Ashton já não estavam tão dilatadas, efeito de não ter consumido droga à pouco tempo, e que as suas íris estavam de um castanho esverdeado vivo e brilhante. 

"Que fazes aqui?" Ela perguntou.

"Não posso vir tomar um café, é isso?"

"Desculpa, claro que podes. Apenas acho que poderias ter ido a outro café."

"Disseste que trabalhavas aqui e eu decidi visitar-te." O loiro encolheu os ombros.

"Bem, obrigada por me vires visitar. A única vez que alguém me veio visitar ao trabalho foi a minha amiga e só passou para dizer que tinha de pagar a renda da casa." Scarlet deixou uma pequena gargalhada escapar pelos seus lábios.

"Ao menos eu venho para fazer companhia e beber um café, pelo qual ainda estou à espera."

A loira logo se levantou da cadeira e foi para trás do balcão, onde preparou o café para o único cliente que tinha. Levou a xícara até à mesa onde Ashton estava sentado e pousou-a em frente do rapaz, deixando que este bebesse o esperado café.

"Sabes uma coisa que eu já reparei?" Ashton perguntou depois de alguns momentos onde só se ouvia o som de ele a beber a bebida quente.

A loira manteve o olhar nos olhos do rapaz e abanou a cabeça negativamente, ficando à espera de ouvir a vos dele, que já não estava rouca nem transmitia cansaço.

"Nunca nos encontrámos de uma maneira..." Ashton procurou a palavra certa. "Normal. As únicas vezes que estivemos juntos foi no bar ou no teu trabalho."

"Talvez porque tu raramente sais de dia e porque eu tenho que trabalhar." Scarlet constatou.

"Eu sei. Mas podíamos combinar um dia para estarmos juntos como amigos normais." 

A loira não esperava que Ashton já a considerasse uma amiga, mas não mostrou a sua surpresa. Pelo contrário, decidiu brincar com a situação. "Essa é a tua maneira de me convidares para um encontro?"

"Tens de esperar muito até ires num encontro com o Ashton Irwin." O loiro gargalhou, mostrando as pequenas covas localizadas nas suas bochechas. Scarlet viu-se também a sorrir, um sorriso verdadeiro mas que apenas curvava um pouco das pontas dos seus lábios, pelo simples facto de ser a primeira vez que ele mostrava algum tipo de felicidade. Talvez durante o dia estivesse mais alegre.

"Tudo bem, então isto é um encontro de amigos?" Scarlet propôs.

"Não sei, depende do desenrolar da noite." Ashton manteve o sorriso na cara. 

"Então é durante a noite. Claro, não pudemos deixar que o famoso Ashton Irwin seja apanhado a passear com uma rapariga que não é uma celebridade." A loira continuou com a sua brincadeira.

"Se me vissem contigo iriam logo começar com rumores e a dizer que eras a minha nova namorada. E além do mais, se fossemos de dia a probabilidade do nosso passeio ser arruinado era maior."

"Encontramo-nos aonde?"

"Onde nos encontramos sempre, no bar. Não te preocupes com as horas, chega à tua hora habitual." O loiro pôs a xícara de lado, pousou os cotovelos na mesa e segurou a cabeça com as sua mãos, olhando para Scarlet enquanto um sorriso brincava nos seus lábios. "Fica combinado?"

Scarlet retribuiu o sorriso e disse, "Fica combinado."

Sem dizer mais nenhuma palavra, Ashton levantou-se e vestiu o que tinha trago. Dirigiu-se à porta e quando a abriu, virou-se para trás, puxou os óculos para baixo e piscou o olho à moça. Depois saiu do café, deixando uma rapariga divertida com as atitudes dele.

Scarlet foi à cozinha e encontrou o seu patrão a sorrir. Deduziu que ele tivesse entrado pela porta das traseiras e que tivesse visto a cena entre ela e o Ashton.

"Novo namorado?" O sr. Langdon perguntou.

"Não." Scarlet foi seca para que o tema da conversa acabasse por ali.

No entanto, o seu patrão não deixou a conversa acabar sem antes lhe dizer, "Então é um futuro namorado."