Enmity [Enemies to Lovers]

Capítulo Vinte e Dois // Who will be?

Quinta-feira.

Sabe qual é a melhor parte do ano letivo? É que ele acaba.

Percebi isso quando terminei minha última prova oral com a professora de geografia, que não era muito difícil já que ela dava respostas sem perceber. Sinceramente, as pessoas têm sorte por eu não me interessar pelo ensino, caso contrário estariam no inferno.

Pensando bem, eu ia amar sentar na cadeira e ver todo mundo chorando. Consigo me ver abrindo um sorriso tal como o gato de Alice no país das maravilhas, por mais que eu prefira chamar aquele filme de Alice no país da overdose.

"Olha só quem decidiu sair do quarto...", ouço a voz de Chiara assim que ponho meu pé no corredor. "Minha prima favorita!"

"Tenho certeza que Nora ficaria magoada, mas, pra sua sorte, não vou contar pra ela.", forço um sorriso e tento passar por ela, no entanto, Chiara se move de uma elegante e discreta até tapar o corredor.

Embora eu seja muito maior do que ela, eu sei que um passo errado e ela pode contar tudo que aconteceu entre a gente para seu tio, Arlen. E tudo que menos quero é ter que lidar com a minha tia no meu pé. Ela já era um saco sem motivo algum, imagina se tivesse motivo.

Me arrepio só de pensar.

"Vi que a sua namorada teve que ir embora.", desce seu olhar pelo meu corpo. "É uma pena que eu não tenha com quem conversar."

"Tenta uma parede."

Ela ignora minha fala.

"Arlen te contou que eu vou assumir a presidência da Caliari assim que eu completar dezoito anos?"

"Não, ele não contou. E eu estaria tão interessada quanto estou agora."

Chiara tinha muitos defeitos, e um deles era achar que a nossa família se sustentava pela empresa de Arlen. Agora entendo porque Nora não quis aceitar um centavo sequer deles.

Isso era o que eu mais detestava nela: achar que podia conseguir as coisas provando do poder que ela nem chegava a ter.

"A gente tinha planos, lembra? Eu ia assumir a gente assim que a empresa fosse passado pro meu nome. E eu ainda acredito que isso vá acontecer, Amy, assim que você se cansar de bancar a namoradinha da americana."

Meus dedos se apertam e sei que minha expressão acabou entregando a minha perda de controlo, pois Chiara deu um passo para trás.

"Enola, o nome dela é Enola.", avanço em sua direção. Ela vai para a direita com maestria, acreditando que eu iria avançar pelo corredor. Ela percebe que estava errada quando eu a empurro contra a parede. "Se refira a minha namorada mais uma vez e eu vou fazer muito mais do que te deixar com medo."

Desço meu olhar para seus lábios pressionados e a solto. Talvez eu tenha passado dos limites, mas não me arrependo de nada.

Ninguém a ensinou a ter limites, e eu não me importaria de ensinar. Basta que ela toque no nome da minha namorada.

E algo me dizia que essa não seria a última vez.

Sexta-feira.

Meu pequeno universo: Falta só quatro semanas.
Meu pequeno universo: Toda vez que preciso focar em alguma coisa, eu lembro que você vai estar aqui em um mês.

Eu: Quanto tempo falta exatamente?

Meu pequeno universo: Setecentos e quarenta e quatro horas.

Eu: Quarenta e quatro mil, seiscentos e quarenta minutos.
Eu: Você está contando as horas, eu estou contando os segundos.
Eu: Acho que eu tô ganhando.