Capítulo Quatro // Heart attack

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Segunda-feira.

Não sei exatamente o que movia meus pés e fazia meus olhos buscar por Enola entre os alunos. Não, estou mentindo. Sei exatamente o que estava me fazendo querer jogá-la na parede e gritar com ela: minha raiva.

"Tenho que falar com você", faço o favor de avisar a ela, mesmo que, considerando a minha raiva, eu não deveria nem ao menos informar!

Enola me olha por alguns segundos, então nega com a cabeça e continua tentando empurrar aqueles livros no armário.

"A senhorita perfeitinha que tinha notas boas e é excelente em tudo não sabe organizar o próprio armário?", caçoei. "Que decepção!"

Enola continuou me ignorando. Aquilo só estava piorando a situação dela.

"Tenho que falar com você", digo novamente. Dessa vez ela desiste de me ignorar.

"Você não tá vendo que agora não dá?", bufa, parecendo querer desistir. Reviro os olhos e ponho minhas mãos em sua cintura antes de puxá-la para trás, a afastando do armário. Tive a leve impressão que seus músculos se tensionaram, mas ignorei, não fazia sentido.

Coloco minhas mãos para segurar os livros, e começo a retirar o maior dele quando Enola surge ao meu lado.

"Não pedi a sua ajuda.", de soslaio, vejo-a de braços cruzados, completamente irritada.

"Depois de ter feito o meu irmão se decepcionar e ficar triste, eu deveria era arremessar esse livro na sua cabeça.", isso faz o vermelhidão do seu rosto se suavizar.

"Eu mandei uma mensagem pra sua irmã dizendo que não ia."

É a minha vez de ignorá-la. Em toda a minha vida, era eu quem a deixava irritada, tirava ela do sério, mas dessa vez eu tinha todo o direito de ficar brava!

Enola suspira.

"Eu tive que cuidar de uma pessoa importante."

"E meu irmão não é importante?", rebato. "A cada vez que você abre a boca pra se explicar, acaba piorando tudo."

"O que você quer que eu faça então?", abriu os braços de forma dramática. Ela era realmente uma atriz, a melhor entre as melhores, eu diria. Mas não era hora de elogiá-la mentalmente.

Mantenho minha respiração estável e me forço a permanecer fria.

Sem pensar duas vezes, retiro minhas mãos que segurava os livros. Vejo todo eles cair aos seus pés. Nos seus pés.

"Idiota!", xinga baixinho com as mãos cerradas ao lado do corpo. Prendo minha respiração e me aproximo dela, meu rosto a apenas alguns centímetros do dela. Ela engole em seco.

"Quando você segura algo que tem valor para outra pessoa, o mínimo que você pode fazer é não deixar cair. Você deixou, e eu também.", me afasto e mantenho minha respiração estável, mesmo sentindo as malditas marteladas. "Você reclamou de mim pro dono do condomínio, não posso mais jogar, até aí tudo bem. Você criou expectativas no meu irmão só pra depois não ir, e isso... isso não tá tudo bem", empurro o livro pesado que estava em minhas mãos contra seu peito. "Agora vê se arruma essa bagunça."

Dou as costas para ela e começo a me afastar dela, quando ouço:

"Eu odeio você."

Sorrio para ela, mesmo ela vendo. Não quero saber o que vou encontrar se me virar.

"É engraçado isso, sabia? Você me odeia porque eu sou a única pessoa que não passa a mão na sua cabeça."

E com isso, eu a deixei ali. Não a vi pelo resto do dia, porque ela simplesmente não assistiu o restante das aulas.

Enmity [Enemies to Lovers]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant