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|Capítulo 45|

2014

"Claro, assim farei." Scarlet forçou um sorriso quase perfeito e acenou com a cabeça. "Muito obrigada."

Depois, a loira ajeitou a sua mala que estava poisada no seu ombro e saiu do café, voltando-se para trás para voltar a lançar um sorriso muito bem fingido ao dono do café. De seguida, voltou a virar-se para a frente, suspirando e franzindo um pouco as sobrancelhas. Finalmente. Depois de umas cinco entrevistas só naquele dia e, no total daquela semana, umas vinte e três, a loira tinha finalmente conseguido arranjar um emprego decente.

A todas as entrevistas que tinham ido as pessoas ou ofereciam muito pouco, nem o suficiente para pagar a renda da casa, ou diziam que ela deveria pelo menos os primeiros três anos de universidade (o que era estúpido pois não era como se um cliente de uma loja de roupa começava a falar com ela acerca estatística ou engenharia), ou queixavam-se do visual dela, dizendo que ela parecia um pouco desleixada. Ninguém parecia agradado, principalmente pelo seu nível de escolaridade. Mas que raio? Ela tinha o décimo segundo ano, não era nenhuma incompetente!

Até que enfim que Scarlet tinha encontrado alguém disposto a dar-lhe uma oportunidade. O Sr. Langdon era bastante simpático e parecia sentir empatia pelos jovens. Talvez por isso tenha simpatizado logo com a moça. 

O seu futuro patrão tinha-lhe dito que tinha uma filha que andava com dificuldades em arranjar um emprego na sua área, turismo, pois era a época baixa. Essa poderia ser uma das razões para ele ter tido que a contrataria logo a seguir a umas sete perguntas. O senhor nem disse que ia pensar, aceitou-a logo como part-timer. Até porque ele já lá tinha outra pessoa que trabalharia como part-timer, por isso não precisava de Scarlet a tempo inteiro. O que era bom porque a loira não teria de trabalhar muito mais receberia um salário razoável e alto o suficiente para a satisfazer.

Basicamente, o dia corria-lhe bem e, mesmo que sorrisse verdadeiramente, a rapariga estava um pouco feliz. A única coisa que precisaria para a pôr de melhor humor seria encontrar um rapaz disposto a ter relações sexuais com ela, o que não era difícil de arranjar. Mas só Há noite, quando os bares e discotecas estão cheios.

Para celebrar o seu feito, Scarlet teve a ideia de ir comer um bolo. Já eram cinco da tarde e ela não comia nada desde o almoço. E, como já tinha perdido todos os seus preconceitos com o seu corpo, a loira nem pensou duas vezes ao entrar num café com uma montra de bolos bastante apelativa. 

Mal estava lá dentro, a moça dirigiu-se ao balcão e, como não havia fila, pediu o bolo que lhe pareceu mais saboroso.

"Tens a certeza de que queres isso? Está aí desde ontem?" A rapariga morena que estava ao balcão questionou-a com a voz muito baixa para que só Scarlet pudesse ouvir.

"A sério?" A loira franziu as sobrancelhas. Não gostava nada de bolos a não ser que tivessem sido feitos no dia, por isso, já gostava da rapariga que a estava a atender. "Então e o xadrez?"

A moça com um avental castanho abanou a cabeça. "Não aconselho. Eu adoro xadrez mas não gosto nada desse."

"Há aqui alguma coisa boa e feita hoje?" Scarlet olhou para a moça, já impaciente. Ela pensava mesmo que aquele era um bom café, os bolos tinham tão bom aspeto.

"Há." Ela sorriu. Tinha um sorriso bonito e branco, como de uma modelo nos anúncios de pastas de dentes. A rapariga foi buscar uma fatia de uma tarte de nata simples e coocou no balcão. "As tartes de nata daqui são ótimas. A sério, aconselho."

"Tudo bem. Quero a tarte de nata, sendo assim."

A moça acenou e tratou de carregar num botões, dizendo o preço logo de seguida. Assim que deu o dinheiro e recebeu o troco, Scarlet forçou um sorriso que não mostrava quaisquer covas e pegou no prato com a fatia de tarte, indo se sentar numa das mesas disponíveis.

Quando a loira acabou de comer, levantou-se, deixando o prato em cima da mesa pois sabia que alguém o levantaria. Ela estava tranquila mas, mal saiu à rua, sentiu uma mão agarrar-lhe o braço, fazendo-a virar-se com as sobrancelhas muito franzidas. Era a morena do balcão.

"Olá, outra vez." A rapariga mantinha aquele sorriso lindo, talvez demasiado lindo, mas não falso com certeza. "Queres partilhar um apartamento comigo? É que o apartamento que eu aluguei começa a ser demasiado caro para mim pois eu tenho ainda que pagar as propinas da faculdade de direito e tu pareces ser uma rapariga simpática. Que me dizes?"

Os olhos da loira estavam arregalados. Ela estava surpreendida com a frontalidade da morena. Mas começou a pensar de verdade na proposta. Apesar de não conhecer a rapariga, ela parecia simpática e que se esforçava. Não deveria ser muito mau partlhar um apartamento com ela, até porque Scarlet estava com necessidades de poupar dinheiro.

"Já agora, qual é o teu nome mesmo?" Ela perguntou.

"Oh, pois." A morena bateu na sua própria testa e gargalhou. Também as suas gargalhadas eram bonitas, eram harmoniosas, mas não falsas. "Desculpa. Sou a Alina."

"Bem, eu sou a Scarlet." A loira fingiu um sorriso pela primeira vez naquela conversa.

"Tipo, Scarlett Johansson?" Ela inclina a cabeça para o lado. Era também adorável.

"Nope. Tipo Scarlet, a cor."

"Oh, que interessante." Ela continuou a sorrir. "Mas que me dizes?"

"Acho que não fazia mal partilhar um apartamento." 

Depois disso, as duas trocaram contactos para puderem combinar as coisas melhor. Mal sabia Scarlet que ia começar a viver com uma rapariga que detestava cigarros, eram uma fangirl, considerava a educação das coisas mais importantes e que não estava para brincadeiras quando dinheiro estava em jogo. Mas também não sabia que viria a adorar e a ser adorada por Alina, nem que elas se tornariam como irmãs em apenas um ano.


Scar | a.i.Where stories live. Discover now