Carência

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O gosto do álcool desceu como ácido pela garganta de Off Jumpol, ele havia negado os xotes. Preferiu manter a promessa de se conter ao máximo, mas isso não era sinônimo de desejar ficar sóbrio enquanto o fogo queimava sua pele.

— Sozinho? - Uma mulher alta de fios loiros se sentou ao lado do homem. Ele procurou com o olhar onde estava seu melhor amigo, e o encontrou jogando sinuca com desconhecidos.

— Estou com um amigo.

Ela acenou em concordância.
— Está afogando as mágoas?

— Talvez.

— Já pensou em afogar ela em outra coisa que não seja uma bebida?

— Eu prefiro a bebida. - Jumpol mostrou sua aliança e a mulher apenas sorriu.

— É uma pena, ela é uma mulher de sorte.

O tatuador virou o resto do drink, e pediu outro logo em seguida.

— Quem sabe.

— Quem sabe? - Ela arqueou a sobrancelha: - Ela é o motivo de você estar aqui?

— Por que você está aqui?

— Um encontro entre amigas, depois de ter meu coração despedaçado. Talvez tenhamos algo em comum.

— Você tem um jeito diferente de afogar suas mágoas.

— Ajuda mais que uma bebida. Vai me dizer que você não gostaria de uma companhia para uma noite assim?

Off riu de forma silenciosa, apenas com seu sorriso aberto enquanto encarava o copo que havia acabado de receber.

— Eu queria. Esse lugar já perdeu a graça.

— Então...

— Senhor. - Ele chamou o garçom que o encarou com a sobrancelha arqueada, e Off virou o rosto para a ela - Quantas amigas vieram com você hoje?

— Duas.

— Tem alguma bebida que goste?

— Eu aceito qualquer uma.

— Peço três taças do seu melhor drink para a mesa dela, tudo bem?

— Sim, senhor.

Jumpol colocou o dinheiro na bancada e se levantou.

— Aonde você vai?

— Banheiro. Aceite a bebida como um pedido de desculpas por recusar o convite.

— Oh... certo, eu peço desculpas pela insistência.

Off fez uma breve reverência com a cabeça e foi em direção ao corredor do bar. Abriu a porta do banheiro e se apoiou na pia, sentindo seu corpo quente e sua visão oscilando enquanto encarava sua própria imagem no espelho.

— Eu não bebi tanto assim, eu juro. Mas ainda sim quero ligar para você. - Ele falava sozinho, rapidamente ascendeu a tela de seu celular na intenção de checar a hora; já passava da meia-noite. - Eu não vou ficar com raiva se você não me atender. - Comentou enquanto ligava para aquele que fazia falta.

"Off?"

— Você atendeu mesmo. - Ele riu sozinho.

"Você está bem?"

— Na verdade eu quero chorar agora. Você deveria vir aqui.

"Papi, são duas horas da manhã, e eu já estou embaixo das cobertas."

— Lek, eu quero você... aqui.

"Você prometeu que não iria exagerar."

— Eu não fiz isso.

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Where stories live. Discover now