Insistência

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Jumpol não esperava ouvir aquilo, Gun estava tentando se aproximar. Mas ele não estava fazendo isso discretamente, talvez parte disso fosse culpa de Off não tê-lo respondido, mas ainda sim era inesperado.

— Não, eu nunca fui em um.

— Que tal você esfriar a cabeça um pouco então? Chame o seu amigo, aquele que trabalha com você. Vamos juntos, eu conheço um incrível que não é muito longe daqui.

O mais velho achou gentil a iniciativa de Atthaphan para ajuda-lo em um dia ruim. Mas aceitar tão facilmente não teria graça nenhuma.

— Está se aproveitando da nossa semelhança? - Ele indicou as tatuagens com uma falsa indignação.

— Estou sim.

— Você foi muito prestativo, isso é verdade. - Respondeu com um suspiro, olhando para o céu novamente, parecendo pensativo. - Mas se quiser sair comigo vai ter que tentar mais um pouco.

— Isso é um não?

— Talvez... - Jumpol levantou-se e levou a garrafa de vinho com ele, indo embora. - Obrigado pela bebida!

— Você se superestima demais sabia? - Ele falou alto para que Off ouvisse, mas ele apenas deu risada e continuou andando.

Apesar da resposta vazia, Phunsawat parecia completamente satisfeito. Algo em Jumpol fazia com que ele se interessasse por sua figura. Talvez realmente fosse por suas semelhanças, as estrelas que Gun admirava eram as mesmas que Off contava em suas noites nebulosas, ou podia ser algo além. O olhar frio e vazio, que encapsulava dor e angústia, mas que parecia guardar esperança, aquilo também era algo que ambos tinham em comum. - O apresso pela dor.

O dia passou rápido, Gun estava deitado em sua cama enquanto assistia seu melhor amigo provar todas as roupas de seu armário com uma indecisão óbvia.

— Sabe, eu acho que você está um pouco inseguro demais.

— Você entende o quanto isso é importante pra mim? Eu finalmente consegui bolsa para bancar esse curso de artes visuais que eu tanto queria. Tenho que estar apresentável no primeiro dia, preciso mostrar para eles o meu senso estético. - Tay falava sem parar enquanto se admirava no espelho. Mas logo se virou para encarar o melhor amigo que estava achando extremamente fofo a empolgação de Tawan. - Você já viu algum artista que se veste mal, Gun?

— Na verdade não.

— Exatamente! Porque a arte está em tudo.

— Eu só estou achando engraçado o quão ansioso você está, sendo que o curso é amanhã e não hoje.

— Mas você não vai estar aqui amanhã para eu roubar as suas roupas, vai estar com P'Off.

— ...Tay.

— Opa. - Ao notar o que ele falou, seu corpo congelou.

— Eu não te contei isso.

— Não contou? Eu tenho certeza que contou... ai! - Resmungou quando sentiu o travesseiro o atingir de forma certeira.

— Você está fuçando minha vida nas cartas. - Gun queria ficar bravo, mas ele não conseguiu conter a risada.

— Eu sei que não é nada profissional. - Ele fez bico. - Mas você não acha aquele cara chamativo? Eu queria saber se vocês continuariam tendo contato.

— Ele é bonito, sim. - Atthaphan concordou com um gesto. - Mas eu não gosto da ideia de não conseguir esconder nada de você, não olhe no tarot sobre a minha vida sem a minha permissão.

— Tudo bem, eu juro que não vou. - Ele prometeu com as mãos juntas, em seguida se virou para continuar admirando a si mesmo.

— Acha que azul combina comigo?

A noite passou dessa forma até seu fim, Tay foi uma boa distração para Gun não pensar muito no que aconteceria na manhã seguinte. De fato isso lhe causaria certa ansiedade, impedindo que ele tivesse uma boa noite de sono.

Na manhã seguinte, Tawan e Atthaphan foram acordados pelo som do despertador, o mais velho resmungou, mas Gun levantou-se rapidamente.

— Gun são 05:40 da manhã. - Ele parecia irritado, mas Phunsawat não se importou.

— Tenho um compromisso.

— Você arranjou um compromisso no domingo?

— Phi, você pode dormir mais. - Gun pegou algumas peças em seu guarda-roupa e correu para o banheiro. Assim como o vento ele não tinha tempo para conversar.

A roupa consistia em uma calça jeans comum, e uma camiseta branca. A peça chave era o longo e largo cardigã esverdeado. Que apesar de velho ainda era o seu favorito.

— Verde combina com você. - Tay apontou e Gun sorriu.

— Eu sei. - Com uma piscadela, Gun pegou uma bolsa de sua coleção, jogando tudo que precisava nela e correndo para fora.

O estúdio não ficava longe, mas se ele não se apressa-se, chegaria atrasado. Principalmente por ter demorado mais do que deveria se arrumando.

Ao entrar no estabelecimento, a postura travessa contaminava seu corpo. Quando Arm o avistou, ele sorriu, já Jumpol estava concentrado em outro cliente.

Antes que o balconista fala-se alguma coisa, Gun pediu para que ele fizesse silêncio, e devagar se sentou sob o sofá de couro preto.

— O que achou do decalque? Eu posso começar?

— Ficou ótimo! Você nunca erra. - A mulher respondeu para Off, e o mesmo sorriu de forma educada.

— Então espere só um segundo, vou reabastecer a tinta preta.

Ao se virar para ir em direção a sua estante, Jumpol deu um pulo, e Gun mostrou suas lindas covinhas para ele.

— Não lembro de ter hora marcada com você hoje. - Comentou enquanto procurava o que precisava.

— Hora marcada no estúdio não, mas tem uma pra sair comigo.

Arm ouvia a conversa sorrateiramente, e arqueou a sobrancelha quando ouviu, dando um sorriso discreto.

— Eu posso demorar aqui.

— Tudo bem, eu espero. Temos muito tempo.

— Veio aqui as seis horas da manhã em um final de semana, e vai ficar aqui até eu terminar os meus clientes, apenas para sair com você?

— Você me disse para tentar mais um pouco, não disse?

— Eu disse.

— E eu insisti o suficiente?

— Vamos ver quanto tempo você aguenta me esperar.

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Onde histórias criam vida. Descubra agora