Ácido

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Tinha algo no olhar nefasto daquele homem que sussurravam segredos a Gun Atthaphan.

Enquanto o pequeno encarava o espelho, espalhando com os dedos a pomada na nova obra cravejada em seu corpo, ele pensava um pouco mais sobre aquela manhã.

Encarando o telefone equilibrado na borda da pia, Gun ligou, indo em direção a caixa de mensagens, ele discou o número, e sem pensar muito sobre isso o adicionou em sua lista de contatos. - A resposta por sua vez, não foi imediata.

A noite se dissipou sem resposta, e os olhos cansados de Gun fecharam-se horas depois.

Na manhã seguinte, quase sem disposição, o homem levantou tarde e preparou-se para começar o dia. Ainda não havia resposta em seu celular, mas existia uma notificação que ele esperou por dois dias seguidos e não apareceu. Gun conseguiu sentir o sabor horrível de ferrugem em sua garganta quando leu a mensagem.

"Feliz aniversário atrasado, querido. O presente que eu enviei vai chegar hoje, fique de olho ;)"

Três dias, passaram-se quase três dias desde o aniversário de Phunsawat. Mas seus pais nunca foram muito bons com datas. - "Quem os lembrou dessa vez? Sua irmã?" - Se questionou em silêncio.

Mas não havia tempo para lamentar sobre algo que se repetia a vinte anos. Gun resolveu espairecer indo as compras naquela manhã, comprar algumas frutas e doces para mimar seu paladar. E quem sabe passar em uma loja de roupas depois.

Chegando no pequeno estabelecimento perto de sua casa, que vendia um pouco de tudo. Atthaphan foi imediatamente em direção a prateleira de bolos secos'. - Minutos se passaram dentro do pequeno mercado, e ao passar perto da porta de vidro, Gun avisou um rosto conhecido.

Coincidentemente a mesma pessoa pela qual ele aguardava uma resposta desde a noite anterior, agora discutia ferozmente com alguém no celular. Phunsawat ousou parar o que estava fazendo para bisbilhotar um pouco o homem que andava de um lado para o outro, com as marcas de expressão fortes em seu rosto.

Alguns instantes depois ele desligou, depois de sua voz falhar, e tremular. - Ele estava chorando.

O homem que antes se sentia irritado por ter sido ignorado por Jumpol, agora sentia pena dele. - Gun sabia exatamente o que ele mesmo iria querer se estivesse nessa situação.

Mesmo depois de já ter pago suas compras, Atthaphan voltou as estantes, e tirou de uma delas o seu vinho favorito, no qual comprou e saiu da loja o mais rápido que podia.

Sentado num banco em uma praça em frente ao mercadinho, o tatuador encarava o celular com as bochechas e a ponta do nariz rosadas, ele parecia ler alguma coisa em silêncio.

— Com licença.

A voz tirou o foco de Jumpol, que olhou pra cima e viu o rosto singelo e intrometido de Gun. Ele secou seu rosto imediatamente e deu um sorriso notoriamente forçado.

— Gun.

— Off. - O menor sentou-se sob o banco de madeira e encarou Jumpol, que retribuiu o olhar.

Durante a vida, Atthaphan aprendeu algo muito precioso: As vezes uma pessoa triste precisa da sua companhia, mas não necessariamente precisa das suas palavras. O silêncio pode ser mais acolhedor do que palavras clichês como "vai ficar tudo bem", perguntar a alguém o que aconteceu quando acabou de acontecer, pode e muito provavelmente vai piorar as coisas.

Gun pegou a garrafa de vinho tinto, e um abridor que havia comprado pois sabia que não daria tempo de voltar para casa apenas para pegar o seu. Off assistiu calado, e um pouco confuso, mas isso passou quando Atthaphan estendeu a garrafa para ele.

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Where stories live. Discover now