Cicatrizes

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Off Jumpol era um homem apaixonado pelo extremo. Seu cigarro favorito eram os clássicos, aqueles sem sabor que o consumiam com amargor, sua bebida favorita era coquetel de eutanásia, e seu tipo amor favorito era aquele que ardia. Ele era atraído por tudo aquilo que poderia mata-lo.

E Gun Atthaphan, era um caos que poderia mata-lo. Mas era a onda mais baixa de seu mar bravo.

O menor estava a caminho de sua casa após um árduo dia na faculdade. O suor molhava sua testa por ter enfrentado o calor do verão, e seu corpo doía devido a cadeira desconfortável que o prendeu desde o início da manhã.

Mas quando chegou em frente a sua porta todo o seu cansaço se esvaiu, e um susto acabou o pegando de surpresa. Um homem estava encostado no batente de sua porta com os braços cruzados, ele estava vestindo uma camisa social preta com alguns botões abertos e mangas estiradas, uma calça de alfaiataria marrom e um colar delicado de ouro no pescoço, sua franja quase cobria seus pequenos olhos que o encaravam com sono.

— Papi?

— Seu curso não é matutino? Por que você chega no final da tarde?

— Eu acabei dormindo no ônibus e tive que pegar o segundo horário. O que você está fazendo aqui?

— É sexta-feira.

— Sim? - A resposta veio em tom de dúvida e Off entendeu que deveria ser mais claro.

— Eu vim te buscar.

— Me buscar?

— Karaokê.

Os olhos de Atthaphan dobraram de tamanho e seus lábios ficaram entreabertos.

— Papi, eu estou cansado. E não lembro de ter aceitado o seu convite.

— Não é mais um convite, é uma ordem. Você não tem a opção de negar.

— Como é? - O pequeno riu, mas Off continha seu sorriso na intenção de parecer sério. - Vai ser fácil assim?

— Fácil? - O homem arqueou a sobrancelha e cruzou os braços: - Você me esperou por algumas horas. Eu te esperei por uma semana e... - Ele encarou o relógio de seu celular antes de terminar sua sentença: - Cinco horas.

— Cinco horas? Está parado aqui desde as uma hora da tarde?

— Sim.

Atthaphan ficou em silêncio, a informação parece tê-lo atingido em cheio o deixando sem reação. Ele pediu para que Jumpol insistisse e assim ele o fez; Off provou que Gun valia seu tempo, e isso parece ter desestabilizado o menor.

— Eu... posso só tomar um banho e me trocar?

— Vá em frente, eu espero um pouco mais. - Ironizou seu próprio esforço.

E novamente Gun riu, destrancando a porta de sua casa e adentrando. Mas antes de prosseguir se virou:

— Não vai entrar?

— Eu posso?

— É claro que pode.

Jumpol acatou a indicação, indo em direção ao sofá onde se sentou para esperar. Enquanto ele ouvia o barulho do chuveiro, sua mente se perdia em bons pensamentos que tiravam dele sorrisos sinceros. Era sempre assim na presença do outro homem, cujo qual lhe trazia conforto.

Durante o banho, aquele mesmo sorriso também desenhava o rosto de Atthaphan enquanto passava o sabonete em sua própria pele. Seus olhos deslizavam pelas manchas em seu corpo e cicatrizes em seu pulso, elas normalmente lhe traziam tristeza ao encarar mas naquela noite nenhuma delas tinham um efeito negativo sobre ele.

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Onde histórias criam vida. Descubra agora