Capítulo Dez // Cat's bed

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Segunda-feira.

Tinha duas semanas e dois dias que Schneider me convenceu a sair com Daisy para que ele pudesse sair com Avery.

Primeiro preciso te dizer que foi um desastre do tipo "desculpa ter derramado minha bebida na sua blusa" até "tentei te beijar e você desviou, agora estamos em um clima tenso". No entanto, tem coisas piores do que isso.

"Amy, eu já chequei esse trabalho duas vezes.", Schneider bufou. "E vou te dizer o que eu te disse nas outras duas vezes: esse trabalho está ótimo, muito melhor que o meu, pra ser sincero."

Eu ainda não estava convencida.

"Acha que é o suficiente pra fazer Enola passar?", eu nem estava mais preocupada se eu iria passar. Enola era minha prioridade.

"Pela terceira vez, sim."

Suspirei e aceitei aquela resposta. Tirei o pen-drive do computador do colégio e apertei-o em minha mão enquanto procurava pela professora Sharma. Acabei encontrando-a na sala dos professores. A mulher negra se levantou e veio até mim. Engoli em seco e entreguei o pen-drive pra ela.

"Então você fez mesmo o trabalho sozinha, não foi?", eu poderia jurar que havia uma pequena sombra de um sorriso orgulhoso em seu rosto.

"É, fiz... não era justo que ela perdesse mais uma unidade por minha causa.", dei de ombros como se não fosse nada demais, porém ela e eu sabíamos que eu não era o tipo de pessoa que faz favores ou liga para alguém.

Ela notou meu constrangimento.

"Por mais que você tenha sido a última a entregar, vou avaliar o trabalho de vocês primeiro e vou mandar para a professora de teatro."

O resultado dos aprovados para fazer o teatro desse semestre sairia hoje, e isso ajudaria Enola. Assinto para a professora e a agradeço. Saio dali com o coração ansioso para saber se valeu a pena. As chances de Enola, se ela passasse no trabalho de literatura com nota máxima, seria de cinquenta porcento. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, só esperar.

Na sala, avisto Schneider conversando com Avery e Daisy, ao me notar, acena e indica a cadeira atrás de mim. A sala estava meio cheia mas eu não estou tão desesperada para sentar na cadeira de Enola, prefiro o chão.

"Vai passar ou vai ficar na porta?", assusto-me ao ouvir uma voz atrás de mim. Imediatamente sinto as palpitações, a aceleração do sangue em minhas veias e a respiração falhar.

Antes de respondê-la, meus olhos descem para sua perna.

"Você tá andando.", observo, incrédula.

"Não graças a você.", mesmo com essas palavras, há um sorriso singelo em seus lábios. Meu olhar é facilmente atraído para eles. "Eu tava falando sério quando perguntei se você ia continuar na porta."

Reviro os olhos e enfio minhas mãos no moletom vermelho.

"Quer vir me tirar?", por favor, aceite, quero ter certeza que você é real.

Enola não responde, apenas me olha por alguns segundos. Algo dentro de mim começa a pedir por seu toque, nem que fosse um tapa! Eu aceitaria qualquer coisa que ela estivesse disposta a me oferecer.

"Nossas conversas nunca vão deixar de sair da quarta série.", ela comenta.

"Isso te incomoda?"

"Não.", nega com a cabeça e se próxima um pouco. "É algo pra chamar de 'nosso'."

Você não pode mexer com todo meu corpo dessa forma, Enola.

"Mas é sério, eu preciso passar." , ela indica a porta e eu abro espaço para que ela passe. Quando isso acontece, sua mão acaba tocando a minha... o que é algo bem estranho, já que eu abri espaço o suficiente.

Enmity [Enemies to Lovers]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora