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|Capítulo 22|

2015

Fumar é algo que todos te dizem que não deves fazer. Todos dizem e estão constantemente a lembrar-te de que fumar mata. Mas, a verdade, é que toda a gente morre. Todos os que estão, neste momento, vivos, vão morrer a certa altura. Por isso, porque não fumar e ter a certeza de que vais comandar a tua morte? Se tu fumares, o mais provável é que a tua morte até seja relacionado com o tabaco, e assim foste tu que te mataste a ti mesmo.

Scarlet apenas fumava porque queria relaxar, não era porque queria morrer. A morte por tabaco é uma morte tão dolorosa que nem passava pela cabeça da loira morrer por causa disso. Ela lembrava-se tão bem de quando o seu professor de ciências tinha mostrado imagens de pessoas que estavam no hospital por causa do tabaco, e ela não queria ser uma daquelas pessoas.

Mas fumar era tão relaxante, e um cigarro por dia não a matava. Com isso em mente, Scarlet levantou-se da cadeira onde sentada e pediu a Richard a chave para abrir a porta que levava ao telhado. Sem perguntar porquê, o homem deu-lhe a chave e a loira começou a subir as escadas até chegar à porta que ligava ao interior. Colocou a chave na fechadura e rodou duas vezes. Ao abrir a porta, pode sentir o ar fresco noturno.

A noite sempre foi algo que Scarlet gostou. O mistério, a escuridão, a solidão, o sossego. Não há nada que ela não goste sobre a noite, é apenas a parte mais bonita da vida. Antes ela gostava da noite para que pudesse chorar e cortar-se sem ninguém descobrir, mas, com o passar do tempo, ela aprendeu que a noite é muito mais do que o momento onde te podes esconder. A noite traz-lhe o sossego que ela precisava para pensar e mostra-lhe a beleza das coisas noutro ponto de vista, e isso é suficiente para que Scarlet se apaixone pela noite.

Andou até à berma do telhado e olhou para baixo. O edifício não era muito alto, por isso não dava para observar grande parte de Los Angels, mas dava para ver o suficiente. Esta era uma parte escondida, pelo que não havia muita gente. Havia outros edifícios tão altos que tapavam a visão para as estrelas, e isso entristecia a rapariga.

Cansada de observar a cidade que já várias vezes tinha julgado, Scarlet afasta-se da beira do telhado e sentou-se no chão, cruzando as pernas. Tirou um maço de tabaco do bolso do seu casaco e prendeu-o entre os seus dentes. Procurou um isqueiro no bolso, mas percebeu que se tinha esquecido dele.

"Merda." Ela sussurrou para si mesma, voltando a guardar o cigarro.

"Tens o hábito de falar sozinha?" Uma voz disse por detrás dela, como se achasse piada à situação.

"Não, só quando me esqueço da porcaria do isqueiro."

Só quando lhe tocaram no ombro é que Scarlet virou a cabeça, encarando um Ashton sorridente. "Toma." Ele disse, entregando-lhe um isqueiro.

A loira voltou a pegar no cigarro e a prende-lo entre os lábios e, desta vez, acendeu a ponta do cigarro. Ao expirar o fumo tóxico olhou para Ashton. Ele tinha-se sentado ao lado dela e olhava em frente, dando assim a oportunidade de Scarlet apreciar o seu perfil.

"Não queres fumar?" Ela questionou-o e ele abanou a cabeça negativamente. "Era só que assim pagava-te já o cigarro que gastaste comigo."

"Ainda te lembras disso?" O loiro perguntou, virando-se para que pudesse olhar para os olhos de Scarlet.

"Claro que me lembro. Foi a primeira vez que soube de alguém que sentia o mesmo que eu. Tu disseste-me que sentias que eras um desperdício de espaço e eu também me sentia assim."

"Na verdade, eu fiquei bastante triste quando disseste que não odiavas esse sentimento." Ashton fechou os olhos e inspirou o ar ao sentir a rapariga a expelir o fumo pela boca.

Scar | a.i.Место, где живут истории. Откройте их для себя