Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun

Capricórnio

A desistência começa quando damos valor apenas a coisas grandes. Quando tudo a sua volta tende a dar errado, resta se apegar aos pequenos detalhes até que a junção do pouco se torne muito.

Gun Atthaphan entendia isso muito bem. Ele nunca desafiou a vida a perguntando o quão fundo ela poderia cortar. Ele viu pessoas irem e virem, tão rápido quanto a passagem da primavera para o verão, e mesmo tentando convencer seu subconsciente a se acostumar com isso, no fundo de sua alma ele desejava alguém que estivesse disposto a ficar.

A três anos atrás, Gun se formou no ensino médio, e apenas um ano depois, ingressou na faculdade de Antropologia. O gosto por estudar e compreender crenças, custumes e manifestações culturais de uma sociedade sempre foi de seu interesse. Lá, ele conheceu alguém que moveria os palitinhos' para que sua vida caminhasse: Tay Tawan.

Tay era um homem que tinha como mesmo objetivo fazer o bacharelado em antropologia cultural, e seus valores surgiram diante de um determinado princípio: Tawan era adepto ao paganismo, além de um cartomante excêntrico. - Por consequência, a convivência com ele fez Gun desenvolver uma obsessão em relação a astrologia.

Em específico o que mais lhe chamava a atenção, era a ideia de possivelmente ter algo que ele sempre desejou: uma alma gêmea.

Olhando para o céu em noites soturnas, Gun encarava as constelações, as contornando com os dedos enquanto pedia com fervor para que algum dia, o universo pudesse trazer o parceiro prometido a sua alma até ele. - Um desejo nada saudável de ter alguém que completasse seu espírito solitário.

Quando fez vinte anos, durante a manhã de seu aniversário, Tay resolveu lhe dar um presente que se tornaria o mais especial de todos.

- Uma tatuagem?

- Vamos marcar a sua maioridade na pele.

- P'Tay, eu gosto de surpresas. Mas você não acha que deveria ter me contado antes? Eu nem tive tempo de pensar em um desenho. - Gun se virou para Tawan com um olhar aflito, e o viu sorrir.

- O tatuador pode te ajudar com isso, pense em fazer algo especial, alguma coisa que combine com você.

- Tipo?

- O que te levou até aqui, o que te guia, o que te deixa esperançoso. Uma frase, um desenho...

Atthaphan parecia ainda mais ansioso, mas não ousou fazer desfeita desse presente. Afinal, era realmente especial, e literalmente marcante.

Ao entrar no estúdio, ele observou o que estava a sua volta; como sempre admirando os pequenos detalhes. Era aconchegante, a cor preta predominava, o ar era perfumado e tudo parecia muito novo. Um pouco distante da entrada, dois homens conversavam entre si, e pareciam realmente entretidos.

- Com licença. - Gun chamou o balconista, mas a voz fez ambos se virarem.

O rapaz bem vestido atrás da recepção, olhou rápido para uma prancheta antes de encarar o cliente novamente.

- Atthaphan Phunsawat?

- Ele mesmo. - Foi Tay respondeu por seu amigo dessa vez.

- Certo. Foi ele marcou o segundo horário, Off. - Disse virando o rosto para encarar o outro homem, que mantinha uma postura folgada e usava uma roupa clara. Além de ter um rosto extremamente atraente e chamativo, que poderia ser tanto muito amigável, quanto muito sedutor.

- Oh. - Off se virou e sorriu para Gun, que retribuiu da mesma forma, expondo suas lindas covinhas. - Já tem ideia do que quer fazer?

- Na verdade... - Atthaphan lançou um olhar afiado para Tawan, que fingiu não perceber. - Eu vou precisar de ajuda com isso.