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Gun sempre temeu os detalhes, aqueles que mesmo pequenos moldam grandes sentimentos.
E naquela noite ele pôde observar em silêncio os detalhes de Adulkittiporn, como sua expressão mudou quando ele disse sua última sentença, como aqueles olhos o encararam buscando uma resposta, e como seu lábios se afastaram na intenção de dizer algo que nunca saiu.

— O que te faz pensar que não é?

— Eu sou só mais um cliente que apareceu no seu estúdio querendo uma tatuagem.

— Foi o primeiro e único cliente que tatuou em sua pele o mesmo desenho que eu tatuei na minha. Foi o primeiro cliente que me levou para observar as estrelas, foi o primeiro cliente que parou para escutar os meus problemas, foi o primeiro cliente que eu levei para a minha casa e deixei que dormisse ao meu lado. Então, como isso não te torna único?

Gun não soube o que responder. Ele encarou a constelação de capricórnio em seu ombro, ao qual estava coberta pelo tecido transparente de uma blusa preta. Em seguida olhou para Jumpol, e em silêncio tocou seu braço.

— Eu posso ver ela?

— A tatuagem? - Gun acenou; - Você já não a viu?

— Quero ver mais uma vez.

Off não sabia a razão, e aquilo foi confuso para ele. Mas a expressão séria e o cenho franzido de Atthaphan o impediu de querer questionar, portanto e apenas começou a desabotoar sua camiseta, apenas o suficiente para que ele conseguisse escorrega-la por seus ombros e expor o desenho.

A tintura já havia desbotado, mas continuava em destaque por conta da pele clara como porcelana. Os dedos de Gun começaram a traçar o desenho, algo naquele simbolismo o chamava atenção.

"Qual era a chance de ele ter escolhido o mesmo estúdio, a mesma tatuagem e o último horário de Off Jumpol naquele mesmo dia? Quais eram as chances dele ter encontrado o homem um dia depois no mercado que sempre costumou ir?" - Esses questionamentos vinham a tona na mente nada cética de Phunsawat.

— Você disse que tem outra tatuagem?

— Sim.

— Como ela é?

— São espinhos de uma rosa seca.

— E tem significado?

— Dor, proteção e perda. Os espinhos machucam e estão ali para proteger a rosa, porém é uma flor que já está morta, então os espinhos falharam na missão.

— E por que isso se relaciona a você?

— Porque eu falhei na missão de me proteger, e ao invés de usar meus espinhos como defesa usei eles para me ferir.

— Por quê?

— Porque eu fiquei dependente de outra rosa, e desaprendi a agir por mim mesmo. Uma flor que não respeita o próprio ciclo morre.

Naquele momento, Phunsawat percebeu que Adulkittiporn sabia. Ele reconhecia seu maior problema, então uma pergunta ecoou em sua mente, e ele a reproduziu em voz alta.

— Se você reconhece suas correntes por que permanece com elas?

— Não sei mais viver sem elas.

— E não quer aprender?

— Eu não consigo sozinho.

— Papi, onde fica a sua tatuagem?

Off subiu sua blusa, mostrando a ponta da rosa em seu quadril:
— Daqui pra baixo.

Gun sorriu e recolheu sua bolsa, fingindo tirar de lá um regador. Então despejou a água invisível entorno da tatuagem.

— Ouviu isso?

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Where stories live. Discover now