Capítulo Trinta e Quatro // You're welcome, honey

1.2K 119 192
                                    

[N/A]: ATENÇÃO, VICTORIA.

Dedico esse capítulo a você, porque você é linda, e fica ainda mais linda quando sorri.
(E isso já é motivo o suficiente.)

Muito obrigada por existir.

(Nem parece que a gente se dá vácuo por um mês.)

Sexta-feira.

Me levanto e não vejo Becky na cama. Tomo um banho e não escuro um piu de April reclamando das roupas sujas da outra garota espalhadas pelo quarto. E o mais estranho: escovo os dentes e não sinto o cheiro de maconha matinal.

Em dois meses que eu estou aqui, essa é a primeira vez que eu acordo respirando o oxigênio puro.

O que porra estava acontecendo?

"April. Acorda.", sacudo a garota tão agressivamente que suspeito que tenha descolado uma tensão de seu ombro.

"Ai, o que é?", resmunga e tira a máscara de rosto para poder enxergar. Seus olhos semicerrados mira a cama de Becky, como se olhar para aquela direção fosse a primeira coisa que ela fizesse ao acordar. "Cadê aquela maconheira?"

"Era exatamente isso que eu ia te perguntar."

"Ela não dormiu aqui?", calçando as pantufas - porque, sim, essa garota usava pantufas de coelhinho -, April percorreu o quarto até o banheiro. Ao não a encontrar, voltou. "Ela não dormiu aqui."

"Ou saiu bem cedo. Tenta ligar pra ela.", indico o celular sobre a mesinha e coloco a mão sobre a maçaneta. "Se ela atender, diz que eu estou procurando-a."

Não era possível que Becky tivesse saído sem que eu ou a aloprada da April não víssemos. Levo a sério a suspeita que ela não dormiu no dormitório esta noite, mas a possibilidade de ela ter dormido em um lugar de qualidade questionável me apavorava muito, quase como se estivesse sendo baseado em um sentimento protetor.

Afinal de contas, tirando todas as coisas erradas que ela fazia e que a fazia se sentir adulta, Becky tinha apenas 16 anos. Ela era uma garota prodígio sem querer. Invés de corromper o seu cérebro, a maconha a deixava ainda mais inteligente. Era incrível.

O que eu sentia agora se igualava ao mesmo que eu senti quando Schneider me mandou aquela mensagem sem nexo, completamente bêbado.

Mais tarde, descobri o que ele estava falando. Schneider chegou em casa de madrugada, um pouco antes de eu ter deixado Enola no dormitório dela, e me disse de um jeito que partiu o meu coração... Schneider havia descoberto que Avery era estéril, após passar meses dizendo que queria ter um filho com ela e ela nunca chegou a contá-lo que esse sonho era biologicamente impossível.

Ele não se sentiu mal por não realizar um sonho, ele se sentiu diminuído por ela não o confiar aquele segredo e deixá-lo acreditar que um dia seria possível.

Eu entendo os dois, entendo o que ela deve ter sentido, mas conheço Schneider o suficiente para saber que ele iria se ressentir disso por um tempo. Um tempo longe de tudo, principalmente de pessoas que ele conhecia bem. E isso, por mais que me doesse, me incluía.

'Tudo bem', digo para mim mesma. É o que eu tenho feito desde que ele disse que se afastaria das redes sociais por um tempo para digerir.

Se ele estava assim, não consigo nem imaginar como Avery estava se sentindo.

Mas ela também havia sumido.

Estava tudo mudando.

"Maconheira!" a chamo como se fosse uma acusação. No jardim do lado de fora, não havia ninguém para escutar. "Por que não está dormindo, fumando, ou seja lá o que você faça durante a manhã?"

Enmity [Enemies to Lovers]Onde histórias criam vida. Descubra agora