Preocupações

122 23 40
                                    

Gun Atthaphan já havia morrido muitas vezes;
Ele morreu no dia em que foi tocado pela primeira vez, naquela noite de sábado após um encontro familiar.
Morreu quando seu corpo foi queimado pelo ferro quente e o cheiro de carne putrefata dominou a casa.
Morreu quando teve seu coração partido pela primeira vez por um amor unilateral.
E morreu naquele fatídico dia 8, quando anunciaram a morte de seu abusador.

Ele se perguntava quantas mortes seriam necessárias até que ele morresse por completo. Foi quando conheceu Jumpol.

No dia quatro de outubro de 1993 Gun Atthaphan veio ao mundo. E após ter passado vinte anos assistindo a própria morte, na manhã do dia cinco de outubro lhe foi apresentado a vida.

Quando sentiu a dor da agulha perfurando sua pele enquanto os olhos escuros o encaravam com doçura, ele viveu.
Quando ouviu a pessoa por quem se apaixonou se declarar para ele embriagado, ele viveu.
Quando foi beijado com ternura e vontade por alguém disposto a acolher cada uma de suas sepulturas, ele viveu.

E agora, enquanto falava com o pai do seu parceiro, Gun se sentia mais vivo do que nunca.

"Estando ciente de como ocorrerá o processo a partir daqui. Você pretende continuar?"

— Sim.

"Eu aceito o seu caso. Vou enviar para você um documento que chegará na sua casa, quero que leia de cima a baixo antes de assinar, meu número está anexado no link que eu te enviei. Preciso que mantenha contato comigo durante o processo e me mande mensagem após ler a documentação para só então assinar."

— Nosso contato será somente por vídeo-chamada e mensagens?

"Vou comparecer durante as audiências."

— Entendi, certo.

"No documento que estou enviando, além da parte burocrática também há algumas instruções de como devemos prosseguir com o caso. Você apresentou a sua versão sobre os fatos, e a acusação é grave, a intimação será enviada e a sua mãe terá direito a um advogado. Serão questionados a ela quais provas ela tem, para incluir os documentos ou os nomes das testemunhas no inquérito, exatamente como o que eu questionei pra você. Entende isso?"

— Sim.

"Vou te passar algumas instruções sobre a sua ída ao fórum para pegar a senha daqui a alguns dias. Preste bem atenção... "

Enquanto Pravat Adulkittiporn explicava como Gun deveria prosseguir, Off Jumpol fazia um chá para seu parceiro se acalmar. Já que o menor apesar de não aparentar batia os pés sob o chão sem parar, tendo alguns calafrios repentinos atingindo seu corpo. Após alguns minutos o homem entregou uma caneca vaporosa a Gun, que se inclinou para pegar.

— É de maracujá. - Sussurrou e recebeu um sorriso.

— Obrigado.

"Gun, e sobre o processo. Peço que o mantenha em sigilo por enquanto, vamos tentar conseguir segredo de justiça para que não haja interferência de terceiros."

— Oh, tudo bem.

"Tem alguém com você?"

— Só Pa... - Gun coçou a garganta e se corrigiu - Só o P'Off.

Jumpol deu uma risadinha frouxa a qual apenas Atthaphan conseguiu ouvir, mas foi o suficiente para deixar suas bochechas avermelhadas.

"Até o momento é só isso, marcaremos outra reunião assim que o documento chegar pra você. Não vai demorar."

Gun acenou em concordância e finalizou a ligação, soltando um longo suspiro de alívio e bebendo um gole generoso do chá quente.

— Difícil?

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Where stories live. Discover now