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|Capítulo 25|

2011

Ter medo é algo que toda a gente nega.

Não, o escuro não provoca medo. Não, aquela tempestade não é aterradora. Não, o filme era tudo menos assustador.

Claro que essas frases são mentiras. Toda a gente tem algo que teme mais do que outra coisa e treme só de ouvir falar disso. Mesmo sabendo que não são os únicos com esse medo, as pessoas negam ter medo. Essa ação é estúpida, ter medo é normal. É irracional dizer que não têm medo de algo quando, na verdade, até têm. Porquê mentir?

Obviamente, orgulho é algo que todos têm em demasia. E é esse orgulho que nos impede de admitirmos os nossos medos. Ter medo é sinónimo de ser fraco, e ninguém quer ser fraco. Por isso, o orgulho leva a melhor e todos se fazem de fortes e corajosos.

Tal como a maioria da população - se não toda - Scarlet era demasiado orgulhosa. Ela nunca admitiria a quem quer que fosse que estava com medo de algo. Ela achava estúpido que as pessoas não admitissem que tinham medo de certas coisas, mas a loira fazia o mesmo que os outros.

Sem saber, Scarlet estava constantemente a mentir a si própria. Toda a gente o faz. Toda a gente mente a si próprio todos os dias. A mente das pessoas já está tão habituada a enganar-se que já o faz com uma grande naturalidade. Por isso, também nos faz acreditar que não temos medo de nada.

 No entanto, a maioria das pessoas sabe que, lá no fundo, tem medo disto ou daquilo. Ainda há aquelas poucas pessoas que não têm medo nenhum de admitir os seus medos. Essas pessoas é que deveriam ser intituladas de corajosas pois, mesmo sabendo que podem fazer troça delas, elas admitem os seus medos.

Scarlet nunca tinha pensado muito nos seus medos, por isso não os admitir. Ela sabia eu não tinha medo do escuro, ou de aranhas, ou de alturas, mas também não sabia ao certo do que tinha medo. Talvez não tivesse mesmo medo de nada, quem sabe?

Uma das coisas que ela achava estranho era ela nunca ter sentido medo, pelo menos que se lembrasse. Então, num sábado, Scarlet ocupou-se de pensar sobre o que ela temia.

É difícil de descobrir do que tens medo quando não te lembras de o sentir, mas ela ia conseguir.

Enquanto estava deitada na cama, ela recordou o que tinha causado toda aquela confusão. Quando se tinha suicidado e tinha morto a sua mãe. Scarlet lembrava-se do terror que tinha sido ver os seus pais, ambos deitados no chão, a sangrar. Ela lembrava-se do sentimento de perda e de sentir que estava sozinha. Isso tinha-a aterrorizado.

Scarlet apercebeu-se que, no meio de muitos medos que ela podia ter, ela temia ser deixada sozinha. Ela não conseguia aguentar o pensamento de, um dia, estar completamente sozinha, sem a sua avó, sem os seus amigos, sem ninguém. 

Ao pensar nisso, Scarlet deu por si a chorar. Era como bastasse pensar na possibilidade de vir a estar sozinha no mundo para que ela tremesse de medo. As suas mãos tremia e os seus olhos deitavam lágrimas, mas ela sabia que aquilo ainda não tinha acabado; ela temia muitas mais coisas.

Outra coisa que ela deu por si a relembrar, era o quanto ela não queria ser fraca. Nunca antes a loira tinha dado atenção a isso mas, naquele momento em que ela pensava sobre isso, ela percebeu que ela apenas tinha medo de se vir a tornar numa pessoas fraca.

As pessoas fracas são pessoas que não têm controlo sobre si mesmas, e Scarlet não queria ser isso. Ela sempre fora uma rapariga independente e assustava-a saber que se podia tornar numa rapariga fraca. Bastava ela ficar viciada em cortasse e ela tornar-se-ia numa fraca.

Scar | a.i.Where stories live. Discover now