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|Capítulo 38|

2016

Era como se tudo se estivesse a repetir e ela odiava isso. Ela não gostava nada de se sentir como uma rapariga de quinze anos que descobrira o amor pela primeira vez. Ela não gostava nada de se sentir como um cachorro que passa a tarde toda à porta à espera que o seu dono chegue a casa. Era tão irritante que a loira já nem sabia como agir.

Scarlet estava farta de se sentir assim. E tudo por causa de um rapaz que tinha decidido não ir ao Grand Castell durante uma semana. Tinham passado literalmente sete dias desde a última vez que Ashton tinha ido ao bar. Ela só queria que ele aparecesse à porta do bar ou que a fosse visitar ao sítio de trabalho (apesar de terem combinado não fazer isso).

A loira só queria pegar no telemóvel e ligar ao moço, mas não faria. Apesar de estar curiosa, Scarlet não ia, e não ia mesmo, ligar a Ashton. Ela não queria estragar a sua imagem de mulher independente, e ligar a Ashton a perguntar o que se passava daria a imagem de que ela precisa de saber por onde ele andava para estar descansada. E era verdade, mas ela não admitiria.

Felizmente, para ela, naquele dia, depois dela cumprimentar o segurança e entrar no bar, Scarlet avistou logo o rapaz de cabelo loiro sujo sentado nas bancadas a falar com o homem calvo. No entanto, não tinha sido o facto dos dois homens estarem a conversar que a tinha espantado, mas sim o cabelo agora curto que Ashton tinha.

Dando passadas largas, a moça dirigiu-se até a bancada e sentou-se num dos bancos, olhando para Ashton intensamente, avaliando o seu novo penteado. O moço, sem perceber o que se passava, apenas olhava de volta, visivelmente desconfortável.

"Ela está assim porque já não tens caracolinhos." Richard respondeu à pergunta que o outro homem não ousava fazer.

"Oh." Ashton exclamou, enquanto olhava para o seu copo que continha a bebida alcóolica ainda a meio.

Scarlet, ainda a avaliar como lhe ficava o penteado, pediu uma cerveja fresca. Mal a serviu, o homem calvo afastou-se dos dois jovens, dando-lhes espaço e liberdade para terem as suas conversas.

Ela deu um gole maior do que podia aguentar à bebida e limpou a boca à manga do casaco, comentando logo de seguida, "Ficavas muito melhor com o cabelo longo."

Ao ouvir isso, o loiro encolheu ligeiramente, movimento que não passou por despercebido a Scarlet. Ashton apenas tinha cortado um pouco o cabelo, nunca lhe passara pela cabeça que o penteado fosse tão mal aceite pela loira.

Na verdade, o penteado não lhe ficava muito mal. A rapariga sabia que apenas demoraria uma semana para se habituar. Ela apenas tinha medo de não voltar a ver o Ashton antigo, aquele rapaz que ela não conhecia mas já tinha visto antes.

Com efeito, por achar realmente que ele não estava tão mal quanto isso, ela disse, "Não estás assim tão mal."

E, apesar de ele não responder, Scarlet pôde ver pelo canto do olho Ashton a elevar um pouco a cabeça com orgulho e a deixar os seus lábios curvarem-se por um segundo.

Ainda em silêncio, os dois jovens acabaram as suas bebidas. Scarlet dava cada gole maior que o anterior, como se estivesse com pressa, e, por vezes, engasgava-se e tossia por segundos. Ashton bebia vagarosamente e sem ligar à parvoíce que a moça a seu lado fazia.

Quando acabou a sua bebida, a moça bateu com a garrafa de vidro em cima do balcão, provocando um barulho ensurdecedor a qual ninguém ligou. Por momentos, pensou em ir comprar droga, mas lembrou-se de que John não lá estava. Ele só lá ia a partir da meia-noite e ainda nem onze e meia eram. Scarlet não o censurava. Há muitos sítios onde antes da meia-noite se pode ganhar bastante dinheiro com esse negócio e a verdade era que, num bar, não se ganha assim tanto dinheiro a vender droga. Um bar não é uma discoteca.

Scar | a.i.Where stories live. Discover now