Convite para sair

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Já haviam passado duas horas do horário marcado, a feira de artes já havia começado mas Arm ainda esperava pacientemente olhando para o seu relógio de pulso. Cerca de vinte minutos depois, ele sentiu um cheiro familiar aproximar-se de si, era floral, mas ácido. Virando o rosto para conferir, um sorriso inconsciente surgiu no rosto do homem que sempre estava extremamente elegante.

— Pensei que não viria.

— Pensei que desistiria de esperar.

— Queria que eu desistisse?

— Pra falar a verdade, sim. - Tawan riu, mas ao menos foi sincero. - Vai me mostrar o que é uma feira de artes agora?

— Você está vestido a caráter. - Essa era a forma dele dizer que Tay estava lindo com o traje que escolheu.

— Você está... bom, você sempre parece estar vestido para um baile a rigor.

— É um elogio?

— Depende, estamos em um baile a rigor? - Tawan atuou bem perante a situação, mas logo isso foi por água abaixo e a expressão brincalhona sobrepôs a sarcástica, junto de seu sorriso gengival. - Estou brincando, você está bem vestido.

— Obrigado, senhor Tawan.

— Disponha, senhor Weerayut.

O rapaz de alfaiataria vermelha indicou o caminho e Tay o seguiu. Havia um varal de lanternas vermelhas, típicas da Ásia Oriental que iluminava o caminho. Barracas de artesanatos, cavaletes livres para pintura, pessoas grafitando o asfalto, um homem e uma mulher manuseando com maestria um violino, arena de dança, mesa de cerâmica, dentre muitos outros tipos de artes auditivas e visuais interativas para que os visitantes experimentassem participar.

— Esse lugar é o paraíso. - Tawan comentou, tocando nos artesanatos a venda.

— Eu sabia que iria gostar. Acontece uma vez por mês na avenida de Chinatown.

— Eu moro aqui a anos e nunca ouvi falar. Como é possível?

— Talvez o universo estivesse esperando que alguém aparecesse para te apresentar.

— Oh... e o universo me deu você?

— Decepcionado?

Tawan riu e deu de ombros.

— O que vamos fazer?

— Você decide.

— Vamos começar pelo que sabemos fazer. - Tawan apontou para as telas próximas ao cavalete de pintura e Arm parece ter se animado com a ideia, apertando o passo em direção a atração.

— O que vamos desenhar?

— Desenhe o que mais te chama atenção nesse lugar. Ele é muito decorado, tem uma vista linda, a composição é perfeita para dar inspiração a um artista.

— Certo, gostei da ideia.

Tay preparou seus materiais e começou o rascunho com grafite mineral, para somente quando estivesse perfeito ele começasse a pincelar. Arm no entanto foi direto na tinta, confiando em suas habilidades.

— Você não faz um esqueleto primeiro? - Tay questionou sem desviar o olhar de seu desenho.

— Eu prefiro arriscar. Pra mim a arte mais sincera é aquela imperfeita. Aquela que dá para notar que o pintor tentou esconder com mais de duas demãos de tinta, aquela que o papel está gasto por conta da borracha, ou aquela em que algo não parece estar no seu lugar. Isso nunca me incomodou, pra mim é apenas uma prova de que mãos humanas o fizeram.

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Onde histórias criam vida. Descubra agora