Capítulo Vinte e Nove // Across the street

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Sexta-feira.

No dia em que eu entendi o que era o ódio, sabia que era isso que eu sentia por Amy. Era um sentimento simples, eu nunca precisei me esforçar para odiá-la. Só... estava lá. Um sentimento tão forte que eu não me dei conta que poderia se tornar outra coisa.

No dia em que eu entendi o que era o amor, também soube que era isso que eu sentia por ela. Amor e ódio em uma só pessoa. Mas ao contrário do ódio, o amor não era um sentimento tão simples, ele requeria paciência e muita maturidade. Eu gostaria de dizer que o amor suporta tudo, mas eu estaria mentindo.

O amor apenas suporta o que a nossa mente conseguia entender.

E eu não entendia.

— Eu amaria saber que a minha namorada seria capaz de matar pra me proteger. — Daisy solta aquelas palavras enquanto ajuda Taylor com a massa do macarrão, porque a minha amiga não comia massa de supermercado, ela mesma fazia a dela.

Uma vez eu perguntei porque ela não gostava de massa pronta e a resposta foi puramente Taylor: “Minha descendência italiana me ensinou que a comida é uma forma de amor... e eu me amo. Muito.”

E então ela me explicou os processos industriais que o macarrão passava e eu escutei tudo atentamente enquanto comia o meu miojo.

Isso foi ontem.

Não, eu não preciso que você me diga que miojo faz mal. Taylor me lembra disso todos os dias desde que eu terminei com Amy. Um dia desses ela me disse que ouvir Taylor Swift era uma forma linda de sofrer, mas comer miojo era quase como querer morrer.

E ela tinha razão.

— Ainda bem que eu não vou precisar matar ninguém pra te proteger. — minha amiga diz.

— Por que não?

— Porque daqui que eu perceba que eu tenho que matá-la, você já vai ter enterrado o corpo.

Daisy solta um assobio.

— Touché.

Me inclino sobre a bancada da minha casa e enfio o dedo no sorvete que Daisy estava comendo.

— Tenha educação, Lockhart! — resmunga e puxo o pote para perto de si.

Ignoro-a.

— Taylor, você mataria por mim?

— Claro que não. Não vou perder meu réu primário com alguém que eu nunca vi nua.

Meu queixo caiu.

— Como é que é?

— Que foi? Ficou ofendida? Eu tenho que ter alguma imagem pra pensar na prisão. É questão de manter a sanidade mental, nada a ver com o fato de ver o seu corpinho mixuruca.

Corpinho mixuruca?

— Corpinho mixuruca? Quem tem um corpinho mixuruca?

— Você. — Daisy responde por ela.

Crispo meus olhos na direção delas.

— Vou te mostrar o corpinho mixuruca! — me afasto da bancada e começo a abrir os botões do meu pijama enquanto jogo as pantufas para um canto qualquer da cozinha. Tiro a parte de cima e fico apenas de top e quando enfio meus dedos na barra da parte de baixo, ouço um pigarro.

Me virando para a porta da cozinha, avisto minha mãe parada com os braços cruzados na altura do peito, usando apenas um short de academia preto e um top de bojo.

— Minha cozinha virou local de strip-tease?

— Tecnicamente é um lugar para se comer, então... — Taylor continuaria mas bastou um olhar certeiro da minha mãe para fazê-la se calar.

Enmity [Enemies to Lovers]Where stories live. Discover now