|35|

222 14 8
                                    

|Capítulo 35|

2012

Amor.

Isso era algo de que Scarlet odiava falar. Amor é tão relativo e as pessoas usam essa palavra tão facilmente. Amor parece já nem ter significado algum, todos se parecem amar uns aos outros.

Por isso, a loira odiava o amor. Ela não conseguia dizer que amava quem quer que fosse – ou o que quer que fosse. E isso porque ela realmente não conseguia ter esse tipo de sentimentos; agora já não conseguia. A moça não amava ninguém. Talvez em tempos tivesse amado os seus pais, mas agora já não.

No entanto, haviam coisas e pessoas pelos quais ela tinha sentimentos especiais. Scarlet adorava a sua avó, apesar de tudo. Adorava o cheiro a orvalho e o som dos carros a passarem pelas estradas, ao qual já estava bastante habituada. Adorava os Metallica e a cor vermelha. Adorava, de paixão, arte árabe, por lhe trazer uma tranquilidade enorme. Mas havia alguém que ela adorava mais que isso tudo. Ela adorava, e adorava mesmo, o Cole.

Por alguma razão, aquele rapaz tinha conseguido que ela sentisse felicidade temporária; ele tinha conseguido com que Scarlet sorrisse de leve, sem ter de se forçar a fazê-lo. Cole fazia com que ela se sentisse quente por dentro e com que se sentisse segura perto dele. Ela não precisava de estar sempre a beijá-lo, como muitos casais não tinham vergonha de fazer, a loira só precisava de estar perto dele para começar a sentir uma sensação estranha mas boa no fundo da barriga.

Scarlet nunca lhe tinha dito que o amava, porque não o amava mesmo, mas ela tinha a certeza de que, se amor existisse mesmo, não poderia ser muito diferente do que ela sentia sempre que o mulato lhe agarrava na mão e lhe dava um leve apertão.

Por ter sentimentos tão fortes pelo moço, nem uma vez Scarlet desconfiou do namorado. Ela não tinha razão para tal, pelo que ele estava sempre a segredar-lhe o quão importante ela era para ele. A loira dava-lhe liberdade para falar com outras raparigas, tal como o contrário acontecia.

Numa manhã, no primeiro intervalo, Scarlet tinha ido à casa de banho, prometendo à sua amiga do grupo que ia ter com ela ao pavilhão onde teriam a próxima aula. Depois de ter feito tudo o que tinha a fazer, a moça começou a andar para o ponto de encontro, mas não sem parar a meio.

Enquanto percorria o seu caminho, ela tinha avistado Cole, não muito longe, encostado a uma parede, com uma rapariga ao seu lado. Não era surpresa nenhuma, muitas vezes ele era abordado por raparigas mil vezes mais atraentes que Scarlet, na opinião da mesma. O tom de pele raro naquela zona do rapaz, era algo que atraía bastante a população feminina. O que não estava correto não era o comportamento da rapariga, mas o de Cole. Nunca antes a loira tinha visto o seu namorado a sorrir tão abertamente a uma rapariga que não era ela mesma. Ou a estar com uma distância tão pequena entre ele e outra rapariga senão a sua namorada, por respeito à mesma. Mas ali estava ele, com o sorriso lindo que a loira tanto adorava e o seu braço a raspar no da rapariga que também estava encostada à parede.

O que Scarlet sentia ao vê-los aos dois não era ciúmes, era insegurança. Mas a moça abanou a cabeça e continuou a andar, confiando a cem por centro no mulato.

E o resto do dia passou de maneira bastante ordinária, sem grandes novidades entre os amigos, apenas que Mei tinha voltado a arranjar namorado. Nada de extraordinário, pelo que a insegurança que ela tinha em si mesma a levava a ter vários namorados para se sentir bem.

Só no dia seguinte, ao saírem da escola, é que Cole quis ter uma conversa séria com Scarlet. Ela não estava assustada, não era a primeira vez, e nunca era tão sério como o moço dava a entender.

Scar | a.i.Where stories live. Discover now