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|Capítulo 9|

2008

Aquele dia não estava nada a ser agradável para Scarlet. Não havia uma explicação óbvia para isso, apenas tinha acordado maldisposta. Talvez fosse porque o sol não brilhava tanto como nos outros dias, ou então era porque o seu pequeno almoço lhe tinha caído mal.

Entrou na casa de banho, mais uma vez. Ela odiava estar com a menstruação, mas era uma coisa que ela não podia evitar.

Mal abriu a porta da casa de banho feminina, ouviu duas raparigas a falar.

"Tive quase nota máxima no teste de história! A professora disse que só me faltava ter mais um pouco da percentagem de uma das perguntas que valia mais para conseguir ter o total."

"Eu também! A minha mãe vai ficar tão orgulhosa."

Scarlet apressou-se a entrar para dentro de uma das cabines.  Tentou esquecer-se do que as raparigas tinham dito, mas não conseguiu.

Ouvir aquelas duas meninas a comentar o quão boas alunas eram, fez com que a loira se sentisse pior consigo mesma. Ela nunca conseguira ter notas excelentes, apenas tinha notas razoáveis, isto quando não tinha negativa.

Era impressionante como toda a gente parecia ser fantástica em alguma coisa e ela era apenas, bem, ela.

No último teste que recebera tinha tido um pouco a cima de negativa. Quando chegou a casa e o mostrou à avó, a senhora apenas disse que estava feliz pela neta não ter tido negativa. Não mostrou qualquer tipo de orgulho ou de satisfação, apenas alívio pela neta não ter dito uma nota abaixo do razoável.

Scarlet sabia que a avó não tinha grandes expectativas para a neta, nem ela mesma tinha, mas doía saber que não havia ninguém com orgulho nela.

A avó estava tão habituada a que a neta fizesse coisas menos boas que já nem se importava com o facto de ela se manifestar da maneira errada. Para não ficar desiludida, ela não tinha grandes expectativas. Assim, se a neta fizesse algo de errado, não teria uma grande desilusão, mas se a neta fizesse algo espetacular e muito bom, a avó iria surpreender-se pela positiva.

E isso fazia Scarlet sentir mal. Mas o pior era que nem ela acreditava em si mesma. Ela já nem esperava ter uma nota excecional ou em ter uma atitude bondosa. Essa não era ela.

Porque é que ela não podia ser como os outros alunos normais que tinham boas notas? Porque não conseguia ela surpreender a sua avó como os outros alunos surpreendiam os seus pais? Seria assim tão difícil ser como os outros e sentir-se bem consigo mesma?

Manteve-se sentada no tampo da sanita a pensar no quão já tinha desiludido a sua avó. As raparigas já tinham ido embora e o toque para irem para as aulas já tinha suado, pelo que ninguém estava na casa de banho. Sendo assim, decidiu sair da cabine, visto também já ter feito o que devia.

Olhou-se ao espelho e, mais uma vez, sentiu-se inferior. Ela não era como as suas colegas que se produziam e tinham um espeto superior e mais maduro. Ela não tinha o aspeto que desejava ter, ela era apenas ela.

Às vezes seres tu próprio é difícil, sendo que nunca te achas bom o suficiente. Odeias cada pequena parte tua, porque simplesmente não és como os outros. E era assim que a loira pensava.

Olhou para a sua reflexão no objeto de vidro e reparou que uma pequena lágrima tinha escapado. Visto não querer ser apanhada a chorar, voltou para dentro do cubículo onde tinha estado há minutos atrás.

Ela estava sentimental porque estava com a menstruação, e o facto de se estar a sentir tão inferior não ajudou a que ela conseguisse segurar as lágrimas. Deixou tudo o que tinha sair para fora, em forma de lágrimas.

Pela primeira vez, encontrava-se a chorar, escondida, na escola. Não era uma boa sensação, mas aliviava o que ela estava a sentir.

Sem que soubesse o porquê, sentiu uma necessidade de voltar a passar as unhas pela pele. Talvez o facto de ter sido tão aliviante das outras vezes fizesse com que o seu organismo quisesse voltar a sentir aquela pequena dor aguda que ela sentia quando passava as unhas pela pele.

Visto essa necessidade inexplicável, começou a passar a unha do dedo indicador direito pelo pulso esquerdo. Fazia pouca força, como se se estivesse a coçar. Mas rapidamente reparou que não era suficiente e fez mais força.

As água salgada continuava a escapar pelos seus olhos e ela já nem evitava que elas saíssem. Traçava a unha por todo o antebraço, sem ligar às marcas que deixava. Era apenas uma unha, não deixaria marcas permanentes.

Quando achou que era suficiente, afastou a mão direita do braço esquerdo. A sua respiração estava acelerada e irregular, mas ela sentia-se mais calma do que nunca.

Deixou-se estar encostada à porta da cabine enquanto as lágrimas secavam nas suas bochechas. Mas quando ouviu o toque, levantou-se e saiu daquele cubículo. Fez uma concha com as mãos e encheu-a com água. Levou a pequena quantidade de água à cara e deixou que esta a refrescasse e tirasse qualquer vestígio que de estivera a chorar. Seguidamente, saiu da casa de banho e andou de cabeça erguida, fingindo que nada tinha acontecido.

++

peço desculpa pelo grande atraso, mas agora eu já não tenho testes nem trabalhos porque hoje já consegui despachar tudo. e também já organizei as ideias sobre esta história por isso devo atualizar mais, apesar de eu estar sem net durante algum tempo

ily, nunca te esqueças de sorrir :-)

Scar | a.i.Where stories live. Discover now