Primeiro dia

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Era início da manhã. Os olhos cansados tiveram que enfrentar a luz do dia ao desembarcar do avião, o cheiro do café caro predominava o aeroporto mas Jumpol não ficou muito tempo por lá após recolher suas malas, aliviado em saber que nenhuma delas se perdeu pelo caminho.

Como era de se imaginar não havia ninguém o esperando no estacionamento. Então não restava nada a não ser entrar no táxi que pediu e ser levado até a casa de seus pais.

Era moderna e elegante, dois andares vistos de fora e mais espaçosa do que parecia. Em meio a um bairro nobre fora da realidade de boa parte da população daquele país. Porém, por mais bonita de fosse ainda causava calafrios e Jumpol.

Ele entrou na casa gelada, talvez o que lhe causasse incômodo fosse o ambiente tão claro e branco quanto um hospital. Não era o tipo de ambiente que causava êxtase no tatuador, muito menos o conforto que se esperaria ao entrar na casa em que cresceu e viveu.

Ele encarou a chave velha entre seus dedos e suspirou pensando em ter que usá-la novamente; pensava que não iria mais precisar desde que se mudou, porém foi inevitável.

Seus pés tocaram o interior da casa silenciosa. Era de manhã, o sol ainda estava nascendo, ninguém havia acordado, então ele apenas arrastou suas malas até onde sabia que era seu quarto e abriu a porta lentamente. O som foi mais alto do que ele esperava, parecia ser um cômodo que a meses não era aberto, mesmo assim tudo estava no lugar, e impecavelmente limpo.

"P'Moon é realmente boa." - Pensou com um sorriso suave, se jogando na cama velha, respirando fundo: Ele estava de volta, e tudo que viveu antes disso parecia ter sido uma fantasia lúcida.

Off olhou para o lado onde estava seu celular com a tela apagada, e sua mente foi teletransportada para um pequeno ser com um lindo sorriso que estava a horas de distância dele: - "Seria bom tê-lo aqui".

Dada as 07:00 horas da manhã, barulhos foram-se ouvidos na casa. Off tinha caído no sono mas foi tão leve que seus olhos abriram rapidamente ao ouvir duas batidas na porta, ele se levantou e prontificou-se a atender.

Era Moon, ele havia mandado mensagem para seu pai avisando que tinha chegado. Talvez ele tivesse pedido para a mulher vir checar; ela me recebeu com um sorriso, era uma senhora de extrema doçura.

— Você deveria descer para tomar café da manhã Khun Adulkittiporn.

— Claro. - Ele retribuiu o sorriso e desceu ao lado da empregada, foi quando encontrou seu pai na cozinha, mexendo em seu notebook enquanto tomava um café quente. Seus olhos se encontraram, mas o homem não disse nada. - Bom dia, pai.

— Bom dia, coma alguma coisa. - O filho não esperava que seu pai lhe perguntasse como foi a viagem. Ele não era muito bom em diálogos, e também não era receptivo a toques físicos, sua forma de demonstrar que se importava estava em gestos como: "Coma" "Durma cedo" "Se hidrate"

Dito isso, Off ficou feliz em ouvir aquela frase. Então se sentou com um sorriso no rosto e colocou em seu prato o que queria comer. O silêncio no entanto estava incomodando os dois, o som da torrada sendo mastigada e do teclado sendo pressionado estava mais alto que o normal, e isso fez o mais velho franzir o cenho e respirar fundo.

— O que você veio fazer aqui, Jumpol?

— Eu preciso resolver algumas coisas. - Ele se preparou para a viagem, arranjou passagens de ida e volta, pagou as contas antecipadas do estúdio e encontrou alguém de confiança para garantir que sua casa não acumulasse teias de aranha, fez suas malas e arrumou sua agenda. Mas não se preparou para ter uma conversa com seus pais.

— Está com problemas no estúdio de tatuagem? Eu falei que não era uma boa ideia se mudar para tão longe.

— Não é tão longe, pai. E eu estou conseguindo lidar bem com as coisas, não estou tendo problemas financeiros, consigo manter uma boa frequência com a clientela e estou pensando em entrar para um curso de desenhos afim de aprimorar o meu traço. Eu sei que o senhor não confiou em mim no início, mas eu prometo que está tudo bem.

Quando nos Vênus, te juro a Marte - Offgun Where stories live. Discover now