Capítulo Treze // Three unspoken words

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Sexta-feira.

Desço as escadas com cuidado para não acordar Miles e Lennon que dormiam no colchão na sala. Entro na cozinha e me deparo com uma cena incomum: minha mãe de robe vinho com renda preta, encarando uma xícara de chá. Ela parecia perdida em pensamentos.

A cena era muito estranha e incomum para ela, portanto, decidi interromper seus pensamentos:

— Não foi caminhar hoje? — vou até o armário e pego uma xícara onde coloco meu café e me sento à sua frente.

— Não tive ânimo. — respondeu antes de levar a xícara aos lábios.

— Ter uma vida saudável não é questão de ter ânimo ou vontade, é questão de disciplina.

Minha mãe me encara.

— Quem te disse isso?

— Você. — a minha afirmação lhe custou uma revirada de olhos.

Abro um sorriso satisfeito e começo a preparar meu misto, e durante esse tempo ela fica estranhamente... quieta.

— Mãe, o que tem de errado com você?

— Eu só estava pensando: as aulas terminam daqui há quatro meses, e eu queria poder aproveitar que Lennon e Miles estão aqui para poder cuidar de você.

Paro o que estou fazendo e a encaro.

— Como assim cuidar de mim?

— Bem... eu estava pensando em passar minhas férias no Japão.

— Japão? — dei uma mordida enorme no meu misto, que faz minha mãe me olhar como se eu tivesse ofendido todos os bons modos do mundo. — Sozinha?

Percebi seus olhos saírem de mim e voltar para a xícara que ela levou à pia.

— Essa é a ideia. Só preciso saber se você vai ficar bem sem mim, Enola. — encostou na pia e apoiou as mãos lá.

Dei alguns passos em direção a ela e a abracei.

— Se Miles não me deserdar da família, eu irei ficar bem.

— Ele com certeza tentará. — beija o topo da minha cabeça e alisa meu cabelo. Derreto-me ali. — Você é a minha filha favorita.

— Mãe, eu sou sua única filha. — murmuro, minha voz saindo abafada pelo abraço. De repente, uma ideia me ocorre, me fazendo sair de seu abraço em um pulo. — Eu sou sua única filha, não é? Não tem nenhuma Eloisinha ou Eloisinho ai dentro não, né?

— Ai, Enola, claro que não! Fechei a fábrica faz anos! Só você já basta, obrigada.

Relaxo meus ombros. Era bom que não tivesse mesmo, eu não queria ter que dividir.

Mesmo gostando da ideia dela ir para o Japão - porque, sinceramente, essa mulher precisa de férias -, eu percebi algo diferente nela.

Um diferente bom.

Sábado.

Joguei minha última peça de roupa sobre a cama e encarei a bagunça que eu havia feito para achar apenas uma roupa.

Sinceramente, eu tinha que aprender a procurar algo sem colocar meu quarto de cabeça pra baixo.

"Se Taylor estivesse aqui, ela teria te ajudado.", uma parte do meu cérebro diz.

Taylor. Só de pensar em seu nome meu peito se apertava. Ela havia se afastado de mim porque eu reconsiderei a amizade de Anne. Justamente com quem irei sair hoje.

Enmity [Enemies to Lovers]Where stories live. Discover now