Eu não vou embora

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Mais tarde naquele mesmo dia, Jumpol sentiu seus ombros serem sacudidos por mãos firmes. Ele estava dormindo na recepção, acabou pegando no sono esperando que Gun fosse liberado, algo que demorou para acontecer.

— Tay? - O homem piscava algumas vezes para acostumar sua vista com a luz, ele encontrou com o rosto de Tawan rente ao seu, chamando seu nome.

— Nong Gun foi liberado, você pode ir pra casa.

— Quero levar ele. - Coçou os olhos, se levantando.

— Eu posso fazer isso.

— Vá pra casa - Pediu.

Tay ficou em silêncio por alguns segundos, seus olhos fecharam-se e o rapaz respirou fundo.

— Me mande uma mensagem quando chegarem.

— Tudo bem.

Ele entregou a bolsa que segurava nas mãos de Jumpol, ela pertencia a Gun. Logo após se virou para partir, Off pegou a deixa e foi novamente em direção ao quarto em que Gun estava.

Phunsawat já havia trocado de roupa, não mais com aquele manto hospitalar. Ele estava virado de costas, mas quando ouviu a voz de Off chamar seu nome, seu corpo reagiu com um pulo.

— Papi? - Questionou com confusão.

— Como você está?

— Melhor, por que ainda está aqui? Cadê o Tay?

— Mandei ele ir pra casa, eu vou te levar de volta.

Gun ficou em silêncio, apenas processando aos poucos a informação que lhe foi concedida. Mas ele estava cansado demais para questionar, então apenas concordou e caminhou ao lado de Adulkittiporn para fora do hospital, logo após o maior pagar a conta.

— O que você falou para o psicólogo? Ele foi te visitar não foi? - Off questionou enquanto engatava a primeira marcha.

— Eu menti, disse que não tinha costume de comer muito pela manhã, aquilo foi só ação e reação. Mas no geral estava tudo bem, minhas razões para fazer o que eu fazia já não existiam mais.

Off se segurou para não perguntar o que o levou a desenvolver transtorno alimentar, mas sua expressão azeda entregou o que seu coração tentou cobrir com seda.

— Era por causa do meu pai, eu nunca tive a disforia de pensar que a magreza extrema era linda, pelo contrário. Eu pensava que se eu não fosse atraente ele pararia. - Gun revirou os olhos enquanto ria, ele estava mais sensível naquela madrugada, portanto aquele assunto parecia atingi-lo mais do que o de costume: - Uma criança tentando não ser atraente para um adulto. Que merda de mundo é esse?

Para Jumpol, ouvir isso era como sentir sal caindo em uma ferida aberta. Ou como ver de perto alguém por quem se tem apresso se ferindo.

— Você tem certeza de que é uma boa ideia ficar sozinho na sua casa hoje?

— Eu vou ter que ficar uma hora ou outra não vou?

— Mas não precisa ser agora. Pode dormir na minha se quiser, pelo menos por essa noite.

— Eu já te incomodei o suficiente.

— Se não for dormir na minha casa, então eu vou ficar na sua.

— Mas... - Gun ia continuar insistindo até ver Off arquear a sobrancelha, aquele olhar parecia ser do tipo que não se desafiava: - Pode ser na sua.

Voltar para a própria casa era realmente uma péssima ideia levando em consideração de que a memória da jóia e do momento em que seu coração se embrulhou em alumínio ainda estava vivida em seu subconsciente. Se fosse para esquecer as coisas ou ao menos tentar enfraquecer essa angústia, se hospedar na casa de um amigo parecia uma ideia mais coerente.

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Where stories live. Discover now