Cupido

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Gun sentia o vento rasgar seu rosto e um frio na barriga o tomar por inteiro. A vista dos prédios em sua volta seria a mais bela se não fosse por um único motivo: Ele estava caindo.

Era mais um de seus pesadelos com altura que estavam se tornando cada vez mais frequentes. Mas Atthaphan não reclamava, era melhor voar sem asas do que voltar todas as noites ao seu inferno particular; por sorte ou azar, seu celular tocou antes que seu corpo fosse de encontro com o chão.

Sonolento e um pouco assustado, ele se virou para tirar o aparelho da mesa de cabeceira e atender ao chamado.

"Alô? Gun, é o Arm."

"P'Arm?" - O rouco arrastado de sua voz era nítido, parecia ser cedo. - "Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?"

"Aconteceu sim. Jumpol está com você?"

Atthaphan virou seu rosto para encarar o outro homem adormecido ao seu lado, com a bochecha esmagada pelo travesseiro.

"Sim, por que a pergunta?"

"Ah graças da Deus." - Pôde se ouvir um suspiro aliviado do outro lado da linha, que deixou o menor ainda mais confuso.

"O que aconteceu, P'?"

"Jumpol saiu do bar ontem, esse filha da puta não avisou para onde estava indo e não atendeu nenhuma das minhas ligações. Estava torcendo para que ele estivesse com você."

"Ligações? Eu não ouvi o celular dele tocar ontem." - O menor se levantou da cama e caminhou até sua escrivaninha onde havia deixado o celular de Off antes de se deitar. Ao ligar a tela Gun deixou escapar uma risada sutil. - "Ele deixou no modo avião."

"Desgraçado, eu quase liguei pra polícia. Tay me convenceu de esperar amanhecer e ligar pra você primeiro. Virei a noite procurando por esse imbecil."

"Sinto muito por isso, P'Arm. Vou pedir para ele te ligar depois que acordar."

"Obrigado. Colocou ele para dormir no sofá?"

Gun se virou para encarar sua cama novamente: - "Foi."

"Ótimo, Off não merece a noite de sono que me fez perder. Quando ele acordar eu tiro ele daí, está bem?"

O menor riu baixinho e concordou:
"Certo, P'. Obrigado, ele te liga depois."

"Tchau, nong." - A ligação se encerrou e Gun colocou seu celular onde estava anteriormente, se deitando de novo.

Seus olhos no entanto caíram sob o homem adormecido. Ele trouxe a tona suas memórias da noite anterior, e por alguns segundos Gun sentiu-se arrependido por ter chegado tão perto de ter o que queria e mesmo escolher assim negar devido ao seu pouco orgulho que desejou manter intacto.

"Talvez aquela fosse sua única e última chance". - Mas isso não iria ferir só a ele como Off também, e imaginar o mais velho tão machucado quanto já estava o deixava amargo.

Enquanto ele o encarava, Jumpol lentamente abriu os olhos. Phunsawat não soube como reagir e apenas se virou para encarar o teto, fingir que estava dormindo não funcionária devido aos seus reflexos de dar pena.

— Bom dia, Lek.

— Bom dia, Papi.

— Que horas são?

Phunsawat se virou mais uma vez para alcançar seu celular, na intenção de ascender a tela.

— Sete horas da manhã.

— E a quanto tempo está acordado? - Off o encarava, mas Gun não tinha face para retribuir da mesma forma, então continuava observando a lâmpada.

— Não muito, dez minutos eu acho. - Ele respirou fundo e ignorou sua vergonha causada devido as suas próprias ações e sustentou o olhar de Jumpol. - Como está se sentindo hoje?

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Where stories live. Discover now